A invasão russa à Ucrânia começou há 15 dias e esta quinta-feira o mundo olhou para primeiro encontro presencial entre dois dos protagonistas do conflito: Dmytro Kuleba e Sergey Lavrov, ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e da Rússia, respetivamente. O encontro decorreu em Antália, na Turquia, às 12h00 locais (9h00 de Lisboa). Resultado? Não houve acordo de cessar-fogo. Em território ucraniano a invasão continua a escalar, havendo já tropas russas a 15 quilómetros de Kiev e as sanções e restrições à Federação russa continuam a aumentar.

A informação sobre o que se está a passar no leste da Europa é atualizada ao minuto no liveblog do Observador e está a ser contada pelos enviados especiais do Observador à Ucrânia, Cátia Bruno e João Porfírio.

O que é que aconteceu esta noite?

  • As forças russas atacaram esta noite o Instituto de Física e Tecnologia de Kharkiv, que tem um “reator experimentar nuclear”, informou o Parlamento ucraniano. A explosão provocou um incêndio num hostel nos arredores. As informações mais recentes referem que o fogo continua ativo;
  • A Ucrânia informou a Agência Internacional de Energia Atónica (IAEA), que responde diretamente às Nações Unidas, que perdeu hoje todos os contactos com a central nuclear de Chernobyl. Em comunicado, a IAEA disse ter conhecimento das notícias que dão conta do estabelecimento da energia na central, uma situação que está neste momento a tentar confirmar;
  • Depois de terem afirmado que o ataque à maternidade de Mariupol teve como alvo um grupo de extrema direita que teria ocupado o edifício, os russos acusaram a Ucrânia de ter encenado o ataque. Para justificar a narrativa, o Kremlin usou o exemplo de uma influencer, que diz ter sido fotografada usando “maquilhagem realista”;
  • A maternidade de Mariupol foi a terceira a ser atingida pelas forças russas desde o início da invasão, a 24 de fevereiro, informou Jaime Nadal, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). As outras maternidades estavam localizados na zona de Kharkiv;
  • O ministro da Saúde ucraniano informou que 60 hospitais ficaram danificados devido a ataques russos. Pelo menos cinco profissionais de saúde morreram devido a “balas terroristas russas”, disse Viktor Liashko. Já o ministro da Educação adiantou que mais de 280 escolas foram danificadas ou destruídas;
  • A caravana militar russo continua a avançar, em duas linhas paralelas, em direção à capital, Kiev. De acordo com informações recolhidas pelos Estados Unidos da América, o exército russo avançou cinco quilómetros nas últimas 24 horas, encontrando-se a 40 quilómetros de Kiev;
  • O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) estima que o conflito tenha provocado até até agora mais de 1.500 vítimas, 957 das quais civis. Os números reais são “consideravelmente superiores”, alertou o organismo. Oleksiy Reznikov, ministro da Defesa da Ucrânia, disse que o exército russo fez mais vítimas entre a população civil do que entre militares;
  • O Ministério da Defesa russo anunciou a abertura de corredores humanitários em direção à Rússia, todos os dias, pelas 10h (hora de Moscovo). O chefe da diplomacia norte-americana classificou a proposta como “absurda”;
  • A Rússia proibiu a exportação de vários cereais, como trigo e centeio, para os países que integram a União Económica da Eurásia (UEE) até 31 de agosto. O objetivo é assegurar alimentos suficientes para o mercado doméstico;
  • As plataforma da Meta, o Facebook e o Instagram, vão permitir temporariamente a publicação de conteúdos violentos contra russos e soldados russos e ameaças de morte tendo como alvo Vladimir Putin, na condição que sejam divulgados no contexto de guerra, noticiou a Reuters, que teve acesso a documentos internos.

O que aconteceu esta tarde?

