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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 11.º dia do conflito na Ucrânia

Este artigo tem mais de 2 anos

Ucrânia está sem gás e Mariupol "desapareceu". Russos terão perdido 11 mil soldados. OMS confirma ataques da Rússia a infraestruturas médicas. Putin manda racionar mantimentos.

epa09804490 A member of the Territorial Defense Forces stands guard at a checkpoint in the eastern frontline of Kyiv (Kiev) region, Ukraine, 05 March 2022. According to the United Nations (UN), at least one million people have fled Ukraine to neighboring countries since the beginning of Russia's military aggression on 24 February 2022.  EPA/ROMAN PILIPEY
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Ucrânia continua a resistir à invasão russa

ROMAN PILIPEY/EPA

Ucrânia continua a resistir à invasão russa

ROMAN PILIPEY/EPA

É o 11.º dia da guerra na Ucrânia, após a invasão da Rússia. Algumas cidades ucranianas começam a entrar em falência, com falta de água, energia e alimentos, como é o caso de Mariupol. Vários pontos do país podem ter falhas de abastecimento de gás, já que alguns sistemas abastecedores foram atingidos. Na Rússia, entrou em vigor o racionamento de alimentos. Há nova tentativa de retirar civis da zona de guerra.

Atualizado na tarde de 6 de março de 2022

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

Estamos a acompanhar, minuto a minuto, as notícias mais relevantes do conflito no nosso liveblog que pode ser encontrado aqui.

Rússia já terá lançado 600 mísseis sobre a Ucrânia desde o início da invasão

O que aconteceu ao final da tarde e durante a noite?

Polish Border Towns Receive Mass Influx Of Ukrainians Fleeing Russian Armed Invasion

  • O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou mais um vídeo em que diz que as forças russas anunciaram para segunda-feira o bombardeamento de vários edifícios ucranianos, onde vivem e trabalham civis. “Isto é homicídio, homicídio deliberado”, condenou.
  • A segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, continua sob intensos bombardeamentos por parte das forças armadas russas e ficou este domingo sem acesso a transmissões televisivas e radiofónicas, depois de a torre de televisão ter sido bombardeada.
  • O número de pessoas procedentes da Ucrânia que entraram na Polónia para fugir à invasão russa ultrapassou, ao final da tarde, um milhão, de acordo com a guarda-fronteiriça polaca.
  • Continua a aumentar a lista de empresas que suspendem operações na Rússia. Este domingo foi a vez da rede social Tik Tok e do popular serviço de streaming Netflix.Também as auditoras PwC e KPMG anunciaram a saída da Rússia, seguindo outras empresas do setor.
  • As novas sanções à Rússia que os países do G7 estão a preparar vão “atingir os oligarcas”, que “lucraram com Putin”, anunciou o ministro alemão das Finanças, Christian Lindner. O Reino Unido também quer intensificar a aplicação de sanções através de uma alteração legislativa que vai permitir aos membros do governo aumentar as restrições aos principais agentes económicos russos.

Novas sanções contra oligarcas que “lucraram com Putin” na mira do G7

O que aconteceu no final da manhã e durante a tarde?

Russian attacks on Ukraine

  • A evacuação de Mariupol falhou pela segunda vez consecutiva. Depois de a retirada de 200 mil civis desta cidade portuária ter sido cancelada este sábado, a mais recente tentativa, que deveria ter acontecido entre as 10h e as 19h (hora de Lisboa), voltou a ser adiada devido a bombardeamentos. De acordo com a Cruz Vermelha, “as tentativas fracassadas de ontem e de hoje demonstram a ausência de um acordo detalhado e funcional entre ambas as partes do conflito”.

Mariupol continua isolada. O que falhou na segunda tentativa de evacuação?

