Duas semanas com subidas de preços recorde, seguidas de uma semana com uma descida também recorde, mas aquém da dimensão esperada pelo Governo, a qual se irá seguir mais uma semana de aumentos nunca vistos nos combustíveis rodoviários.

Nas contas que o Ministério das Finanças passou a divulgar semanalmente, com base nos pressupostos seguidos pelas petrolíferas, o gasóleo deve subir 18 cêntimos e a gasolina 6 cêntimos por litro. O gasóleo vai ficar mais caro do que a gasolina, apesar de nova diminuição do imposto petrolífero em 1,3 cêntimos por litro. Esta redução é feita a título de devolução do ganho de cobrança que o Estado terá em cada litro por causa do IVA. As Finanças, manifestam em comunicado, a expetativa de que o aumento do diesel fique limitado a 16,4 cêntimos por litro, por efeito da redução do ISP.

Na gasolina não há variação do imposto, mas a estimativa de aumento anunciada pelo Governo de 6 cêntimos por litro é cerca de metade do que o valor que tem vindo a ser veiculada nos media nos últimos dias. Não seria a primeira vez que as projeções usadas pelas Finanças para aplicar a fórmula de devolução de ganhos do IVA ficam aquém dos aumentos praticados pelas empresas. Também a descida prevista foi maior do que a realizada pelas empresas.

Mesmo com perda fiscal, baixa dos combustíveis ficou aquém da previsão do Governo

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O Governo refere ainda que a baixa de imposto acumulada foi já de 4,7 cêntimos no gasóleo e de 3,7 cêntimos na gasolina, desde outubro passado. Mas basta fazer as contas aos aumentos de preços desde o início da guerra na Ucrânia para ter noção de que estes alívios fiscais pouca diferença fazem para atenuar a escalada. Considerando o aumento já estimado para a próxima segunda-feira, o gasóleo subiu mais de 30 cêntimos por litro e a gasolina metade. Daí que que esta sexta-feira foi também confirmada a extensão do Autovoucher para o mês de abril com o reembolso de 20 euros do consumo feito na bomba de gasolina.

Segundo dados das Finanças, estão inscritos na plataforma Autovoucher quase 2,6 milhões de contribuintes, tendo sido processados reembolsos até agora de 56,6 milhões e euros, dos quais quase 30 milhões de euros se reportam ao período pós invasão da Ucrânia.

A cotação do petróleo e dos produtos refinados tem sido como uma montanha russa por efeito da invasão da Ucrânia e do pára-arranca das sanções contra a Rússia. Esta semana, os preços reagiram a uma contra-sanção anunciada por Vladimir Putin cujo execução e alcance ainda são impossíveis de antecipar: a venda de gás a países inimigos apenas em troca de rublos e não dólares ou euros. O petróleo estava a negociar na casa dos 120 dólares por barril.