O dirigente e fundador do Livre Rui Tavares mostrou-se esta quarta-feira confiante na eleição de um grupo parlamentar no domingo, advogando que um voto no partido é “ele próprio um voto útil”.

Antes de apanhar o comboio na estação do Cais do Sodré, em Lisboa, acompanhado da número dois neste círculo, Isabel Mendes Lopes, numa ação de campanha dedicada aos transportes, Rui Tavares foi questionado sobre se ainda acredita no objetivo de eleger um grupo parlamentar, num contexto de apelo ao voto útil em PS ou PSD.

“É possível porque a fasquia em que está o Livre é uma fasquia que está próximo do grupo parlamentar, mas também somos muito claros e assumimos isso: o voto útil pode erodir a base de apoio no Livre”, admitiu.

Por essa razão, apelou, “todas as pessoas que querem que o Livre esteja na Assembleia [da República] têm que votar”.

“É preciso ver que o voto no Livre é ele próprio um voto útil, tanto para impedir uma maioria de direita e um Rui Rio primeiro-ministro, como para levar à esquerda um sentido de compromisso e de diálogo que nos faltou e nada nos garante que votar só nós partidos tradicionais não venha a faltar de novo”, alertou.

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Já na viagem a caminho de Cascais, com panfletos na mão que foi entregando a quem viajava no comboio, Tavares traçou as diferenças, para lá das semelhanças, entre o Livre e os restantes partidos à esquerda.

“Há um combate comum às desigualdades que é da esquerda (…) a diferença está na maneira de fazer política , está na consistência e na consequência com que nos apresentamos, com um discurso que tem sido sempre o mesmo em relação à necessidade de trabalharmos em conjunto”, referiu.

Na opinião do dirigente, o país estava “num caminho de alguma modernização da política” com a geringonça, lamentando o “colapso” à esquerda nas negociações do Orçamento do Estado para 2022, que desencadeou o cenário de crise e a convocação de eleições antecipadas.

“Este colapso das negociações orçamentais pode correr o risco de, não tendo havido sentido de responsabilidade suficiente e a visão de futuro suficiente, nos atirar para uma encruzilhada muito grande em termos políticos”, advertiu.

Apesar de saudar a abertura dos partidos à esquerda, Rui Tavares questionou: “que garantias tem o eleitorado de esquerda que assim se mantenham depois das eleições? Eu creio que garantias mesmo só terão se votarem num partido que nunca oscilou em relação a essa postura de diálogo e compromisso, estivessem as sondagens como estivessem”, respondeu.

Questionado sobre a intenção pública anunciada por Joacine Katar Moreira de votar no partido Movimento Alternativa Socialista (MAS), depois de ter sido eleita pelo Livre em 2019 e ter ficado sem confiança política do partido meses mais tarde, Tavares recusou fazer comentários, mas deixou uma pequena farpa.

“Não há quaisquer comentários a fazer, acho que toda a gente é livre de votar nos partidos que entender. E pronto, acho que tem que avaliar os programas e o programa do MAS não é um programa que tenha nenhuma proposta acerca, por exemplo, de matérias como o antirracismo mas isso aí fica ao critério de cada um”, atirou.