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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 24.º dia do conflito na Ucrânia?

Este artigo tem mais de 2 anos

Zelensky pediu a Moscovo negociações céleres e justas. Rússia afirma ter usado um míssil hipersónico pela primeira vez. Pelo menos 40 militares morreram em Mykolaiv, onde continuam os ataques aéreos.

epaselect epa09834418 Ukrainian rescuers clean the debris of a shelled building in Kharkiv, Ukraine, 18 March 2022. One person was killed and another one was trapped under rubble. Russian troops entered Ukraine on 24 February resulting in fighting and destruction in the country, and triggering a series of announcements by Western countries to impose severe economic sanctions on Russia.  EPA/VASYL ZHLOBSKY
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A guerra na Ucrânia provocou, até ao final desta sexta-feira, pelo menos 847 vítimas mortais, anunciou a ONU

VASYL ZHLOBSKY/EPA

A guerra na Ucrânia provocou, até ao final desta sexta-feira, pelo menos 847 vítimas mortais, anunciou a ONU

VASYL ZHLOBSKY/EPA

A guerra na Ucrânia entrou este sábado no 24.º dia, marcado pela abertura de dez corredores humanitários para a retirada em segurança de civis. Um deles foi em Mariupol, uma cidade que está já militarmente cercada pelas tropas russas e onde a Rússia atacou um teatro na semana passada — dos destroços já foram retiradas mais de 130 pessoas, muitas “gravemente feridas”, segundo o presidente ucraniano.

Mariupol é uma das cidades que está cercada pelas forças russas e foi por causa disso que, na noite de sexta-feira, a Ucrânia anunciou ter perdido “temporariamente” o acesso ao Mar de Azov, um ponto estratégico. Mas também em Chernihiv, Sumy e Kharkiv há uma forte presença das forças de Moscovo. Este sábado fica também marcado por uma revelação do Ministério da Defesa da Rússia, que assegura ter usado um míssil hipersónico “Kinzhal” na Ucrânia pela primeira vez.

Atualizado pela última vez a 19 de março de manhã

Fica aqui um ponto de situação. Pode também seguir os desenvolvimentos, minuto a minuto, no liveblog do Observador, e os que estão também a ser contados pelos enviados do Observador à Ucrânia, Pedro Jorge Castro e João Porfírio.

O que se passou durante a noite?

  • Mais de dois milhões de ucranianos (2.057.114) fugiram para a vizinha Polónia desde que a invasão começou, anunciou a guarda fronteiriça polaca através do Twitter.
  • O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, partilhou no Twitter uma fotografia aérea que mostra as ruínas do teatro Drama de Mariupol, destruído esta quarta-feira na sequência de um ataque russo, questionando como é que certas empresas estrangeiras conseguem continuar a colaborar com a Rússia.
  • O ataque em Mykolaiv, cidade estratégica no sul da Ucrânia, aconteceu depois de um período de relativa calma que parece ter chegado ao fim. Os bombardeamentos continuaram ao longo deste sábado. O governador da região, Vitaly Kim, disse nas redes sociais que não tem sido possível alertar os cidadãos previamente, porque “os alertas dos bombardeamentos têm chegado ao mesmo tempo” que os ataques.
  • Na sua mais recente atualização sobre o conflito, o Ministério da Defesa do Reino Unido disse que a Rússia tem sido incapaz de ganhar controlo do espaço aéreo ucraniano, um dos seus principais objetivos no início da invasão. A situação tem provocado um atraso no progresso operacional russo, disse o ministério britânico.
  • A UNICEF estima que o conflito na Ucrânia fez mais de 1,7 milhões de crianças refugiadas. Em comunicado, a agência das Nações Unidas apelou aos governos locais que adotem medidas para protegerem os menores, que correm um risco acrescido. “Quando as crianças são separadas dos pais ou cuidadores, o risco de exploração, tráfico, abuso ou de serem forçadas a trabalho infantil é alto”, disse um porta-voz à Al Jazeera.

O que se passou durante a tarde?