  • Jerónimo de Sousa garantiu que “o PCP não apoia a guerra” na Ucrânia. “Isso é uma vergonhosa calúnia”, disse o secretário-geral do PCP, num comício que assinala os 101 anos do partido. “O PCP tem um património inigualável na luta pela paz, não tem nada a ver com o governo russo e o seu Presidente”.
  • A central nuclear de Zaporíjia está sob domínio russo. A informação foi dada pelos ucranianos à Agência Internacional de Energia Atómica. A Ucrânia informou a agência de que não está a conseguir comunicar com os trabalhadores da central e que os russos no local desligaram as redes móveis e a internet;
  • O Presidente da Ucrânia avançou que os militares russos estão a preparar-se para bombardear Odessa. Localizada junto ao Mar Negro, é a terceira maior cidade da Ucrânia e tem uma elevada importância, especialmente a nível económico, para o país. Volodymyr Zelensky adiantou ainda que o aeroporto de Vinnytsia foi totalmente destruído pela Rússia.
  • Um centro de investigação nuclear em Kharkiv foi bombardeado pelos russos, avançou o jornal Kyiv Independent. De acordo com uma publicação na rede Telegram dos serviços de segurança ucranianos, um ataque a estas instalações poderá dar origem a “uma catástrofe ambiental de larga escala”.
  • O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que os Estados Unidos tiveram acesso a “relatos muito credíveis” de ataques contra civis ucranianos. Washington está a recolher informações sobre o que se passa na Ucrânia de forma a apoiar organizações nas investigações a potenciais crimes de guerra. Numa entrevista à NBC, Blinken indicou que os EUA e a Europa estão a analisar uma possível suspensão da importação de petróleo russo e que os ucranianos têm um plano de continuidade caso o Presidente ucraniano seja assassinado.
  • A AmericanExpress suspendeu a sua operação na Rússia e Bielorrússia. Uma decisão que também já tinha foi tomada pela Visa e pela Mastercard;
  • Alexei Navalny, líder da oposição russa, apelou à população para protestar nas ruas de Moscovo e São Petersburgo contra a guerra na Ucrânia e contra o Presidente, Vladimir Putin.
  • Mais de 4 mil pessoas foram detidas em protestos na Rússia;
  • O diretor musical do Teatro Bolshoi, em Moscovo, apresentou a demissão. Tugan Sokhiev disse ter-se sentido pressionado a tomar uma posição relativamente ao conflito na Ucrânia e demitiu-se “das funções de diretor musical do Teatro Bolshoi de Moscovo e da Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse com efeito imediato”.

O que aconteceu durante a manhã?

Medyka, Poland, Ukraina Rfeugees

  • Segunda tentativa de evacuação na cidade de Mariupol.Primeiro falaram os separatistas, depois os ucranianos, tal como na véspera. Há confirmação de que haverá nova tentativa de levar os civis para fora das zonas de conflito. A evacuação, prevista para sábado, foi suspensa porque os russos não cumpriram o cessar-fogo acordado. De acordo com o governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, a evacuação será das 10h às 21h, hora de Lisboa (mais duas horas em Kiev).
  • “Pela manhã, os corredores humanitários serão abertos novamente tanto em Mariupol quanto em Volnovakha”, disse o vice-chefe da Milícia Popular da República Popular de Donetsk, citado pela TASS. “Esperamos que os comandantes ucranianos encarregados de defender as localidades povoadas comandem os seus subordinados para desbloquear as saídas para que os civis possam deixar esses locais”, disse Eduard Basurin, segundo a agência estatal de notícias russa.
  • Base aérea militar de Starokostiantyniv desativada pelas forças russas. “As forças armadas da Rússia continuam a atacar a infraestrutura militar da Ucrânia “, disse, este domingo, o porta-voz do Ministério da Defesa russo. A Rússia atacou e desativou a base aérea militar de Starokostiantyniv com armas de alta precisão de longo alcance, garantiu Igor Konashenkov, citado pela Reuters.
  • Dominic Raab, vice-primeiro-ministro britânico, deu esta manhã uma longa entrevista à Sky News onde disse que “a invasão russa da Ucrânia pode durar vários meses ou anos”.
  • Nas últimas horas, em 16 cidades russas, mais de três centenas de pessoas foram detidas. A informação é da OVD-Info que fala em 316 manifestantes presos durante protestos contra a guerra.  No total, desde 24 de fevereiro, a organização afirma que já foram detidos 9.055 cidadãos.
  • Mais de 1,5 milhão de refugiados da Ucrânia cruzaram a fronteira para países vizinhos em 10 dias, escreveu Filippo Grandi, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, no Twitter, dizendo que esta é “a crise de refugiados que mais cresce na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”.

