Este é o 35.º dia de guerra na Ucrânia. Esta quarta-feira fica marcada pelos bombardeamentos na cidade de Lysychansk, no leste do país. O governador da região de Lugansk diz que edifícios residenciais foram atingidos e procuram-se agora por sobreviventes.
O Ministério da Defesa britânico continua a dar conta de dificuldades no avanço das forças russas, dizendo que tiveram mesmo de recuar até à Bielorrússia para se reorganizarem e reabastecerem.
Apesar de o Kremlin ter prometido recuar de Chernihiv, o governador da região garante que os ataques continuam, tendo decorrido durante toda a noite, incluindo na cidade de Nizhyn. També em Mariupol não cessam os bombardeamentos, com um ataque ao edifício da Cruz Vermelha, que estava identificado com uma cruz no telhado.
Esta quarta-feira, as forças russas continuam a controlar o leste e o sul da Ucrânia, não tendo, no entanto, avançado ainda para Odessa. No norte do país, o exército russo mantém presença forte em Chernihiv, mas continua a não conseguir avançar sobre Kiev, apesar de várias tentativas. Trostyanets, a segunda cidade ucraniana, que tinha sido conquistada pela Rússia, foi reconquistada.
Aqui fica um ponto de situação para compreender o que aconteceu nas últimas horas. Pode também seguir os desenvolvimentos, minuto a minuto, no liveblog do Observador.
O que aconteceu durante a tarde e a noite?
- A noite ficou marcada pela notícia de que as negociações entre a Rússia e a Ucrânia vão ser retomadas na sexta-feira.
- Esta declaração surge após o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicar que “não houve nada de muito promissor”, nem nenhum “grande avanço” nas negociações com a Ucrânia.
- O presidente russo, Vladimir Putin, diz que só acaba com os bombardeamentos em Mariupol, na Ucrânia, quando os militares daquele país se renderem e depuserem as suas armas.
- As tropas russas estão a começar a retirar-se da central nuclear de Chernobyl. A informação surge depois do Pentágono ter assumido que as tropas estão a relocalizar-se na Ucrânia, o que não significa que estejam a abandonar o país — como o próprio Ministério da Defesa russo já assumiu.
- O porta-voz do Ministério da Defesa russo, o major general Igor Konashenkov, veio dizer que as suas tropas estão a reagrupar-se. “Na primeira etapa da operação militar especial realizada pelas Forças Armadas russas, no território de Donbass se Ucrânia, foi planeado forçar o inimigo a concentrar as suas forças, meios, recursos e equipamentos militares”, que garantiu que o objetivo era fixar as tropas ucranianas nas principais cidades.
- No entanto, Ramzan Kadyrov, o Presidente da República da Chechénia que se encontra na Ucrânia a dar apoio às suas forças, diz que Moscovo não fará concessões na guerra com a Ucrânia.
- Biden e Zelensky falaram ao telefone. A conversa foi sobre o apoio à defesa ucraniana, um novo pacote de sanções reforçadas à Rússia e ajuda financeira e humanitária à Ucrânia, como aliás a Casa Branca já tinha anunciado.
- A Alemanha está disposta a ser um dos países garantes da segurança da Ucrânia, caso o país assuma o estatuto de neutralidade.
- O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que não é um dos seus objetivos retirar Vladimir Putin do poder, ao contrário daquilo que Joe Biden defendera no fim de semana.
- O primeiro-ministro holandês disse que um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia feito com “arma apontada à cabeça” a Kiev e que atente à sua “soberania” e “integridade territorial” não servirá para levantar as sanções impostas a Moscovo por parte da União Europeia.
- O dono do Chelsea, o bilionário russo Roman Abramovich, é considerado um “mediador eficaz” entre a Ucrânia e a Rússia, mesmo estando sujeito no Reino Unido às sanções aplicadas ao país de Putin.
- A 2 de março, quatro caças russos invadiram o espaço aéreo sueco. Uma fonte das Forças Armadas do país nórdico avançou ao canal de televisão TV4 que dois dos quatro aviões estavam equipados com armas nucleares.
