O discurso do diálogo abriu esta semana e esta noite, num comício da União Artística Piedense, em Almada, António Costa foi claro sobre o seu plano para o dia a seguir às eleições, se ganhar. “O PS foi sempre o motor da concórdia nacional, o ponto de mobilização das diferentes forças” e “de novo é isso que temos fazer sem acrimónias e rancores”, afirmou num comício onde teve ao seu lado Sampaio da Nóvoa e também o apoio em vídeo do antigo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Foi um dos maiores comício desta campanha, até agora, na cidade que em 2017 o PS conquistou ao PCP, com Inês de Medeiros a ganhar a Câmara. E não foi só pelo palco que desfilaram figuras, no ecrã principal, a dada altura, foi apresentada uma mensagem gravada por Alexis Tsipras de apoio a Costa nestas legislativas. O antigo primeiro-ministro grego e líder da coligação de esquerda Syriza lembrou que conheceu Costa num “mau momento para as forças progressivas” na Europa. E que o país governado por Costa se “tornou um importante exemplo de como sair da crise económica e enfrentar a crise pandemia enquanto promovendo o crescimento sustentável , os direitos dos trabalhadores e aumento salários e apoiando o Estado Social”. “É possível fazer aquilo que dizem que é impossível”, aproveitou para comentar Costa logo depois de exibido o vídeo, atacando o discurso da direita sobre o “diabo”.
Na sua intervenção, começou pelo agradecimento ao apoio de Sampaio da Nóvoa. O professor universitário e independente ajudou ao discurso socialista ao afirmar que quando “certos partidos pensam mais em si do que no país, perdem os partidos e o país”. Costa reconheceu que a “confiança inteira e limpa” de Sampaio da Nóvoa “é uma enorme responsabilidade” e, na intervenção que fez, acabou a exibir a sua capacidade para diálogo, acenando uma bandeira branca ao lado de lá.
O líder socialista apelou a que “já neste domingo” os portugueses “acabem com esta crise política, para não andar a governar às pinguinhas” e não a deixem prolongar ao longo dos próximos quatro anos”. Foi neste ponto que voltou a colocar o PS como “motor da concórdia nacional” e “ponto de mobilização das diferentes forças”, propondo: “De novo é isso que temos fazer sem acrimónias e rancores”.
Os ataques da noite foram diretos a Rio, mais uma vez, pela voz de António Costa mas também pela cabeça de lista por Setúbal Ana Catarina Mendes. A socialista que foi líder parlamentar e, antes disso, secretária-geral adjunta do PS, subiu ao palco para dizer que “Rui Rio é, nesta campanha, um lobo vestido com pele de cordeiro, que não diz ao país o que quer. Está a dissimular-se e não quer que o país ande par a frente”.
Para Costa ficou ainda um argumento que voltou ao seu discurso nesta reta final da campanha, com a colagem de Rui Rio ao Chega. O socialista voltou a lembrar que “não foi preciso que a extrema-direita estivesse sentada no Governo Regional dos Açores para condicionar a governação” e que “não há tolerâncias grátis nem viabilizações grátis”. Tudo isso “tem custos”, avisou.