A rainha Isabel II fez esta terça-feira, 29 de março, a primeira aparição pública em cinco meses — e fê-lo na companhia do príncipe André. Após muita especulação sobre o seu estado de saúde, a monarca fez questão de abandonar o conforto do Castelo de Windsor rumo a Londres para aí prestar homenagem ao duque de Edimburgo, um serviço religioso marcado para as 11h30 e com uma duração de 45 minutos.
Um ano após sentar-se sozinha aquando do funeral do marido de tantos anos, a monarca foi fotografada com lágrimas nos olhos durante a cerimónia em memória do príncipe Filipe.
Prince Andrew seen with Queen on way to Duke of Edinburgh service of thanksgiving https://t.co/newLwe0uL1
— Sky News (@SkyNews) March 29, 2022
Tal como registado pelos fotógrafos presentes, no carro da monarca seguia o duque de York, naquela que foi também a sua primeira aparição pública após ter chegado a acordo com Virginia Giuffre, a mulher que o acusava de abuso sexual quando ainda era menor de idade. Na sequência do escândalo, o príncipe André abandonou as funções públicas em novembro de 2019, no entanto, marcou presença no funeral no pai, em abril de 2021. E se a monarca chegou na companhia do filho, foi também com ele que abandonou a abadia findo o serviço religioso, de braços dados ao duque de York.
Entre os convidados que marcaram presença estiveram vários membros das casas reais europeias, incluindo Felipe VI de Espanha e Letizia, Carlos Gustavo da Suécia e até Margarida da Dinamarca. A cerimónia foi adaptada à presença da rainha dados os mais recentes sustos de saúde: o serviço em memória do príncipe Filipe foi encurtado, para 45 minutos, e a rainha acedeu à abadia por outra entrada que não a principal.
The Duke and Duchess of Cambridge arrive at Westminster Abbey with their children Prince George and Princess Charlotte for a service honouring Prince Philip, who died last yearhttps://t.co/GxsGMtdUDu pic.twitter.com/CWI6YNI5HO
— BBC News (UK) (@BBCNews) March 29, 2022
Conhecida desde logo era a presença dos membros sénior da realeza na cerimónia, incluindo Carlos e Camilla, a princesa Ana e o marido, o vice almirante Timothy Laurence, o príncipe William e Kate, o príncipe Eduardo e a mulher, condessa de Wessex. Tanto a princesa Ana, como a duquesa de Cornualha e a própria monarca escolheram usar a cor verde para a ocasião — o tom é muito provavelmente uma homenagem a Filipe, cuja cor oficial era verde escuro, conhecida como “verde Edimburgo”, usada ao longo dos anos em uniformes e até carruagens. Já Kate optou por um vestido preto com um padrão dominado por bolinhas brancas da designer Alessandra Rich.
Como já esperado e confirmado, os duques de Sussex faltaram à ocasião. Na altura, não foi dado qualquer motivo que justificasse a ausência do príncipe. No entanto, a decisão de ficar nos EUA acontecia depois de Harry ter entrado com um pedido de revisão judicial a propósito de uma decisão do Ministério do Interior britânico, que impedia o duque de Sussex de pagar por proteção policial para si e para a sua família aquando uma visita que planeava fazer em breve ao Reino Unido.
Princess Beatrice appears to well up as Royal Family pays tribute to Prince Philip https://t.co/hXlSkTrqIZ
— The US Sun (@TheSunUS) March 29, 2022
Os elogios ao príncipe Filipe e as flores que assinalam sete décadas de casamento
O serviço desta manhã foi conduzido pelo reverendo David Hoyle, reitor de Westminster Abbey, e contou com elementos da expressa vontade do príncipe Filipe que não puderam ser acomodados aquando do seu funeral, incluindo a interpretação do tema “Guide me, O thou great Redeemer”. Outro desejo expresso do duque de Edimburgo era que os clérigos das propriedades reais de Windsor, Sandringham e Balmoral desempenhassem um papel no serviço funerário, dado o papel ativo do marido da rainha na gestão destas propriedades.
The Queen arrives at thanksgiving service in memory of her husband, Prince Philiphttps://t.co/B5aqbhudKV pic.twitter.com/aiXF4EgXTQ
— BBC News (UK) (@BBCNews) March 29, 2022
Durante a cerimónia desta terça-feira, o reverendo David Conner, reitor de Windsor, dedicou algumas palavras ao duque de Edimburgo, atribuindo-lhe elogios como “coragem, integridade, firmeza e sentido de propósito”. Referiu ainda o “compromisso de uma vida inteira” do príncipe “para tornar este mundo um lugar melhor”, elogiando a sua “enorme capacidade de trabalho”. Conner acrescentou ainda que Filipe “odiaria” ser caracterizado como um “santo de gesso”, sem as “habituais fraquezas e falhas”. “Ele era muito autoconsciente para ser enganado pela bajulação. Era uma daquelas raras pessoas que permaneceram fiéis e guiadas pelo que podemos chamar de bússola espiritual interior”.
Por seu turno, coube a Justin Welby, arcebispo da Cantuária, ficar encarregue de entregar a bênção final, sucedida pelo hino nacional, com os convidados a abandonar a abadia ao som de “The Seafarers”.
Quando o príncipe de Edimburgo morreu, em abril de 2021 aos 99 anos, o funeral sofreu alterações substanciais devido às restrições impostas pela pandemia, sendo inclusivamente limitado a 30 convidados. Sensivelmente um ano depois, a casal real britânica volta a prestar homenagem ao marido de Isabel II — estiveram casados durante 73 anos.
O serviço, segundo o comunicado do palácio, foi um agradecimento à “dedicação do duque de Edimburgo à família, nação e à comunidade”, e pretendeu reconhecer “a importância do seu legado na criação de oportunidades para jovens” e prestar “homenagem” à contribuição que Filipe fez para a vida pública e ao apoio que prestou a mais de 700 organizações de caridade com as quais esteve associado ao longo da vida.
De acordo com o Palácio de Buckingham, a rainha esteve ativamente envolvida nos planos a propósito do serviço de Ação de Graças na Abadia de Westminster, em Londres, tanto que a cerimónia teve em conta muitos dos seus desejos — as flores do memorial são em tons de vermelho, branco e azul e há uma particular incidência de orquídeas, numa alusão ao buquê de casamento da rainha em 1947. E apesar da intensa especulação sobre se a monarca estaria ou não nas cerimónias religiosas, o palácio acabaria por confirmar a sua presença no próprio dia — segundo o The Sun, Isabel II tomou a decisão esta manhã, horas antes de viajar do Castelo de Windsor rumo à capital inglesa.
No início do ano, após contrair o novo coronavírus, Isabel II foi obrigada a adiar compromissos, após dias de preocupações sobre o seu estado de saúde. Já no início de março, a monarca de 95 anos falhou, pela primeira vez, a cerimónia comemorativa da Commonwealth, depois de ter sido aconselhada pelos médicos a descansar, com o palácio a assegurar que a rainha pedira ao filho mais velho, o príncipe Carlos, para a representar na ocasião que ocupou a Abadia de Westminster.