Gordon Brown e John Major estão entre os assinantes de uma petição que pede a criação de um tribunal internacional semelhante ao de Nuremberga para investigar Vladimir Putin e todos os que ajudaram a planear a invasão da Ucrânia.

A petição lançada online a 14 de março pretende reunir duas mil assinaturas, um apoio público “massivo” ao apelo lançado pelo ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, um dia após o início da invasão. Este sábado à tarde, contava com mais de 795 mil assinaturas, um número que continuava a crescer minuto a minuto.

A 25 de fevereiro, Kuleba defendeu que a Rússia devia ser julgada no Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, nos Países Baixos, pelo ataque iniciado, descrevendo as ações do governo de Vladirmir Putin como violações do Estatuto de Roma, que criou em 1998 o tribunal responsável por julgar crimes contra a humanidade, e defendendo que a Rússia tem de ser responsabilizada pelos seus atos.

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O TPI anunciou a 1 de março  a abertura “o mais depressa possível” de uma investigação a alegados “crimes de guerra” e “crimes contra a humanidade” no conflito na Ucrânia. O procurador-geral do tribunal disse estar “convencido que existe uma base razoável para acreditar que presumíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade têm sido cometidos na Ucrânia” desde 2014, mas existem dúvidas acerca da viabilidade da investigação.

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“Este novo tribunal é a chave para defender não apenas a Ucrânia mas o mundo inteiro de um ataque que é ilegal desde o minuto em que começou”, pode ler-se na petição, que, de acordo com a BBC, já terá sido assinada por 140 académicos, advogados e políticos, incluindo o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown. Segundo o The Guardian, Sir John Major, outro antigo governante do Reino Unido, terá também subscrito a petição.

Em entrevista ao programa da manhã da Radio 4 da BBC, Gordon Brown disse que desde a queda do Muro de Berlim “assumimos que a democracia e o direito irão prevalecer”, mas Putin “está a substituir isso pelo uso da força”.

O antigo governante britânico considerou que o bombardeamento de civis, o incumprimento de cessar-fogos e a “chantagem nuclear” violam a lei internacional. “Se a nossa mensagem não for enviada agora podemos vir a assistir a agressões noutros países que podem permanecer também impunes”, declarou Brown.