  • Pelo menos 40 soldados terão morrido no ataque ao quartel em Mykolaiv, na noite de sexta-feira. A estimativa foi avançada ao The New York Times por um oficial ucraniano. As operações de salvamento e resgate continuam. Na altura do bombardeamento, estavam cerca de 200 soldados no quartel. Nenhum dos números foi confirmado oficialmente.
  • Milhares de civis terão sido forçados pelo exército invasor a abandonar a cidade de Mariupol rumo à Rússia, avançou o The Kyiv Independent com base numa denúncia feita pela autarquia. Uma vez naquele país, os habitantes da cidade terão alegadamente sido levados para campos, onde lhes terão sido inspecionados documentos e telemóveis, disse a Câmara Municipal de Mariupol através da conta oficial no Telegram.
  • Apesar das dificuldades na retirada de civis das cidades sob ataque russo, foram deslocadas mais de seis mil pessoas através de corredores humanitários, anunciou o governo da Ucrânia. Das 6.623 pessoas retiradas, 4.128 estavam em Mariupol, onde ao início da tarde o corredor estava a funcionar apenas parcialmente, disse a vice-primeira-ministra ucraniana. Não foram registados problemas relacionados com os corredores humanitários nas regiões de Kiev e Kuhansk, adiantou Iryna Vereschuk.
  • Uma petição lançada online a 14 de março para reunir apoio público “massivo” à criação de um novo tribunal internacional para investigar e julgar Putin e todos os que ajudaram a planear a invasão da Ucrânia reuniu, até à tarde deste sábado, mais de 795 mil assinaturas. Entre os subscritores contam-se os ex-primeiros-ministros britânicos Gordon Brown e John Major, de acordo com a BBC e The Guardian.
  • A Turquia disse que Vladimir Putin considera que não estão reunidas as condições para negociar diretamente com Zelensky. Segundo o conselheiro-chefe e porta-voz do Presidente turco, Recep Erdogan, Putin acha “que as posições dos líderes ainda não estão próximas o suficiente”, disse, citado pelo The New York Times.
  • A China considerou que as sanções contra a Rússia são cada vez mais “ultrajantes” e que os oligarcas russos estão a ser privados dos seus bens “sem razão aparente”. As declarações foram feitas pelo vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Le Yucheng, à margem de um fórum de segurança em Pequim. Yucheng defendeu ainda que as sanções “não resolvem problemas” e que apenas dificultam a vida dos cidadãos comuns.
  • A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou a publicação de uma norma sobre a vacinação de cidadãos estrangeiros em contexto de proteção temporária, assumindo que esta é uma das prioridades da Saúde no acolhimento de refugiados em Portugal. De acordo com a nota emitida esta sábado, foram definidas prioridades de vacinação contra o sarampo e contra a poliomielite” e emitidas recomendações no que diz respeito à vacinação contra tuberculose, Covid-19 e gripe sazonal.
  • O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACDH) anunciou que a guerra na Ucrânia provocou, até ao final desta sexta-feira, pelo menos 847 vítimas mortais, 64 das quais crianças, e 1.399 feridos entre a população civil. Os números reais serão mais altos, incluindo entre menores, “especialmente em território controlado pelo Governo” da Ucrânia.
  • Em Kiev, o número de mortos ascende a 228, segundo o divulgado pela autarquia. Este inclui quatro crianças. Os feridos ultrapassam os 900, 16 dos quais menores de idade.
  • O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia divulgou que, desde o início do conflito, morreram 14.400 soldados russos. De acordo com a informação transmitida este sábado à tarde, foram abatidos 95 aviões, 115 helicópteros e 466 tanques inimigos. Foram ainda feitos prisioneiros 562 soldados inimigos, comunicou a vice-primeira-ministra, que garantiu que os militares estão a ser tratados de acordo com as lei humanitária internacional.

O que se passou durante a manhã?

