A linhagem BA.2 da variante Ómicron está a crescer na Dinamarca a ponto de colocar a linhagem original, BA.1, à beira da extinção. O alerta foi dado pelo epidemiologista Eric Feigl-Ding, da Federação de Cientistas Americanos, numa publicação nas redes sociais que alerta para o surgimento de uma sublinhagem da BA.2 com uma mutação que a torna “mais agressiva”. E pediu que a BA.2 fosse considerada uma variante de preocupação independente da Ómicron.

Depois de um estudo em pré-publicação ter sugerido que a linhagem BA.2 da variante Ómicron pode ser mais transmissível e mais severa do que a linhagem original, Eric Feigl-Ding veio apelar à Organização Mundial de Saúde que a considere uma “variante de preocupação”, independente da primeira versão da Ómicron, por ser “mais grave, mais transmissível e evasiva à imunidade da BA.1”.

O apelo do epidemiologista norte-americano surge numa altura em que os Estados Unidos registam um excesso de mortalidade desde o início da pandemia que, a 19 de fevereiro, ultrapassa o milhão de óbitos. “Devemos agir rapidamente e com muita urgência para impedir a ascensão da BA.2”, avisou Eric Feigl-Ding: “Se ignorarmos a BA.2, podemos estar diante de outra onda de excesso de mortes ou de continuá-la. Vamos aprender com a história em vez de repeti-la”.

Segundo o relatório sobre a BA.2, o índice de transmissibilidade desta sublinhagem é 1,4 vezes superior ao da BA.1, mais capaz de fugir à imunidade induzida pelas vacinas (mas as doses de reforço mantêm-se cerca de 74% eficaz a evitar a Covid-19 sintomática), mais resistente à imunidade de quem já esteve infetado pela linhagem BA.1 e possivelmente mais patogénica — provocou danos pulmonares mais extensos e mais rapidamente em hamsters.

Na Dinamarca, segundo Eric Feigl-Ding, já 90% de todos os casos são de infeções pela BA.2 numa altura em que o excesso de mortalidade está a subir. O domínio desta linhagem estará a ser acompanhada pelo surgimento de uma “versão”, que será “mais agressiva” por estar a aumentar rapidamente, com uma nova mutação: H78Y, no gene ORF3a, que codifica uma proteína acessória — isto é, uma proteína que tem um papel indireto no funcionamento do vírus.

Não é clara ainda a função desta mutação nem porque estará a ter sucesso na Dinamarca (não está a ser detetada regularmente noutros países), mas sabe-se que a proteína onde ela surgiu não tem um papel importante na replicação viral. 

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