A goleada do FC Porto no Jamor depois de o Belenenses SAD ter ficado reduzido a dez pouco depois da meia hora inicial pelo segundo amarelo a Sithole acabou por tornar-se quase natural, mas o percurso da equipa, por mais que as vitórias possam parecer naturais, entronca cada vez mais num caminho talhado para bater registos no clube e que, para já, coloca a equipa na liderança isolada do Campeonato com 50 pontos em 54 possíveis em 18 encontros e com mais nove em relação a um dos candidatos, o Benfica.

Artistas há muitos mas o pé esquerdo de Fábio Vieira é uma obra de arte (a crónica do Belenenses SAD-FC Porto)

“É certo que a distância começa a alargar-se um pouco para o terceiro classificado mas é uma falsa questão que mostra que é preciso estar sempre alerta, da mesma forma que escalamos para exibições fortes também podemos cair a pique. Basta um jogo, basta uma semana e temos de ter noção daquilo que fazemos”, frisou Vítor Bruno, adjunto de Sérgio Conceição que mantém a senda 100% vitoriosa quando substitui o líder no banco, na zona de entrevistas rápidas da SportTV, a propósito de novo empate dos encarnados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Com 16 vitórias e dois empates à 18.ª jornada, este FC Porto leva o segundo melhor registo de sempre do clube, igualando com um saldo de mais dois golos a época de André Villas-Boas em 2010/11 e ficando só atrás do percurso de Miguel Siska na longínqua temporada de 1939/40 com 17 vitórias e uma derrota. Ao todo, os azuis e brancos somaram o oitavo triunfo consecutivo em todos os jogos oficiais, o 13.º olhando apenas para o Campeonato, e está apenas a nove partidas de igualar a maior série sem derrotas na Liga alcançada nos anos de 2011 e 2012 com Villas-Boas e Vítor Pereira. Tudo numa noite em que Luis Díaz tentou de tudo para marcar e igualar Darwin Núñez na lista de melhores marcadores mas até uma grande penalidade falhou, algo que Vítor Bruno até analisou entre elogios como algo “bom”.

“Há poucas palavras para caracterizar o Luis, vocês da comunicação social também falam disso. Tem um talento imenso, a forma como ele comunica com a bola acaba por ser quase poética. Se calhar para nós até pode ser bom que tenha falhado o penálti, pode ser que tenham visto e seja uma razão para não o levarem…”, comentou, tendo como contexto o propalado interesse de clubes ingleses no colombiano. E as palavras elogiosas não se ficaram por aqui, tendo chegado também a Fábio Vieira, Francisco Conceição e Bruno Costa, jogador que voltou a ser titular fora da sua “posição” e saiu ainda antes do intervalo.

“Era um jogo num campo tradicionalmente difícil para nós, nos últimos anos tivemos sempre algumas dificuldades para ganhar aqui, contra um adversário que, jogando em casa com 11 jogadores, apenas por uma vez tinha perdido por mais do que um golo de diferença, o que revela a realidade que a equipa tem e também estamos num momento em que as equipas mais mergulhadas na tabela tentam tudo para colocar a cabeça de fora. O Belenenses SAD entrou com uma agressividade forte, tivemos algumas dificuldades em perceber como podíamos reagir a essa abordagem, sofremos um golo a abrir mas depois do primeiro lance de perigo por volta dos 25 minutos foi sempre a crescer”, começou por analisar.

“Conseguimos empatar o jogo, na segunda parte fruto da vantagem numérica percebemos e reconhecemos onde teríamos os espaços para ferir o adversário e naturalmente foram aparecendo as oportunidades e os golos que, a meu ver, acabam por traduzir aquilo que se passou no jogo. Se a expulsão facilitou? Sim mas as regras são para cumprir, é uma coisa que a nós não nos diz respeito. Se calhar as faltas acontecem porque tentam travar jogadores de enorme talento, o Fábio percebe o jogo como poucos percebem, e falo nele porque a falta foi sobre ele, vê nestes momentos em que vai a jogo um espaço onde pode representar toda a sua máxima criatividade e os nossos adversários têm comportamentos como vimos”, acrescentou.

“O Francisco [Conceição] entrou muito bem, quem entrou esteve muito bem. O Francisco é um acelerador nato, com bola cria sempre dificuldades, é um jogador irreverente, que não se esconde e que procura situações 1×1 e nasce de um ação dele o golo do 2-1. Mas não foi só ele. Às vezes custa quando temos de mexer, quando temos de tirar alguém na primeira parte é sempre duro para um treinador… Já tinha acontecido isto com o Bruno [Costa] em Alvalade em que saiu antes do intervalo como titular e merece uma palavra da nossa parte porque tem sido um profissional exemplar. Nós no nosso balneário vivemos muito de relações, de empatia, de sinergias muito fortes e os colegas percebem que, num momento difícil como este, o Bruno merece uma palavra da nossa parte. Cresceu muito no último ano e meio, dois anos, com o nascimento do filho também cresceu e é justo ter uma palavra da nossa parte depois do que aconteceu”, destacou ainda Vítor Bruno após o encontro que acabou em festa entre os azuis e brancos.