A guerra entre a Rússia e a Ucrânia entra esta sexta-feira na terceira semana de conflito armado. Foi no dia 24 de fevereiro que a Rússia invadiu a Ucrânia e abriu as portas a uma guerra sangrenta na Europa que já matou milhares de pessoas (os números variam consoante as entidades que os divulgam, mas o número de civis mortos já se cifra nas várias centenas) e já obrigou mais de 2 milhões de ucranianos a abandonar o país.
Aqui fica um ponto de situação do que se está a passar ao longo do 16.º dia da guerra. Pode seguir os desenvolvimentos ao minuto no liveblog do Observador.
O que se passou ao final do dia?
- Na reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, pedida pela Rússia, o embaixador daquele país acusou a Ucrânia de ter uma rede de laboratórios onde testa armas biológicas, apoiada e financiada pelos Estados Unidos. Vários embaixadores condenaram esta acusação. O embaixador ucraniano considerou que a “obsessão maníaca de Putin” de que a Ucrânia tem armas biológicas “é muito perigosa”. Já o representante da China defendeu que as preocupações russas devem ser levadas em conta.
Embaixador russo diz que Ucrânia tem rede de armas biológicas financiada pelos Estados Unidos
- O Governo ucraniano acusa a Rússia de violar lei internacional por ter feito refém o autarca de Melitopol. No Conselho de Segurança da ONU, o embaixador ucraniano pediu que o país liderado por Putin libertasse o presidente de câmara.
- A Ucrânia alertou para uma possível invasão bielorrussa que poderá acontecer ainda esta sexta-feira, com base em informação recolhida pelos seus serviços secretos. Minsk já acusou Kiev de “provocação”.
- A Europol está atenta a criminosos que se aproveitem do conflito para entrar na UE e a casos de tráfico humano. Em comunicado, anuncia estar a fornecer apoio com postos de controlo de segurança secundários nas fronteiras externas da União Europeia, para evitar a entrada de criminosos ou de produtos ilegais.
- O corredor humanitário em Izyum foi interrompido por bombardeamentos russos, segundo o governador da região de Kharkiv, Oleh Synegubov. A cidade “continua sem eletricidade, aquecimento, água ou rede móvel”.
- “A Rússia vai pagar um preço elevado se usar armas químicas na Ucrânia”. As declarações são do presidente norte-americano e foram feitas na conferência de imprensa em que anunciou novas sanções a Moscovo — Washington não vai importar mais vodka, marisco e diamantes russos. Joe Biden voltou a garantir que os EUA não vão lutar “contra a Rússia na Ucrânia”, já que a confrontação direta “significaria uma terceira guerra mundial”. No entanto, garantiu que os EUA vão “proteger cada centímetro” do território da NATO.
- “Qualquer ataque intencional a civis é um crime de guerra. Ponto final”, comentou Kamala Harris em declarações proferidas na Roménia, um dia depois de a vice-presidente dos EUA ter pedido uma investigação internacional sobre se a Rússia estaria a cometer crimes de guerra na Ucrânia.
- O primeiro-ministro português, António Costa, disse que é preciso dar tempo às sanções contra a Rússia, não se podendo esperar tenham efeitos imediatos. “É preciso compreender que as sanções não têm o mesmo efeito que uma bala”, afirmou, à margem da Cimeira de Versalhes, onde esteve reunido o Conselho Europeu
António Costa diz que “sanções não têm o mesmo efeito que uma bala”
- A conta do Chelsea FC no Barclays foi temporariamente suspensa. O clube de futebol foi um dos principais implicados nas sanções do Reino Unido ao russo Roman Abramovich, mas, exceções abertas pelo governo britânico permitem ao Chelsea FC continuar a jogar e fazer gastos relacionados com os jogos, por exemplo, pagar a organização da partida com o Newcastle, este domingo.
