A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) disse, sexta-feira, que está a receber declarações de exclusão de responsabilidade e alertou para as Unidades de Saúde Pública à beira do colapso.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) disse continuar a expressar “preocupação” com o número excessivo de tarefas e horas de trabalho pelos médicos em saúde pública e alertou para a “escassez de recursos disponíveis” para os casos diários de infeção por Covid-19 e tarefas descontextualizadas neste período pandémico.
Segundo a mesma entidade, no concelho de Coimbra, na terça e na quarta-feira, os médicos de saúde pública receberam 824 novos processos para inquérito epidemiológico.
No final do dia de quarta-feira, aguardavam o “primeiro contacto mais de 600 pessoas” que testaram positivo à Covid-19.
Neste contexto, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos tem recebido vários pedidos individuais de exclusão de responsabilidade, visto que os especialistas em saúde pública estão a reportar o funcionamento “anómalo dos serviços, perante tão desgastante trabalho”.
“Os médicos de saúde pública estão no limite. É urgente uma intervenção por parte da Administração Regional de Saúde do Centro e do Ministério da Saúde”, sublinhou o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, citado numa nota de imprensa deste organismo.
“Se somarmos a todas as dificuldades de quem vive e trabalha em permanente estado de emergência devido à Covid-19 (ao efetuar centenas de horas suplementares, sem direito a tolerâncias de ponto e sem efetivo descanso semanal) é preciso lembrar que os médicos de saúde pública continuam a dar resposta a outras patologias, tais como os casos de doença invasiva pneumocócica, salmoneloses, hepatites, tuberculose, doença dos legionários, etc”, acrescentou.
“É incompreensível como o Ministério da Saúde tenha abandonado, desta forma, estes colegas médicos que continuam a fazer um trabalho inexcedível. Muitos dos novos casos estão a ser contactados com dias de atraso e muitos outros nunca chegarão a receber um contacto da autoridade de saúde. É gravíssimo”, afirmou Carlos Cortes.
Carlos Cortes acrescentou que o trabalho que está a ser exigido, “além de desumano”, não acrescenta uma “mais-valia para combater esta pandemia”.
Relativamente à Covid-19, os médicos de saúde pública identificam todos os novos casos, inserem os casos novos em bases de dados elaboradas por eles, realizam inquéritos epidemiológicos, acompanham a evolução do estado de saúde do caso de alto risco, emitem credenciais para testes, entre outras tarefas.
Cortes disse ainda que a situação no agrupamento de centro de saúde do Baixo Mondego é “muito complexa”, já que, “desde há um ano, já se reformaram médicos especialistas de saúde pública, outros rescindiram contrato, e nos últimos meses, diminuíram as ajudas por parte dos médicos de formação geral e por parte dos estudantes de enfermagem e medicina que em janeiro e fevereiro de 2021 estiveram a colaborar com as equipas de saúde pública”.