O Presidente dos EUA assinou na segunda-feira a lei que prevê um aumento no orçamento de Defesa para 2022 e reflete a nova política de Washington de esquece o Afeganistão e concentrar os esforços na China e na Rússia.

A Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA, na sigla em inglês) que prevê gastos de 768 mil milhões de dólares (cerca de 680 mil milhões de euros), tinha sido aprovada em 15 de dezembro pelo Senado norte-americano, com 89 votos a favor e 10 contra.

O projeto inclui um aumento de 24 mil milhões de dólares (cerca de 21 mil milhões de euros) a mais do que Biden tinha pedido para o Pentágono e representa um crescimento de 5% em relação ao ano anterior — um aspeto que irritou a ala progressista do Partido Democrata, que queria cortes no orçamento de Defesa após o fim da guerra no Afeganistão.

A medida inclui 7,1 mil milhões de dólares (cerca de 6,3 mil milhões de euros) para melhorar a capacidade das Forças Armadas dos Estados Unidos no Oceano Pacífico, com o objetivo de fazer frente à ameaça da China e, além disso, destina 300 milhões de dólares (cerca de 265 milhões de euros) para a aliança militar com a Ucrânia contra a Rússia.

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Como todos os anos, esta medida acomoda ainda um aumento salarial para as tropas, que desta vez será de 2,7%.

Além disso, a proposta já assinada por Joe Biden estabelece a criação de uma comissão independente para avaliar a guerra no Afeganistão, a mais longa da história dos Estados Unidos e que Washington encerrou com a evacuação das suas tropas, em agosto.

A iniciativa inclui mudanças no sistema judicial militar para que crimes de abuso sexual saiam da cadeia de comando e sejam avaliados por advogados militares de caráter independente, o que representa uma mudança radical em relação à posição tradicional do Pentágono.

Por outro lado, a proposta aprovada não inclui uma emenda que teria forçado as mulheres a responder a uma convocação, nem contém uma disposição para Biden impor sanções às empresas envolvidas no gasoduto Nord Stream 2, que visa transportar gás natural russo para a Alemanha e permite que o Kremlin contorne a Ucrânia.

Também saiu do texto original uma proposta para limitar o poder que os presidentes dos Estados Unidos têm de usar a força contra possíveis inimigos – uma capacidade que cabe constitucionalmente ao Congresso, mas que foi parcialmente transferida para a presidência após os ataques de 11 de setembro de 2001, e que permanece na Casa Branca.

O orçamento de Defesa é geralmente aprovado a cada ano, com o apoio de ambas as partes, mas este ano o processo foi mais complicado devido aquelas propostas, que acabaram por ser rejeitadas.