  • Depois dos bombardeamentos na cidade de Mykolaiv, no sul do país, as equipas de resgate procuram sobreviventes no meio dos escombros. No quartel militar em Mykolaiv, que foi atacado na sexta-feira, as equipas dizem que já retiraram dezenas de corpos — pelo menos 50. E que não sabem quantos mais estarão por debaixo dos escombros — 200 militares estariam a descansar nas instalações na altura do ataque. Uma fonte adiantou à BBC que, pelo menos, 57 pessoas estavam a receber tratamento médico em três hospitais. As temperaturas noturnas em Mykolaiv estão abaixo dos 0ºC.
  • A Rússia está a ser acusada de ter raptado uma jornalista ucraniana que estava a cobrir a guerra. A procuradoria-geral ucraniana acusa os serviços secretos russos, FSB, e os militares russos de raptarem a jornalista de um órgão online Hromadske na quinta-feira em Berdyansk, na região de Zaporíjia. 
  • As autoridades ucranianas já detiveram 127 pessoas por sabotagem pró-russa, segundo fontes citadas pela agência de notícias da Ucrânia Unian. O número inclui 14 grupos de infiltrados. Segundo o diretor da administração militar de Kiev, Mykola Zhyrnov, os postos de controlo nas estradas à volta da capital são essenciais para deter esses suspeitos. 
  • As autoridades ucranianas revelaram que 112 crianças já morreram na guerra na Ucrânia. O balanço do dia anterior era de 109 mortes. A Ucrânia acrescenta que 140 crianças ficaram feridas no conflito.
  • A Polónia terá proposto que a União Europeia estabeleça a total proibição de comércio com a Rússia, segundo avança a Reuters, citando um comunicado do primeiro-ministro polaco Mateus Morawiecki.
  • Oleh Ustenko, conselheiro do presidente Zelensky, avisa que a Ucrânia pode não estar em condições de produzir cereais suficientes para responder aos compromissos exteriores este ano. O que pode acontecer, diz, citado pela Sky News, devido à dificuldade de avançar com as campanhas cerealíferas devido à invasão da Rússia.
  • Três cosmonautas russos chegaram à Estação Espacial Internacional, na sexta-feira à noite, com fatos azuis e amarelos, as cores da bandeira da Ucrânia. Questionados sobre o assunto, os cosmonautas não disseram se a escolha teve por detrás alguma mensagem subliminar e avançaram com outra explicação: “Tínhamos acumulado muito material amarelo”.
  • Sergei Lavrov, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, alertou, segundo noticia a Sky News, que o relacionamento com a China vai ficar cada vez mais forte nas circunstâncias atuais. “Esta cooperação vai fortalecer-se, porque numa altura em que o ocidente está a minar de forma descarada as fundições sobre os quais está baseado o sistema internacional”, declarou Lavrov, segundo a Sky News, que cita a agência russa Interfax.
  • O exército russo destruiu quase por completo a fábrica da Azovstal, uma das maiores empresas de laminação de aço da Europa, instalada em Mariupol, no sul da Ucrânia, informou hoje o Ministério do Interior ucraniano.
  • Na madrugada deste sábado, Volodymyr Zelensky publicou um vídeo no Telegram a pedir a Moscovo uma conversação célere e justa. Caso contrário, argumenta, a Rússia enfrentará perdas tão grandes que serão necessárias “várias gerações” a recuperar.
  • A Rússia assegura ter usado um míssil hipersónico “Kinzhal” na Ucrânia pela primeira vez. A revelação foi feita por um porta-voz do ministério da Defesa, que diz que Moscovo destruiu um depósito subterrâneo que, alega, armazenava mísseis e “munições de aviação” que seriam usadas pelas tropas ucranianas. Os mísseis hipersónicos utilizados pela Rússia podem atingir alvos a um alcance superior a 2.000 quilómetros e ultrapassar os sistemas de defesa aérea existentes.
  • A Ucrânia espera abrir, este sábado, dez corredores humanitários para a retirada em segurança de civis, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk. Um deles será na cidade sitiada de Mariupol e o outro na região separatista de Lugansk.
  • Já foram retirados do teatro de Mariupol, que foi atacado na quarta-feira e onde estavam escondidas centenas de civis, mais de 130 pessoas, algumas das quais “gravemente feridas”. Não há informação sobre as mortes, disse. Na sexta-feira, os ataques atingiram o centro de Mariupol.
  • O ministério da Defesa da Ucrânia disse, na noite de sexta-feira, que perdeu “temporariamente” acesso ao Mar de Azov, numa altura em que as forças russas reforçaram a presença na cidade portuária de Mariupol. O ministério não revelou se o acesso já foi, entretanto, restabelecido.
  • A cidade de Zaporíjia, no sul do país, decretou um recolher obrigatório de 38 horas com início às 14h00 deste sábado (hora em Portugal continental). A cidade é um dos pontos de passagem dos civis que fogem de Mariupol.
  • A cidade de Kiev, segundo relatos nas redes sociais, está com elevados níveis de concentração de poluição. De acordo com o Kyiv Independent, os níveis de poluição estão 27,8 vezes acima da média anual de qualidade do ar da Organização Mundial de Saúde.
  • Numa mensagem no Twitter, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, alerta para a crise nas cadeias de abastecimento que esta guerra pode trazer, dizendo que já está a haver interrupções.

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