O que aconteceu durante a noite e a madrugada?

Medyka, Poland, Ukraina Rfeugees

  • “A escala e a força da resistência ucraniana continuam a surpreender a Rússia”, escreve o Ministério de Defesa britânico no Twitter, ao fazer o ponto da situação do conflito. A resposta da Rússia passa por “visar áreas povoadas em vários locais, incluindo Kharkiv, Chernihiv e Mariupol”. A interpretação do MNE britânico é de que esta tática tem por objetivo quebrar a moral das tropas. “A Rússia usou táticas semelhantes na Chechénia em 1999 e na Síria em 2016”, recorda.
  • Ucrânia sem gás. Centenas de milhar de consumidores domésticos ficam sem gás, depois de a operadora que fornece esta energia ao país ter tido de encerrar 16 estações de fornecimento — por exemplo, em Mykolaiv, Zaporíjia, Kiev, Donetsk e em Lugansk, já que os combates causaram danos significativos nas redes dos operadores regionais de distribuição de gás.
  • OMS confirma ataques russos a infraestruturas médicas. Na sua conta de Twitter, a Organização Mundial de Saúde ter verificado a veracidade de seis relatos de ataques russos a instalações de cuidados de saúde na Ucrânia. Também o secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom, na mesma rede social, lembra que “ataques a instalações de saúde ou aos seus trabalhadores violam a neutralidade médica e são violações do direito internacional humanitário.”

“Espero nunca vir a usá-la, mas tenho de saber”. Os civis, como o ‘português’ Oleh, que aprendem a mexer numa Kalashnikov

  • Ministério da Defesa da Ucrânia fez novo um ponto da situação. As perdas do adversário vão já em mais de 11 mil soldados, não detalhando quantas delas são mortes. Além disso, a Ucrânia diz ter abatido 285 tanques, 44 aviões e 48 helicópteros, entre outros.
  • Cerca de 3 mil norte-americanos vão combater pela Ucrânia depois do apelo do presidente ucraniano: que nascesse uma legião internacional de voluntários estrangeiros para ajudar a combater a guerra.
  • A Rússia vai começar a racionar alimentos para combater açambarcamento provocado pelo medo das sanções. Governo de Moscovo e as principais cadeias de supermercados chegaram a um acordo.
  • Ofensiva russa contra Ucrânia pode estar em “breve pausa operacional” antes de ser retomada dentro de 24-48 horas, de acordo com uma análise do think tank norte-americano Institute for the Study of War.
  • “A cidade de Mariupol deixou de existir”, diz o presidente da câmara da cidade cercada pelas forças russas, explicando que “a situação é muito complicada” e que os russos querem “sufocar a cidade”.

Bombardeamentos impediram retirada de 200 mil civis: o que aconteceu em Mariupol?

  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia pediu uma nova ronda de sanções contra a Rússia, assente em quatro pontos: banir o banco russo Sberbank do SWIFT, fechar os portos europeus a navios russos, impedir o acesso da Rússia a criptomoedas e a suspensão da compra de petróleo russo. “O petróleo russo cheira a sangue ucraniano”, afirmou Dmytro Kuleba. O governante esteve com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na fronteira da Ucrânia com a Polónia e voltou a pedir que seja criada uma zona de exclusão aérea no país.
  • O Presidente ucraniano divulgou mais um vídeo, em que apela a todos os ucranianos que estão em cidades ocupadas que organizem protestos contra as forças russas.
  • Mais empresas suspendem as operações na Rússia: as marcas Prada e Puma e as empresas de cartões de pagamentos Visa e Mastercard. Já a Shell diz irá pôr lucros do comércio de petróleo russo num fundo de ajuda à Ucrânia

Pode encontrar um resumo do que se passou durante o décimo dia de guerra aqui.

Mapa da guerra. O que se sabe sobre o conflito na Ucrânia ao 10.º dia

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