A linhagem BA.2 da variante Ómicron está a crescer na Dinamarca a ponto de colocar a linhagem original, BA.1, à beira da extinção. O alerta foi dado pelo epidemiologista Eric Feigl-Ding, da Federação de Cientistas Americanos, numa publicação nas redes sociais que alerta para o surgimento de uma sublinhagem da BA.2 com uma mutação que a torna “mais agressiva”. E pediu que a BA.2 fosse considerada uma variante de preocupação independente da Ómicron.
Depois de um estudo em pré-publicação ter sugerido que a linhagem BA.2 da variante Ómicron pode ser mais transmissível e mais severa do que a linhagem original, Eric Feigl-Ding veio apelar à Organização Mundial de Saúde que a considere uma “variante de preocupação”, independente da primeira versão da Ómicron, por ser “mais grave, mais transmissível e evasiva à imunidade da BA.1”.
O apelo do epidemiologista norte-americano surge numa altura em que os Estados Unidos registam um excesso de mortalidade desde o início da pandemia que, a 19 de fevereiro, ultrapassa o milhão de óbitos. “Devemos agir rapidamente e com muita urgência para impedir a ascensão da BA.2”, avisou Eric Feigl-Ding: “Se ignorarmos a BA.2, podemos estar diante de outra onda de excesso de mortes ou de continuá-la. Vamos aprender com a história em vez de repeti-la”.
7) Let’s look at it this way—BA2 is much more aggressive than anything —both pink and green below are BA2 — but the green H78Y subtype of BA2 extra aggressive it seems. Meanwhile BA1 old Omicron near extinct in ????????! That doesn’t happen by chance. We need to raise BA2 as VOC asap! pic.twitter.com/veJRPOOwEa
— Eric Feigl-Ding (@DrEricDing) February 18, 2022
Segundo o relatório sobre a BA.2, o índice de transmissibilidade desta sublinhagem é 1,4 vezes superior ao da BA.1, mais capaz de fugir à imunidade induzida pelas vacinas (mas as doses de reforço mantêm-se cerca de 74% eficaz a evitar a Covid-19 sintomática), mais resistente à imunidade de quem já esteve infetado pela linhagem BA.1 e possivelmente mais patogénica — provocou danos pulmonares mais extensos e mais rapidamente em hamsters.
Na Dinamarca, segundo Eric Feigl-Ding, já 90% de todos os casos são de infeções pela BA.2 numa altura em que o excesso de mortalidade está a subir. O domínio desta linhagem estará a ser acompanhada pelo surgimento de uma “versão”, que será “mais agressiva” por estar a aumentar rapidamente, com uma nova mutação: H78Y, no gene ORF3a, que codifica uma proteína acessória — isto é, uma proteína que tem um papel indireto no funcionamento do vírus.
Não é clara ainda a função desta mutação nem porque estará a ter sucesso na Dinamarca (não está a ser detetada regularmente noutros países), mas sabe-se que a proteína onde ela surgiu não tem um papel importante na replicação viral.