  • Esta tarde, Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, manifestou choque com o ataque russo a uma maternidade na Ucrânia, referindo-se ao que se passa no país como “atrocidades de proporções inimagináveis” que devem ser alvo de investigação internacional;
  • O primeiro-ministro russo proibiu a exportação de mais de 200 tipos de artigos e equipamento até ao fim de 2022. Tratam-se de produtos nas áreas médica, tecnológica, transportes, agricultura e equipamento elétrico. É a resposta da Rússia às sanções impostas ao país devido à invasão da Ucrânia;
  • O Reino Unido está “muito preocupado” com o possível uso de armas químicas pela Rússia na Ucrânia, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, à CNN;
  • Ucrânia avaliou os estragos causados pela guerra em 100 mil milhões de dólares;
  • Mais de 2,3 milhões de refugiados fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, de acordo com a ONU;
  • Pelo menos 71 crianças morreram e cerca de 100 ficaram feridas desde o início da guerra, avança o jornal Kyiv Independent;
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia assegurou que o país está disposto a ficar fora da NATO desde que a ONU, incluindo a Rússia, garanta um quadro de segurança tão eficaz como o fornecido pela Aliança Atlântica;
  • A guerra na Ucrânia provocou pelo menos 549 mortos e 957 feridos entre a população civil até quarta-feira. São dados divulgados hoje pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos;
  • Vladimir Putin disse que o Ocidente está a tentar culpar a Rússia pelos seus próprios erros. Admitiu também que as sanções ocidentais “criaram alguns problemas e dificuldades” à Rússia, mas garantiu que vão ser “resolvidos”. A Rússia planeia mudar as regras do recrutamento militar no país, facilitando a mobilização de novos recrutas;
  • Segundo a Cruz Vermelha, os habitantes de Mariupol estão a “atacar-se por comida”. A Câmara Municipal de Mariupol contabilizou 1.207 mortos. Destes, 47 foram enterrados em valas comuns por impossibilidade de chegar até aos cemitérios, nos arredores da cidade;
  • A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, afirmou que as forças russas não respeitaram o cessar-fogo temporário acordado para possibilitar a saída de civis de Mariupol;
  • O exército russo alegou que o ataque a um hospital pediátrico em Mariupol consistiu numa “provocação encenada” por parte da Ucrânia, segundo a Agence France-Presse.

O que aconteceu esta manhã?

  • A Rússia vai deixar de ser membro do Conselho da Europa, noticia a agência Reuters, citando informações prestadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo à agência de notícias russa Tass;
  • Segundo o governo de Moscovo, a NATO e a União Europeia estão a minar o organismo, que foi pensado para garantir o respeito pelos direitos humanos, o estado de direito e a democracia no espaço europeu;
  • O Kremlim pediu informações às forças militares sobre o bombardeamento da maternidade em Mariupol que está a merecer duras críticas na Europa. Para já, a Rússia garante que as notícias sobre o bombardeamento levado a cabo pelas suas forças são “terrorismo informativo”;
  • Pelo menos três pessoas, incluindo uma criança, morreram e 17 ficaram feridas no ataque lançado pelas forças armadas russas contra uma maternidade na cidade ucraniana de Mariupol, disse à BBC o vice-presidente da câmara da cidade, Sergei Orlov;
  • A invasão da Ucrânia por parte da Rússia já fez com que 2,3 milhões de pessoas deixassem o país. Os números são avançados pela ONU, que adianta que 112 mil desses refugiados seriam de outras nacionalidades;
  • A reunião com Sergey Lavrov, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, não deu muitos frutos. De acordo com Kuleba, não foi possível chegar a acordo sobre um possível cessar-fogo de 24 horas para resolver os problemas humanitários no terreno, mas afirmou que Lavrov vai falar com Moscovo sobre a possibilidade de estabelecer um corredor humanitário na cidade de Mariupol;
  • A cidade de Mariupol, onde o bombardeamento de uma maternidade tem merecido ampla condenação internacional, continua sob ataque aéreo, diz governo local.

O que aconteceu esta madrugada?

