As autoridades de El Salvador libertaram esta quarta-feira uma mulher presa por homicídio qualificado após sofrer um aborto espontâneo — foi acusada de matar o próprio bebé. Elsy tinha sido condenada a 30 anos na prisão e, destes, cumpriu mais de uma década e meia. Desde dezembro, é a quinta mulher suspeita de provocar o próprio aborto com a pena comutada.
“A sentença injusta terminou”, disse a presidente do Grupo de Cidadãos para a Descriminalização do Aborto Morena Herrera, num comunicado. “Devemos continuar a lutar incansavelmente para libertar aquelas que permanecem privadas de liberdade”, acrescentou. Em El Salvador, abortar é ilegal independentemente das circunstâncias – mesmo em caso de violação, incesto ou se a saúde da mulher estiver em risco.
#Comunicado
Como resultado de una larga lucha de organizaciones y activistas, Elsy, mujer salvadoreña que fue condenada injustamente por sufrir una emergencia obstétrica ha sido liberada de prisión y se podrá reunir con su familia después de pasar 10 años y medio en la cárcel. pic.twitter.com/zzv1Ia7Wb9— Agrupación Ciudadana #JusticiaParaBeatriz (@AbortoPORlaVIDA) February 9, 2022
A história remota a junho de 2011: a mãe solteira de 28 anos estava a trabalhar como empregada doméstica quando terá sofrido “uma emergência obstétrica”. Pediu ajuda, mas em vez de receber assistência médica foi imediatamente presa por suspeitas de ter provocado o aborto.
O julgamento foi marcado por irregularidades, sem presunção de inocência e sem defesa apropriada, garante o mesmo comunicado. Agora, Elsy já se reuniu com a família, inclusive com o filho, em Yayantique, no leste de El Salvador.
[A Elsy] foi separada do seu filho, que só contava com ela. Agora, mais de dez anos depois, poderá reunir-se com o seu filho e a sua família”, lê-se ainda.
Elsy estará de vuelta en casa después de 10 años en prisión por haber sufrido una emergencia obstétrica. ¡Finalmente regresará con su familia! Ayúdanos compartiendo estos mensajes hasta que todas queden libres. #BringHomeLas17 pic.twitter.com/R9y3GL2AY9
— Las 17 | #NosFaltanLas17 #BringHomeThe17 (@Las17ElSalvador) February 9, 2022
A 23 de dezembro, o país libertou três mulheres presas pelas mesmas razões e uma quarta a 17 de janeiro. Nos últimos 20 anos, El Salvador processou criminalmente 181 grávidas que sofreram abortos espontâneos e, desde 2009, a organização de Herrera conseguiu libertar 61 delas.
O Tribunal Interamericano de Direitos Humanos condenou, em novembro, as rígidas leis anti-aborto do país, após a morte de uma mulher, Manuela, presa por violar essas mesmas leis.