- A Rússia bloqueou o Instagram depois de a Meta permitir, nas suas redes sociais, discurso de ódio contra Putin e contra a invasão russa. Já o YouTube vai proibir conteúdo que “negue, minimize ou trivialize” a invasão russa à Ucrânia em todo o mundo.
O que se passou durante a tarde?
- Volodymyr Zelensky diz que o país atingiu “um ponto de viragem na guerra” do ponto de vista estratégico. O presidente ucraniano, numa mensagem vídeo, pediu à UE que tome “iniciativas mais fortes” e afirmou que a Rússia está a recorrer a mercenários sírios. “É preciso tempo e paciência até se chegar à vitória”, disse o Presidente que pediu aos ucranianos para iniciarem as colheitas agrícolas de primavera, mesmo com a guerra em curso.
Ucrânia atingiu “ponto de viragem na guerra”, diz Presidente Zelensky
- Ursula Von der Leyen diz que é preciso “acabar com a dependência do gás russo” e “diversificar fornecedores”. No final da reunião do Conselho Europeu, em Paris, a presidente da Comissão Europeia deixou claro que “a Ucrânia é um membro da família europeia” e que a invasão da Rússia é uma “agressão contra os princípios europeus”.
- António Costa propôs à Comissão Europeia uma redução do IVA sobre os combustíveis para Portugal poder reagir à subida dos preços. A Comissão Europeia ficou de estudar a proposta, afirmou o primeiro-ministro, em Paris.
- Os preços de alimentos e matérias-primas podem subir entre 8% e 20% como resultado da conflito na Ucrânia, segundo previsão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
- Já o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos divulgou um novo balanço de baixas civis: 564 pessoas já morreram na Ucrânia desde o início da guerra, incluindo 41 crianças.
- Tóquio denuncia manobras militares russas em arquipélago japonês. Segundo o Ministério da Defesa japonês, uma dúzia de navios da Marinha russa passou por um estreito ao norte do arquipélago japonês, em manobras que descreveu como “preocupantes” no contexto da guerra na Ucrânia. A flotilha russa, que incluía contratorpedeiros da classe Udaloy, foi detetada por aviões de vigilância das Forças de Autodefesa do Japão na quinta-feira, a cerca de 180 quilómetros do Cabo Erimo, na ilha de Hokkaido.
Tóquio denuncia manobras militares russas em arquipélago japonês
- Seleção feminina russa de râguebi de sete fora do circuito mundial
- Ministério da Defesa da Ucrânia diz que Putin ordenou a preparação de um ataque à central nuclear de Chernobyl, e que planeia culpar a Ucrânia pelo desastre.
O que se passou durante a manhã?
- Kremlin diz que sírios podem voluntariar-se para combater na guerra, na sequência da aprovação de um mecanismo que facilita o envio de combatentes voluntários para zonas de conflito na Ucrânia.
- O gabinete da ONU para os direitos humanos diz ter “relatos credíveis” de vários casos em que as forças russas usaram bombas de fragmentação em zonas populadas da Ucrânia.
- O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que há algumas mudanças “positivas” nas negociações com a Ucrânia, a avaliar por relatórios que lhe têm chegado.
- Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, reitera que a aliança não irá enviar tropas para a Ucrânia para que não se crie uma “guerra aberta” contra a Rússia.
Putin admite “progressos positivos” nas conversações com Kiev
- China descreve conflito na Ucrânia pela primeira vez como “guerra”. As declarações foram do ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi: “Esperamos que os combates e a guerra terminem o mais rapidamente possível”, disse Wang durante uma chamada com o homólogo francês, Jean-Yves Le Drian.
- Cerca de 4,5 milhões de pessoas fugiram das suas casas na Ucrânia, das quais 2,5 milhões procuraram refúgio fora do país, desde que a invasão russa começou, a 24 de fevereiro, segundo a ONU.
