André Coelho Lima não se quer pronunciar sobre a candidatura de Luís Montenegro anunciada esta terça-feira. Vice-presidente de Rui Rio, o social-democrata garante que terá uma opinião sobre a sucessão quando souber quem vai de facto entrar na corrida, mas recusa entrar no debate público sobre o próximo líder do PSD.

Numa Vichyssoise especial emitida a partir do Parlamento, e que pôs frente a frente Porfírio Silva e André Coelho Lima, o deputado e ainda vice-presidente do PSD preferiu não seguir o exemplo de Salvador Malheiro e recusou entrar nessas contas — recorde-se que o também vice-presidente do partido e autarca de Ovar falou abertamente sobre as qualidades de Luís Montenegro pouco depois da noite eleitoral.

Candidato Montenegro, êxodo de Costa e futuro do PS

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“Não foi Rui Rio quem perdeu as eleições. Foram Rui Rio e a sua direção nacional, da qual eu faço parte como vice-presidente. É assim que eu vejo a vida. Portanto, como corresponsável, devo estar no recato“, começou por dizer aos microfones do Observador.

“Terei uma opinião quando souber quem são todos os candidatos. O nível de envolvimento que eu tive na direção nacional de Rui Rio, na minha análise das coisas, faz com que eu deva estar ausente deste processo eleitoral.”

Confrontado com o tempo que o partido vai passar neste processo de transição — o próximo líder só estará em plenitude de funções em julho e que o ciclo político, por tradição, só recomeça em setembro, depois do verão — André Coelho Lima recusou visões catastrofistas e prometeu trabalho até ao fim.

“Não vejo de forma nenhuma que o maior partido da oposição esteja desaparecido em combate. O PSD terá eleições em final de maio, o Parlamento começa hoje [terça-feira] em funções, começarão a surgir os temas e começará a surgir o debate. A oposição vai ser feita naturalmente em função das circunstâncias.”

Ainda no plano interno, André Coelho Lima fez votos para que Paulo Mota Pinto possa ter estabilidade como novo líder parlamentar. “Paulo Mota Pinto é um excelente líder da bancada parlamentar, tem um grande prestígio. Espero que a próxima liderança possa assentar estacas”, sublinhou Coelho Lima — ele que chegou a ser apontado com insistência ao cargo.

Salvaguardando que tem de esperar para saber quem são os candidatos a vices da Assembleia da República antes de decidir se vota ou não a favor do nome proposto pelo Chega, e ainda de conhecido o desfecho da votação para Presidente da Assembleia da República, o social-democrata não hesitou a responder afirmativamente quando confrontado com a candidatura de Augusto Santos Silva. “Vou votar nele“.

No debate com Porfírio Silva, Coelho Lima não resistiu em voltar a criticar a forma como António Costa condicionou as escolhas dos novos ministros à construção de vitrina onde estão todos os possíveis candidatos à sua sucessão. “Poderia ter havido uma cautela diferente.”

“Todos aqueles que se discutem como podendo ser putativos sucessores de António Costa estão no Governo. Essa confusão Estado-PS foi elevada a uma dimensão 4.0. Até aqui, esta realidade colocava-se nos degraus inferiores do Estado. Agora estamos a falar das principais funções do Estado. Qualquer um que possa ser sucessor de António Costa está com funções governativas para poder ter esse lastro”, começou por dizer.

O vice-presidente do PSD apontaria ainda diretamente o dedo a Fernando Medina. “Desconheço qual é a competência do novo ministro das Finanças. Nem técnica, nem competência política: de acordo com a avaliação popular de que dela foi feita, a competência fica muito a desejar. E alguém que engordou estruturas na Câmara Municipal de Lisboa não estará fadado para uma área em que se exige precisamente o contrário.”