A Polícia Judiciária (PJ) deteve esta segunda-feira à noite dois militares suspeitos pelo homicídio de Fábio Guerra, o agente da Polícia de Segurança Pública vítima de agressões este sábado à porta discoteca MOME, em Lisboa, e que morreu esta segunda-feira, avançou a CNN Portugal. Em comunicado enviado esta noite às redações, a autoridade avança ainda que deteve também um terceiro homem.

“A Polícia Judiciária, através da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo, em inquérito titulado pelo DIAP de Lisboa, procedeu à identificação e detenção fora de flagrante delito de três homens, portugueses, com 24, 22 e 21 anos de idade, por existirem fortes indícios da prática de crimes de homicídio qualificado e ofensa à integridade física qualificada, que vitimaram cinco agentes da Polícia de Segurança Pública, um dos quais, infelizmente, acabou por falecer, como consequência das agressões sofridas”, escreve a PJ na nota.

Os dois militares vão passar a noite na prisão militar de Tomar e o outro suspeito, um civil, está detido no estabelecimento prisional anexo à PJ, em Lisboa.

De acordo com a agência Lusa, fonte ligada ao processo disse que os agentes da PJ se encontravam em Vale do Zebro, na sede da Escola de Fuzileiros Navais, a efetuar diligências com vista à detenção dos dois militares.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo a PJ, as diligências “permitiram reunir fortes indícios da autoria dos crimes praticados e sustentaram a emissão, pela Autoridade Judiciária competente, de mandados de detenção, fora de flagrante delito”.

“Foram realizadas buscas domiciliárias e não domiciliárias aos três arguidos, incidindo sobre as suas residências, viaturas e unidade militar”, é acrescentado.

Morreu Fábio Guerra, agente da PSP violentamente agredido em Lisboa

Os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial, no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, segundo a PJ, sem adiantar mais pormenores.

“A investigação prossegue com vista à eventual identificação de outros envolvidos e ao cabal esclarecimento dos factos”, referiu.

A CNN Portugal avança ainda que, nos próximos dias, deverão ser detidos mais suspeitos ligado ao incidente.

Fuzileiros dizem que agiram em “legítima defesa”

Esta segunda-feira, o Expresso avançou que os dois fuzileiros se apresentaram na Base do Alfeite depois de terem admitido ter participado nas agressões. De acordo com o jornal, os homens terão dito à Marinha que um grupo lhes fez uma “espera” à porta da discoteca e que, por isso, agiram em “legítima de defesa”.

Os dois militares disseram ainda que um civil terá sido o autor dos pontapés que provocaram as “graves lesões cerebrais”. Esta versão do acontecimento é diferente da que foi avançada pela PSP, que diz que os agentes intervieram numa rixa para a terminar e que acabaram “violentamente agredidos”.

Segundo relatou a PSP, no local encontravam-se “quatro polícias, fora de serviço, que imediatamente intervieram, como era sua obrigação legal”, acabando por ser agredidos violentamente por um dos grupos, formado por cerca de 10 pessoas. Os outros três agentes agredidos tiveram alta hospitalar este domingo.

A Marinha divulgou também no sábado que “dois militares, do regime de contrato, da classe de Fuzileiros, envolveram-se nos confrontos, na via pública, junto de um espaço noturno, “tendo posteriormente informado as respetivas chefias” do sucedido.

O agente Fábio Guerra tinha 26 anos e morreu esta segunda-feira, consequência das graves lesões cerebrais que sofreu na sequências de agressões de que foi alvo à entrada de uma discoteca em Lisboa, na madrugada do último sábado.

Atleta de basquetebol e um polícia com “sentido de missão”. Quem era Fábio Guerra, que morreu após ser agredido por dez pessoas

O incidente que levou à morte do agente Fábio Guerra ocorreu por volta das 6h45. Quatro polícias, incluindo o agente, foram violentamente agredidos por dez agressores. Num primeiro comunicado, a PSP detalhou que os quatro estavam “fora de serviço” mas “imediatamente intervieram, como era sua obrigação legal” quando se depararam com agressões em curso entre várias pessoas, à entrada da discoteca.

Fonte ligada ao processo disse à agência Lusa que agentes da PJ se encontram em Vale do Zebro, sede da Escola de Fuzileiros Navais, a efetuar diligências com vista à detenção dos dois militares.

Este domingo, a CNN Portugal avançava que pelo menos três elementos do grupo de dez agressores já tinham sido identificados pela PJ. De acordo com o órgão de comunicação social, pelo menos dois dos suspeitos pertencerão aos Fuzileiros, corpo de elite das Forças Armadas, e terão ligações a um ginásio de boxe na margem sul do Tejo.