- Pelo menos 3.500 pessoas foram esta sexta-feira detidas em várias manifestações na Rússia a exigir o fim da invasão da Ucrânia, em resposta ao apelo do líder da oposição russa. Alexei Navalny instou a população do país a “ignorar as proibições” e a tomar esta sexta-feira as ruas de Moscovo e São Petersburgo para exigir o fim da invasão da Ucrânia.
NATO não quer “uma guerra aberta com a Rússia”, diz Stoltenberg
- Ataques russos destruíram 48 escolas em Kharkiv, segundo o presidente da câmara de Kharkiv, Ihor Terekhov.
- Rússia diz que separatistas de Donetsk tomaram cidade ucraniana de Volnovaja.
- Dois civis morreram na localidade de Kerdylivshchyna, na sequência de um bombardeamento das forças russas à região de Sumy.
O que se passou durante a noite?
- O Conselho Europeu esteve reunido em Versalhes para discutir a situação na Ucrânia. Além de condenar a invasão russa, prometer responsabilizar Moscovo pelos crimes cometidos e assegurar o apoio político, financeiro e humanitário à Ucrânia, o comunicado final dos líderes europeus também deu o pontapé de saída para o longo processo de adesão da Ucrânia à União Europeia, tal como Zelensky pediu formalmente já durante a guerra. O Presidente lituano já classificou a reunião de Versalhes como uma “noite histórica”.
- O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, diz-se “preocupado” com a possibilidade de a Rússia vir a usar armas químicas ou biológicas contra a Ucrânia, depois de Moscovo ter insistido que Kiev está a desenvolver armas desse género com a ajuda do Ocidente em laboratórios ucranianos. “Isto deixa-me realmente preocupado, porque nos temos repetidamente convencido de que se queremos saber quais são os planos da Rússia basta olhar para aquilo de que a Rússia acusa os outros”, argumentou.
- Dois soldados ucranianos morreram e seis ficaram feridos, após um ataque das forças russas à cidade de Lutsk. Lutsk e Dnipro foram bombardeadas nas primeiras horas da manhã. Em Dnipro há também registo de pelo menos um morto, na sequência de ataques direcionados a uma região próxima de um jardim de infância e de um prédio de habitação.
- A cidade de Chernihiv, no norte da Ucrânia, está sem água, depois de ataques do exército russo terem atingido as redes de abastecimento, de acordo com a empresa de gestão de água local.
- A Rússia diz que forças separatistas do leste da Ucrânia capturaram a cidade de Volnovakha, na região Donetsk e a norte de Mariupol, que tem estado sob ataque.
- A Organização Mundial da Saúde aconselhou as autoridades ucranianas a destruírem todos os agentes patogénicos de alto risco que tivessem nos seus laboratórios públicos, para evitar qualquer contaminação ou disseminação de doenças contagiosas pela população ucraniana em caso de ataques russos.
- O Ministério da Defesa britânico acredita que o exército russo está a tentar reposicionar-se para avançar com um novo ataque a Kiev, que deverá acontecer nos próximos dias. No entanto, por agora, “as forças russas continuam a fazer avanços limitados”.
- O Congresso norte-americano aprovou formalmente na madrugada desta sexta-feira um pacote de ajuda financeira no valor de 13,6 mil milhões de dólares à Ucrânia.
- Ainda nos EUA, a Casa Branca confirmou que Joe Biden vai anunciar esta sexta-feira novas medidas com vista ao isolamento económico da Rússia. Vários meios de comunicação social internacionais têm avançado que Biden deverá anunciar o corte das relações comerciais normais com a Rússia.
- Um voo com cerca de uma centena de refugiados ucranianos aterrou em Portugal. Na receção, em Lisboa, a secretária de Estado da Integração e das Migrações disse que Portugal tem 18 mil empregos preparados para os refugiados ucranianos.
Aqui encontra o resumo do 15.º dia da guerra, depois da invasão russa da Ucrânia.
Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 15.º dia do conflito na Ucrânia