  • O Congresso norte-americano aprovou um pacote de apoio financeiro de 14 mil milhões de dólares (cerca de 12,67 mil milhões de euros) para ajudar o governo ucraniano. Além disso, o mesmo órgão legislativo aprovou também a proibição de importação de petróleo, gás natural e carvão russos. As votações contaram com o voto favorável da maioria dos congressistas.
  • Cerca de 35 mil ucranianos foram evacuados através dos corredores humanitários de Sumy, Energodar e de cidades na região de Kiev, segundo números divulgados por Volodymyr Zelenskiy, presidente do país, numa mensagem televisiva;
  • Esta quinta-feira o Conselho Europeu reúne-se para discutir mais medidas relativamente ao conflito;
  • Do Japão chegaram novas restrições para o povo russo: as empresas Sony (PlayStation) e Nintendo anunciaram que vão suspender as vendas no país e cessaram todas as exportações para a Rússia;
  • O governo ucraniano está a preparar uma medida para transferir os seus dados e servidores para outro país devido à invasão russa. Victor Zhora, chefe adjunto do Serviço Estatal de Comunicações Especiais e Proteção de Informações da Ucrânia, afirma que nada está a ser feito, mas a Reuters diz que a medida de prevenção está pronta a avançar caso a Rússia esteja perto de conseguir apreender documentação governamental sensível;
  • Uma das colunas militares russas para o cerco de Kiev está a 15 quilómetros da capital, na cidade de Brovary;
  • O governo dos EUA estima que entre cinco mil a seis mil soldados russos terão sido mortos nas últimas duas semanas devido à invasão da Rússia à Ucrânia. A última estimativa que tinha sido avançada apontava para que houvesse três mil vítimas russas. Porém, os números têm de ser interpretados com “cautela”, disse o The New York Times, devido à disparidade da informação avançadas pelas duas partes no conflito.

O que aconteceu esta tarde?

  • O ministério da Defesa russo acusa os militares ucranianos de atacar as linhas que fornecem energia a Chernobyl e uma subestação que alimenta a central nuclear de Chernobyl, classificando o ato ucraniano como uma “provocação perigosa”;
  • O ministério da Defesa britânico afirmou na quarta-feira que a Rússia usou armas termobáricas na Ucrânia falando num “impacto devastador” no local onde são usadas. Estas armas funcionam através de um explosivo interno que usa o oxigénio do ar à sua volta para gerar uma explosão de elevada potência. Além disso, criam uma onda de explosão e as temperaturas que atinge são suficientes para esmagar órgãos internos;

Mapa da guerra. Dia 14. O que está a acontecer na Ucrânia?

