A Espanha não irá levar ao Conselho Europeu do final desta semana a proposta de introduzir um teto de 180 euros por MW hora ao preço grossista no mercado ibérico da eletricidade. De acordo com fontes governamentais citada pelo El Pais, essa opção “foi descartada. Não é a medida que estamos a trabalhar nos últimos dias”.

A proposta de retomar um preço máximo já tinha sido defendida no passado pelas autoridades espanholas e foi também colocada em cima da mesa pelo Governo português, tendo o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, revelado na semana passada a existência desta discussão com Espanha. As medidas de combate à crise da energia (e dos preços) foram discutida na cimeira que na sexta-feira passada juntou o primeiro-ministro português com Pedro Sanchez em Roma, que teve como anfitrião Mario Draghi, e na qual participou à distância o primeiro-ministro grego.

Portugal negoceia com Espanha impor teto ao preço da eletricidade no mercado grossista

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Apesar de Espanha ser um dos mais interessados em baixar a pressão sobre os preços da eletricidade, dada a grande exposição das tarifas reguladas para famílias aos preços grossistas da bolsa de eletricidade, as autoridades admitiram que o tema teria poucas hipóteses de passar nas discussões europeias. A Comissão Europeia já se tinha mostrado contra — foi alias por diretiva comunitária que foi eliminado no ano passado o limite de 180 euros às cotações do Mibel (mercado ibérico de eletricidade) — também outros países do centro da Europa, como a Alemanha, estariam contra, de acordo com o El Pais.

Itália parece estar mais inclinada em limitar o preço a que podem vender as centrais que usam o gás natural. Aliás em linha com o que tem sido defendido em Portugal.

A proposta revelada pelo ministro Matos Fernandes estabelecia um teto para o preço de venda da energia que seria aplicado à energia gerada pelas centrais a gás natural, a tecnologia mais cara que tem fixado o preço de toda a eletricidade transacionada em mercado. Esse teto implicaria o pagamento de compensações a estas elétricas no caso de produzirem a preços mais caros que o limite fixado, e que implicaria a criação de um novo défice tarifário.

António Costa tem também defendido a necessidade de desligar o preço de toda a eletricidade do do custo de geração a gás natural — o chamado mercado marginalista. Não é contudo claro neste quadro como limitar o preço da eletricidade gerada a partir do gás natural, sem que isso não condicione todo o mercado.