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"Comandante Ventura" vestiu camuflado e prometeu pensão de 200 euros para ex-combatentes

Este artigo tem mais de 2 anos

Tudo em nome dos ex-combatentes e da "tradição". Num dia, Ventura substituiu duas vezes o blazer que nunca larga, primeiro por um casaco oferecido num almoço e depois para agradar à população da Póvoa

André Ventura, presidente do Chega
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André Ventura, presidente do Chega

André Ventura, presidente do Chega

“Nunca mais venho ao Porto, já estou cheio de fominha.” A frase é difícil de se ouvir na Invicta e até soa a ofensa para quem por cá vive. Mas já passava uma hora e meia do momento previsto para o arranque do almoço com ex-combatentes, na Confeitaria Império, no Porto, quando se ouvia o desabafo de Fernando Pina. A hora de militar é para cumprir, mas há também uma hora André Ventura nesta campanha e, desta vez, a logística de buffet atrasou ainda mais o processo.

Apesar da espera, os ex-combatentes — que segundo Jorge Pereira, coordenador nacional do Chega na área da Defesa, sugeriram o almoço — tinham um presente para o líder do Chega: um casaco camuflado com o nome de André Ventura inscrito. Despe blazer, veste casaco: “A partir de agora, comandante Ventura”, atirava entre risos para quem estava por perto.

Houve quem não gostasse e se sentisse ofendido com a imagem. Mais precisamente Francisco Rodrigues dos Santos, que faz questão dizer que frequentou o Colégio Militar, e que criticou o presidente do partido nacionalista: “O uniforme e os restantes símbolos militares são para quem os mereceu, os percebe e os respeita. Se há quem não o entenda, isso são outros carnavais.” Todavia, ficou sem resposta de Ventura: “Para mim os ex-combatentes são mais importantes do que isso, não respondo a disparates.”

(Rui Oliveira/Observador)

Depois do almoço, havia promessas para deixar aos ex-combatentes naquele que diz ter sido “o dia mais importante e marcante da campanha”. O objetivo é “recuperar a dignidade” dos ex-combatentes e “corrigir uma falha histórica gravíssima”.

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Para que tal aconteça, e a contar com a força de ser terceira força política, André Ventura prometeu uma “pensão mensal de 200 euros no mínimo” — que será extra à proposta da reforma mínima garantida equivalente ao salário mínimo nacional que está no programa do Chega.

Além disso, o presidente prometeu ainda acesso gratuito ao Hospital das Forças Armadas para os ex-combatentes e respetivas famílias e o repatriamento dos “três mil cidadãos portugueses que estão enterrados em terras do Ultramar”.

(Rui Oliveira/Observador)

Já sem casaco camuflado, André Ventura chegou à Póvoa de Varzim, distrito do Porto, e vestiu uma camisola poveira para mostrar que com o Chega “a tradição e a identidade são para manter”. Na maior arruada desde o início da campanha — ainda com mais gente do que em Braga — dezenas de pessoas tentaram aproximar-se do líder do Chega, tocar-lhe, falar com ele. E por tudo isso esta transformou-se na ação de campanha onde se notou mais a força imposta pela segurança pessoal do líder do Chega para controlar a situação.

No meio da confusão instalada, André Ventura desvalorizou o facto de receber “ameaças todos os dias” e de existirem situações de insultos nas ruas. “Há situações de maior tensão, mas penso que há em todas as campanhas, exceto aquelas que ninguém quer saber. Há muito apoio, também há muita ou alguma contestação e acho que tem de ser assim. Grave é quando se passa para a ameaça e para o insulto”, referiu.

O tema voltou a aparecer no balanço feito aos jornalistas uma semana depois do arranque oficial da campanha, com Ventura a comparar a atual campanha com a das eleições Presidenciais e garantindo que tem sentido menos “hostilidade” nas ruas.

(Rui Oliveira/Observador)

“Sente-se uma diferença forte em relação às Presidenciais, em relação à atitude, à abertura , mesmo à hostilidade. Nas Presidenciais vimos todos os dias contra nós, agora há hostilidade, mas é parte da democracia e não é significativa face aos números do apoio que encontramos nas ruas”, começou por referir o líder do Chega, depois de dois dias em que foi possível ouvir insultos como “racista ou xenófobo” dirigido ao presidente do partido e à caravana.

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Sobre os números, o objetivo definido pelo Chega é “subir a fasquia dos valores” que as sondagens têm apresentado. A “meta” do Chega mantém-se nos 15% e um “resultado positivo” para o partido continua a ser entre os “7 e os 12%”, um valor que algumas sondagens não dão ao partido. “Mesmo ficando em terceiro lugar, é muito importante que o Chega se aproxime mais dos 10% do que dos 5%”, sublinhou o líder do partido.

A governabilidade voltou a estar em cima da mesa. André Ventura vincou que “acordo parlamentar” ao jeito dos Açores “nunca haverá” e reiterou que o Chega exige um lugar no Governo com 7% dos votos do eleitorado e afastou a ideia de ficar com o ónus de devolver o poder ao PS — uma sugestão feita este domingo pelo líder do CDS.

“Há um programa de Governo que é apresentado e analisamos esse programa, caso tenhamos uma votação expressiva e a direita entenda que não deve aceitar as nossas bandeiras e não incluir o Chega, o nosso voto será contra, mas também será contra um governo socialista”, explicou.

André Ventura aproveitou para se defender ao ataque: “Já se viu que a estratégia da chantagem e da ameaça não vai resultar. Tenho-lhes dito isso [aos possíveis parceiros], disse isso a todos, na cara, que a ideia de estarem a dizer aos portugueses ‘cuidado que não vai haver acordo nenhum e que um voto no Chega é um voto perdido’ não está a funcionar.”

Numa altura em que o líder do Chega tem levado para a campanha várias propostas, questionado sobre as linhas vermelhas de que não abdica para se sentar à mesa com o PSD, deixou claro um ‘não’ ao corte de pensões, a reforma da Justiça e da Segurança Social. Apesar disso, assegurou que o Chega “aceita negociar e modelar medidas”.

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