A estreia de Luis Díaz no Liverpool dificilmente poderia ter sido melhor: entrou perto da hora de jogo contra o Cardiff na Taça de Inglaterra, assinou um momento delicioso com uma finta na grande área e assistiu Minamino para um dos golos da vitória dos reds. Pelo meio, sofreu uma entrada dura e levou para casa a primeira cicatriz inglesa — com Jürgen Klopp a garantir que se tratou de um presente de boas vindas.
“Ele está bem, graças a Deus! Foi um momento assustador, é verdade. O golo que construiu para o Taki [Minamino] foi absolutamente incrível, pela pressão alta, adorei. E depois o Taki finalizou. Depois veio a bola longa, a entrada dura, ele vai para o chão e agarra-se ao joelho e ficámos todos realmente em choque. Vi o lance no ecrã e vi que no ar estava tudo bem, no momento em que caiu também… E depois vi o ‘grandão’ do Cardiff a pisá-lo no joelho. Agora tem ali um hematoma e uma cicatriz. Está algo vermelho e um pouco aberto. Todos lhe dissemos ‘bem-vindo a Inglaterra’ e agora ele já tem a primeira assistência e a primeira cicatriz. Mas está tudo bem, não me parece que seja algo grave. Talvez amanhã sinta um pouco mais e tenhamos de reagir mas não é nada de grave”, disse o treinador alemão depois da partida.
Ora, esta quinta-feira, o Liverpool recebia o Leicester em Anfield e continuava a demanda quase impossível de correr atrás da liderança do Manchester City enquanto procurava distanciar-se do Chelsea — ainda que, é preciso sublinhar, tenha dois jogos em atraso tanto em relação aos citizens como aos blues. No universo dos reds, o tema da semana foi o regresso de Salah depois da derrota do Egito na final da CAN e a ausência de Mané precisamente depois da vitória do Senegal na final da CAN. Mas Luis Díaz, até pelas boas impressões deixadas na estreia, voltou a ser assunto na antevisão de Klopp.
“Acho que nunca vi um jogador sorrir tanto nos treinos. Está sempre bem disposto! Encaixou-se naturalmente na nossa forma de atacar e jogou exatamente como queríamos. Ainda assim, há sempre pormenores a rever e a melhorar”, atirou o técnico, que acrescentou ainda que a integração do colombiano tem sido facilitada por Pep Lijnders, adjunto que já passou pelo FC Porto e fala espanhol e português. Mas também Diogo Jota, muito provavelmente, tem contribuído para o mesmo: até porque o internacional português confidenciou nos últimos dias que falou com Sérgio Oliveira, médio ex-dragões agora na Roma, sobre Luis Díaz. “Joguei no FC Porto, costumo ver os jogos da Liga e para mim era o melhor jogador. Falei com o Sérgio e ele disse-me que agora ia marcar ainda mais, porque o Luis é um driblador fantástico e ia dar-me ainda mais oportunidades”, contou o avançado aos meios oficiais da Premier League.
Contra o Leicester, Jürgen Klopp confirmou todos os elogios e ofereceu a primeira titularidade a Luis Díaz. O colombiano dividia o trio ofensivo com Diogo Jota e Roberto Firmino, com Thiago, Fabinho e Curtis Jones a ficarem responsáveis pelo meio-campo, e Salah voltava ainda na condição de suplente. Os reds tiveram a primeira aproximação mais perigosa, com Firmino a cabecear por cima (6′), e Maddison respondeu com um remate que Alisson defendeu (8′). Alexander-Arnold ainda teve um pontapé que Schmeichel encaixou (19′) mas o golo apareceu já depois da meia-hora: o mesmo Arnold bateu um canto na direita, Van Dijk cabeceou ao primeiro poste, Schmeichel defendeu para a frente e Diogo Jota, sempre oportuno, apareceu para marcar pelo segundo jogo consecutivo (34′).
O Liverpool foi para a segunda parte a ganhar e Jota ficou perto de aumentar a vantagem logo depois do intervalo com um remate que Schmeichel só conseguiu desviar com uma defesa apertada (48′). Klopp mexeu à passagem da hora de jogo e lançou Harvey Elliott e Salah — e a entrada do avançado egípcio fez com que toda a equipa começasse a jogar melhor. Os reds, que a dada altura pareciam algo adormecidos na partida e só iam controlando as ocorrências porque o Leicester pouco ou nada conseguia fazer, voltaram a criar oportunidades e a viver dentro do último terço. Luis Díaz, por exemplo, foi um dos que mais subiu de rendimento da primeira para a segunda parte: ficando até perto de se estrear a marcar numa recarga que Schmeichel defendeu (78′).
Até ao fim, e na conclusão de uma jogada de insistência com passe final de Matip, Diogo Jota ainda teve tempo para bisar de primeira e à meia volta (87′) e chegou aos 17 golos em toda a temporada. O Liverpool venceu o Leicester em Anfield, não perde há oito jogos e agravou a época pouco conseguida da equipa de Brendan Rodgers, que está já no 12.º lugar da Premier League. Enquanto Díaz sorri e Jota bisa, Klopp agradece — e o Liverpool ganha.