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  • Mais tarde na noite de quarta-feira seria a Casa Branca a deixar um alerta: a Rússia pode mesmo usar armas químicas na Ucrânia. “Devemos estar todos alerta para a Rússia possivelmente usar armas químicas ou biológicas”, disse Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca.
  • Horas antes, cerca das 19h30 (21h30 em Kiev), terminava o cessar-fogo nas regiões de Mariupol, Kharkiv e nos arredores de Kiev para retirar civis. De acordo com um dos membros da delegação ucraniana envolvido nas negociações de paz, conseguiram sair do país 40 mil pessoas pelos corredores humanitários;
  • Na Rússia, a Human Rights Watch denunciou detenções “violentas” de milhares de manifestantes anti-guerra frisando que a “escalada da violência policial ilustra a tentativa de silenciar a dissidência”;
  • O Reino Unido exortou todo o G7 a proibir importações de petróleo russo;
  • Ainda no Reino Unido, os órgãos de comunicação social começaram a divulgar que há militares ingleses a sair para a frente de guerra na Ucrânia e que podem ser considerados desertores pelo país. Já os ex-soldados, onde se insere o filho de uma deputada do Parlamento britânico, também se estão a mobilizar para ajudar a Ucrânia no terreno e podem chegar a uma centena;
  • A Finlândia e a Suécia pediram proteção à União Europeia em caso de invasão russa, através de uma carta que as primeiras-ministras endereçaram ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel;
  • Zelensky deu uma entrevista à Sky News onde voltou a pedir o encerramento do espaço aéreo ucraniano. “Se estão unidos contra os nazis e este terror têm que fechar [o espaço aéreo], não esperem que peça um milhão de vezes. Fechem o espaço aéreo e parem os bombardeamentos”, disse o Presidente ucraniano;
  • Uma das notícias que Zelensky não queria acabou por chegar poucas horas depois: Os Estados Unidos decidiram não enviar caças para a Polónia. Numa conferência de imprensa o porta-voz do Pentágono justificou a decisão com o receio de que uma “reação russa significativa aumentasse as perspetiva de escalada militar com a NATO”;
  • Da Rússia, através da agência estatal RIA soube-se que a delegação que está a negociar a paz com a Ucrânia “não vai conceder um único ponto de negociação”;
  • Outra das informações que chegou da Rússia diz respeito ao ataque à maternidade ucraniana. Os russos não o negaram, mas optaram por apontar o dedo aos “nacionalistas ucranianos” que, alegam, usavam a maternidade para se posicionarem de forma a abrir fogo contra o exército russo;
  • De volta ao território ucraniano, a Agência Internacional de Energia Atómica anunciou ter ficado sem acesso aos dados de Zaporíjia. Isto depois de já ter tornado público durante a tarde que também havia dificuldades com a central de Chernobyl;
  • O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres condenou o ataque à maternidade em Mariupol classificando-o de “horrível”. “Os civis estão a pagar um preço elevado por uma guerra que não tem nada a ver com eles. Esta violência sem sentido tem de parar”, escreveu no Twitter;
  • Zelensky voltou a falar sobre o ataque à maternidade, considerando-o um “genocídio” e dirigindo-se aos europeus: “Vocês não são capazes de dizer que não viram o que aconteceu com os ucranianos, o que aconteceu com os moradores de Mariupol. Vocês viram, vocês sabem.”
  • A UNICEF avançou que mais de um milhão de crianças já saíram da Ucrânia desde o início da invasão Russa;
  • O autarca de Mariupol avançou que mais de 1.200 civis já foram mortos nos nove dias de cerco à região;
  • A nível internacional o FMI aprovou um financiamento de emergência de 1,4 mil milhões de dólares à Ucrânia para ajudar no combate contra a Rússia;
  • Em Portugal, a Embaixada russa falou pela primeira vez desde o início da invasão na Ucrânia pedindo aos portugueses para não confiar “na propaganda ocidental estilo Goebbels” e rejeitando a ocupação do território ucraniano pelos russos: “A verdade é completamente diferente”. Escreve a Embaixada no Facebook que são as forças armadas da Ucrânia — apoiado por grupos “neonazis” — quem está a cometer “crimes contra a humanidade e violações do direito internacional”.

O que aconteceu esta manhã?

  • A União Europeia fez saber que vai avançar com novas sanções à Rússia e algumas medidas já foram conhecidas e passarão por restrições de viagens e bens congelados para cerca de 100 personalidades russas. Serão também banidos três bancos bielorrussos do SWIFT;
  • A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiro russo, Maria Zakharova, deu uma conferência de imprensa onde disse que a presença de laboratórios biológicos na Ucrânia sob a liderança norte-americana “muda completamente o papel de Washington” e é “um instrumento de ameaça direta à Rússia”. Acusou mesmo os EUA de estarem a fazer um programa de “armamento biológico” na Ucrânia e voltou a avisar o Ocidente sobre o risco de enviarem ajuda militar àquele país;
  • Na mesma conferência de imprensa, Maria Zakharova repetiu que a intenção da Rússia não é derrubar o Governo da Ucrânia, mas sim “desmilitarizar” aquele país;
  • Entre as 7h e as 19h de Portugal Continental houve um cessar-fogo em vigor — confirmado durante a manhã de quarta-feira por ambas as partes — para que fosse possível retirar pessoas de algumas das cidades mais afetadas neste conflito. São seis os corredores humanitários cobertos pelo cessar-fogo: Mariupol para Zaporíjia; de Energodar para Zarporíjia; de Sumy para Poltava; de Izyum para Lozova; de Volnovakha para Pokrovsk e de várias cidades nos arredores de Kiev, como Vorzel, Borodyanka, Bucha, Irpin e Hostomel para a capital;
  • O britânico The Guardian cita o presidente da câmara de Sumy, Oleksandr Lysenko, a afirmar que os corredores humanitários já começaram a funcionar naquela localidade, conduzindo as pessoas em direção a Poltava;

*Artigo atualizado às 11h03 com os últimos acontecimentos desta manhã.