Para que não haja margem para dúvidas, André Silva repetiu esta segunda-feira várias vezes que não está disponível para voltar à liderança do PAN ou apresentar qualquer candidatura a um hipotético Congresso. Ainda assim, o ex-líder do partido exige que Inês Sousa Real se demita e, sendo coerente com as críticas que sempre apontou a Cristina Rodrigues deixe também o lugar de deputada na Assembleia da República.
“É por demais evidente [que Inês Sousa Real deve demitir-se]. Alguém que está à frente de um partido que tem os resultados que teve nas autárquicas e não assume as responsabilidades. A única saída digna e ética seria colocar o lugar à disposição e demitir-se, depois decidiria se se recandidataria”, disse André Silva esta noite na SIC Notícias acrescentando que “a única forma de demonstrar desapego e humildade seria demitir-se e convocar Congresso”.
Num regresso à vida política e mediática — depois de ter saído em junho para “se dedicar à paternidade” — André Silva carregou a fundo nas críticas à liderança de Sousa Real desde que tomou posse no Congresso de junho. Fala de uma “total falta de noção” e de “erros cometidos”. “Ninguém estava à espera que em sete meses fossem cometidos todos estes erros políticos”, diz quando questionado sobre se se enganou quando defendeu a solução Inês Sousa Real para a liderança do PAN.
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“Desde que saí mantive-me em silêncio para não prejudicar o partido. Foram tantos os erros cometidos. Desbarataram e puseram o partido na lama completamente descredibilizado. Não havendo um horizonte eleitoral penso que é meu dever ter uma palavra pública”, sustentou André Silva.
Sobre a decisão da Comissão Política Nacional de não convocar Congresso extraordinário e ouvir as bases, o ex-líder diz que é “atirar areia para os olhos dos filiados”. Com o Tribunal Constitucional a chumbar a alteração aos estatutos do partido feitas precisamente no último Congresso, André Silva insistiu na necessidade de convocar um Congresso — “até o Chega o fez”, exemplificou — para tirar o partido “de uma situação deplorável que claramente não é respeitada pelas pessoas”.
Silva lembrou que Sousa Real recebeu um partido que tinha conquistado 200 mil votos e que perdeu 75% da representação parlamentar nas legislativas, além de ter concorrido “coligado com o PS em autarquias essenciais” resultando numa “erosão eleitoral”. “O PAN passou de dialogante a subserviente do PS”, apontou ainda André Silva.