O ministro da Defesa considerou esta segunda-feira que o Presidente e o regime russos “terão subestimado” a capacidade de união da UE face ao conflito na Ucrânia, referindo relatos de responsáveis europeus sobre o “impacto muito significativo” das sanções à Rússia.
“Creio que Putin e o regime dele terão subestimado a nossa capacidade de nos mantermos unidos e com uma postura de grande firmeza em relação ao que se passou na Ucrânia“, defendeu o governante.
Em declarações à agência Lusa, depois de ter participado por videoconferência na reunião que juntou esta segunda-feira os ministros da Defesa da União Europeia, João Gomes Cravinho disse ter existido nesta reunião “uma grande convergência”, bem como “um reconhecimento generalizado de que essa mesma convergência é fundamental como um trunfo” da posição da União Europeia.
“Nós tivemos relatos por parte de vários responsáveis da Comissão Europeia sobre o impacto muito significativo das sanções [à Rússia]. Tal como tinha sido previamente anunciado, este pacote de sanções é o mais poderoso alguma vez utilizado e evidentemente o impacto sobre a Rússia é muito grande”, acrescentou.
Segundo Gomes Cravinho, “há também uma coordenação feita pela União Europeia dos diferentes donativos de material bélico dos países estados-membros da UE” para as autoridades ucranianas, “nesta situação de elevadíssima tensão, não terem de lidar com vinte e tal países diferentes”, mas apenas com “um centro de coordenação que é da UE”.
Questionado sobre como será agilizada a chegada de material até à Ucrânia, Cravinho disse apenas que “a coordenação vai ser feita em Bruxelas pelos serviços militares da UE”.
“Aspetos mais logísticos e operacionais, obviamente que devem ser tratados com a discrição necessária e portanto não é conveniente agora entrar em pormenores sobre essa matéria”, acrescentou.
O governante português disse ainda que nesta reunião existiu um consenso de que o documento europeu de Defesa denominado Bússola Estratégica, que “está para ser aprovado em março”, deve ter “os ajustamentos necessários para refletir a nova realidade geopolítica”.
“Creio que todos demonstraram grande consciência de que o mundo mudou no dia 24 de fevereiro, o ambiente estratégico no qual vivemos mudou muito significativamente”, sustentou.
De acordo com o governante, a UE estará também atenta à “capacidade e a disponibilidade para a perturbação que a Rússia tem demonstrado nas missões da UE em vários sítios”.
“Nomeadamente nos Balcãs e em África e, portanto, estaremos atentos a essas eventuais tentativas de perturbação que a Rússia, que estava a desenvolver uma operação no fundo de cerco da Europa através da sua entrada no Sahel e na África do Norte, através da Líbia, mas estamos muito atentos a essa realidade”, disse.
Para Gomes Cravinho, a UE precisa também de repensar o seu relacionamento com a Rússia “a prazo”.
O titular da Defesa considerou que o regime Putin, “não só representa um desafio, como um ataque frontal à arquitetura de segurança na Europa. “Mas, depois de Putin, a Rússia continuará e interessa-nos enquanto UE desenvolver um entendimento e um compromisso mútuo em relação à segurança de todos com a Rússia e portanto devemos começar a pensar já naquilo que queremos para esse momento, que obviamente está no futuro”, sublinhou.
O ministro disse que o diálogo entre a UE e a NATO “tem sido muito intenso”.
“O que se verifica é que ambas as organizações, UE e NATO, estão a ter um papel absolutamente fundamental e complementar na resposta à Rússia. Nenhuma delas poderia sozinha traduzir o impacto e o peso da resposta europeia e ocidental sem a outra: a UE com toda a força das sanções e a NATO com as garantias militares que oferece”, explicou.
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No domingo, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 deram aval a um pacote de 450 milhões de euros para financiar o fornecimento de armas letais ao exército ucraniano, que luta contra a invasão russa, numa decisão que marca uma viragem histórica na UE.
O chefe da diplomacia europeia assegurou que a mobilização e entrega de armamento à Ucrânia, esta segunda-feira debatida pelos ministros da Defesa da UE, está bem encaminhada, mas escusou-se a adiantar detalhes, pois “a Rússia gostaria muito” de os conhecer.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
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O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.