Fingiu ser filho de Lev Leviev, “rei dos diamantes”, e  CEO do grupo LLD Diamonds. Conquistou mulheres pelo charme e falso poder económico, mas os jantares e viagens de luxo não tiveram um final feliz. Roubou as namoradas, foi investigado e preso, mais tarde libertado. A história de Shimon Hayut chegou à Netflix, no documentário O Impostor do Tinder” através de Cecilie Fjellhoy, Pernilla Sjöholm e Ayleen Charlotte, três vítimas do golpe do israelita que já disse, nesta segunda-feira, que irá divulgar a sua versão dos acontecimentos.

Apesar de ter tido vários processos em vários países e de ter estado atrás das grades por causa de várias fraudes, foi só na sexta-feira, dois dias depois de o documentário se estrear na Netflix, que o Tinder agiu. Mas já lá vamos.

As mulheres fizeram “match” no Tinder, a mais famosa aplicação de encontros amorosos, seduzidas pela vida diferente e luxuosa que Simon aparentava ter com milhares de seguidores no Instagram, fotografias em praias, festas e reuniões. “Este homem tem uma vida diferente daquela que eu alguma vez poderei vir a ter”, pensou Cecilie Fjellhoy, como testemunhou no documentário.

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Sob o nome de Simon Leviev, o homem de 31 anos oferecia então presentes de luxo às mulheres, viagens em aviões particulares, noites em hotéis de cinco estrelas e jantares românticos nos melhores restaurantes. Relação estabelecida, com juras de amor e projetos de futuro, começava a alegar que o negócio dos diamantes era perigoso e que recebia ameaças à sua segurança. Argumentava que não podia utilizar os seus cartões de crédito, pois corria o risco de serem rastreados e, por isso, pedia às namoradas para utilizar os cartões delas. Para as pressionar, fingia receber ramos fúnebres e cartas com balas de pistolas lá dentro.

No total terá roubado mais de 10 milhões de dólares (cerca de 8.76 milhões de euros), que as vítimas ainda estão a pagar.

No final da semana passada, o Tinder expulsou-o. “Fizemos uma investigação interna e Simon Leviev já não está ativo no Tinder sob nenhum dos seus pseudónimos conhecidos” anunciou, no dia 4 de fevereiro a empresa em comunicado citado pelo  jornal TheWallStreet. Está ainda proibido de usar os sites e aplicações de encontros do MatchGroupInc. — Match.com, Plenty of Fish, Dobradiça e OkCupid.

A história de vigarices de Shimon já tem mas de 11 anos. Fugiu de Israel, seu país de origem, em 2011, quando era procurado por roubo, falsificação e fraude, já depois de ter enganado uma família nos Estados Unidos a quem roubou cerca de 32 mil euros em 2008. Foi para a Finlândia, onde acabou condenado a dois anos de prisão em 2015 porque enganou três mulheres.

Em 2017 foi extraditado para Israel mas voltou a fugir, para dois anos depois ser novamente preso na Grécia. De novo extraditado, foi condenado a 15 meses de prisão por fraude e a pagar 38 mil euros de indemnização a vítimas. Só cumpriu 5 meses, e está livre, em paradeiro incerto, com nova namorada e a publicar fotos de vida luxuosa nas redes sociais.

No final do documentário é referido que Simon estava de volta ao Tinder. Terá sido por isso que finalmente decidiram bani-lo? É que na véspera da estreia na Netflix, o Tinder apenas publicou um extenso artigo com alertas sobre falsos romances e muitos conselhos: “Sobretudo, não mandem dinheiro online”.

A Netflix revelou ainda uma mensagem de voz de Simon, onde ameaça processar a plataforma por difamação. E nesta segunda-feira, o israelita avisou, numa story no Instagram que iria dar a sua versão da história, que não coincide com a de “O Impostor do Tinder”. E entretanto as suas fotos de vida milionária desapareceram do Instagram.