- A taxa de aprovação de Vladimir Putin disparou num mês, atingindo máximos de 2017. 69% dos inquiridos acredita que a Rússia segue um bom caminho: uma subida de 17 pontos percentuais face a fevereiro.
O que aconteceu durante a manhã?
- O governador da região de Chernihiv diz que, apesar das promessas do Kremlin, os ataques continuam. “A ‘diminuição da atividade’ na região de Chernihiv ficou demonstrada quando o inimigo efetuou ataques em Nizhyn, incluindo ataques aéreos. Atacaram a noite toda [a cidade de] Chernihiv”, escreveu Viacheslav Chaus no Telegram.
- A cidade russa de Belgorod, junto à fronteira com a Ucrânia, foi palco de explosões na noite de terça-feira. A agência de notícias russa Tass diz que se tratou de um bombardeamento a um acampamento militar russo e que os disparos partiram da Ucrânia.
- Subiu para nove o número de altas patentes russas mortas em combate desde o início da invasão. O coronel Denis Kurilo, que comandava a 200ª Brigada de Fuzileiros Motorizados, morreu a combater perto de Kharkiv, avançou o Ministério da Defesa da Ucrânia.
- A Rússia e A China condenaram as sanções impostas a Moscovo na sequência da invasão da Ucrânia. Depois de um encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, o lado russo emitiu um comunicado em que afirma que “os dois lados referiram a natureza contraproducente das sanções unilaterais ilegais impostas à Rússia pelos Estados Unidos e os seus satélites”.
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- Depois dos aparentes progressos nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia, o Kremlin veio agora dizer que não houve nada “demasiado promissor” ou que possa se considerado como um “avanço” relativamente ao encontro desta terça-feira em Istambul.
- O edifício da Cruz Vermelha em Mariupol foi atingido por ataques russos. O prédio estava devidamente sinalizado com uma cruz pintada no telhado.
- À semelhança do que já fez com outros países, Volodymyr Zelensky dirigiu-se ao parlamento norueguês, a quem disse que a Rússia representa uma ameaça aos “valores comuns” da Noruega e da Ucrânia. Neste discurso, o Presidente ucraniano pediu também que Oslo forneça mais armas a Kiev.
- Em Portugal, o convite para que Zelensky marque presença através de uma vídeo-chamada no Parlamento foi adiado para a próxima conferência de líderes e só voltará a ser discutido nessa altura
O que aconteceu durante a madrugada?
- O governador da região ucraniana de Lugansk, no Donbass, avançou que a cidade de Lysychansk foi bombardeada, tendo sido atingidas zonas residenciais. Os trabalhos de resgate estão em curso, com o número de vítimas ainda por apurar.
- O Ministério da Defesa do Reino Unido diz que as forças russas estão a sofrer “fortes perdas” e foram, por isso, “forçadas a regressar à Bielorrússia e Rússia para se reorganizarem e reabastecerem”. Esta mudança “demonstra as dificuldades que a Rússia está a ter na reorganização das suas unidades em zonas mais avançadas da Ucrânia”.
- O embaixador ucraniano na ONU disse ao Conselho de Segurança que a “desmilitarização da Rússia está em curso”. Sergiy Kyslytsya garantiu que os russos perderam mais de 17 mil efetivos, além de vários equipamentos militares (terrestres e aéreos), o que representa um “golpe sem precedentes para Moscovo”.
- O Presidente ucraniano, Volodymr Zelensky vai falar ao parlamento da Austrália, no seguimento do que tem feito com vários outros países. O discurso está agendado para a próxima quinta-feira por vídeo-chamada.
- A Rússia acusou a Ucrânia de usar viaturas oficiais das Nações Unidas para transportar armas, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU.
- Sergey Lavrov, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo está na China onde se vai reunir com o seu homólogo. O encontro em Tunxi acontece dois dias antes da cimeira UE-China, tida como decisiva para avaliar qual a posição chinesa na guerra da Ucrânia.
- Várias localidades na Ucrânia voltaram a ter acesso à eletricidade no início da semana, segundo o Ministério da Economia da Ucrânia, o que significa que cerca de 150 mil habitantes voltaram a ter energia após reparos feitos por engenheiros.