Os hamsters de estimação podem constituir uma provável fonte de transmissão de Covid-19 aos humanos, avança um novo estudo, citado pelo jornal britânico The Guardian.

O alerta surgiu depois de ter sido detetado um surto da variante Delta numa loja de animais de estimação, em Hong Kong, onde foram infetadas 50 pessoas e abatidos mais de 2.200 hamsters.

Esta possibilidade já tinha sido colocada em janeiro, quando um funcionário da loja de animais Little Boss foi diagnosticado como o primeiro caso em três meses de contágio com variante Delta naquela cidade. Para corroborar a tese, uma cliente dessa loja, bem como alguns elementos da sua família, viriam a ficar infetados com Covid-19 nos dias subsequentes.

Tanto no caso do trabalhador da loja como no da cliente infetada, a análise das amostras sugeriu que o vírus estava intimamente ligado com os vírus do hamster, no entanto, era pouco provável que a transmissão tivesse ocorrido pela interação entre funcionário e cliente.

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Foram testados centenas de roedores na loja de animais e foi detetada matéria viral ou anticorpos em 15 dos 28 hamsters sírios, mas em nenhum dos hamsters anões (outra raça da mesma espécie), ratos, porquinhos da Índia, coelhos ou chinchillas testados.

Leo Poon, virologista da Universidade de Hong Kong e a sua equipa analisaram mais detalhadamente a sequência do genoma viral e os resultados revelaram que os hamsters estavam todos infectados com a variante Delta e que os seus vírus estavam intimamente relacionados. A natureza das mutações sugeria que a transmissão estava em curso possivelmente desde novembro.

“A importação de hamsters infetados foi a fonte mais provável de infeção por vírus”.”Os estudos genéticos e epidemiológicos sugerem a forte possibilidade de que houve duas cadeias de transmissão hamsters-humanos e que esses cadeias podem levar à transmissão entre humanos“, referiu o virologista.

Poon ressalva que, embora o contágio com origem em animais de estimação não seja impossível, as pessoas são muito mais suscetíveis de se infetar através do contacto com outros humanos.

Os virologistas alertam que o comércio de animais de estimação pode constituir uma potencial rota para a disseminação do vírus, mas entendem que os hamsters domésticos não constituem uma ameaça para os proprietários e não devem, por isso, ser um alvo a abater.

Com efeito salientam a “necessidade de sensibilização, vigilância e de políticas adequadas de quarentena e controlo para o comércio deste tipo de animais“, concluiu Poon.

Estes animais são considerados vulneráveis ao vírus Sars-CoV-2 (os anões Roborovski podem mesmo morrer), pelo que têm servido de cobaias para investigar mais a fundo a Covid-19.