O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, apelou esta quarta-feira à comunidade internacional que reforce as sanções à Rússia e disponibilize armas para a Ucrânia se defender de uma agressão russa.

Devem ser impostas mais sanções, devemos receber mais armas e as ações diplomáticas devem ser multiplicadas“, referiu Dmitro Kuleba, em declarações aos jornalistas, após discursar perante a Assembleia Geral da ONU, que teve esta quarta-feira uma sessão especificamente dedicada à crise na Ucrânia.

O responsável da diplomacia ucraniana repetiu várias vezes que as sanções anunciadas na terça-feira pelos Estados Unidos, União Europeia (UE), Reino Unido e outros países “são apreciadas, mas não são suficientes“.

No final da noite desta terça-feira, Dmitro Kuleba pediram um “encontro urgente” no Conselho da Nações Unidas para discutir “a ocupação russa de Donetsk e Lugansk” para evitar “uma escalada” da tensão.

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Dmitro Kuleba alertou que não se deve esperar que os mísseis russos caiam em solo ucraniano para impor novas sanções, defendendo que estas “devem ter um efeito dissuasivo”.

Para o governante, a Ucrânia tem direito a munir-se “de armas defensivas” que espera não terem de ser usadas.

E lembrou que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os secretários de Estado, Antony Blinken, e da Defesa, Lloyd Austin, comprometeram-se a continuar a fornecer armamento e a impor sanções caso a Rússia não mude de atitude.

Kuleba criticou ainda os países que se limitam a apelos genéricos à paz, considerando que desta forma “envia-se uma mensagem de que este tipo de comportamento é tolerado“, dando como exemplo o Japão.

A situação que se tem registado no leste da Ucrânia “não é apenas uma ameaça contra a Europa, mas contra a ordem mundial“, alertou. “A Rússia deve ser pressionada. Deve-se fazer sentir que as sanções não são suportáveis”, atirou.

Kuleba revelou ainda que pediu repetidamente para conversar ou encontrar-se com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, mas sem sucesso porque até agora houve sempre “algum pretexto”.

A Rússia tem sido criticada por romper os Acordos de Minsk, que visavam encontrar uma solução para a guerra entre Kiev e os separatistas apoiados por Moscovo, que começou em 2014, pouco depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia.

O dia em que Vladimir Putin matou os Acordos de Minsk — e abriu a porta a uma possível guerra

Em 2014, os separatistas declararam a independência dos territórios ucranianos de Donetsk e Lugansk, que a Rússia reconheceu na segunda-feira, numa decisão vista pelo Ocidente como um sinal de uma nova invasão da Ucrânia.

Depois do reconhecimento, Putin autorizou o exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para Donetsk e Lugansk, fazendo aumentar o receio de uma ofensiva da Rússia no leste da Ucrânia.

A guerra no Donbass já provocou mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados desde 2014, segundo as Nações Unidas.