Há muitos construtores a investir fortemente em veículos autónomos, apostando que esta solução lhes vai abrir novas possibilidades de negócio. Além de facilitar a vida a quem não quer ou gosta de conduzir, os veículos em que a condução deixa de ser responsabilidade do condutor, passando a estar a cargo de um sistema inteligente, destinam-se a equipar frotas de táxis e de modelos partilhados sem ninguém ao volante, de forma a reduzir os custos para o utilizador. Estes carros autónomos estão cada vez mais eficientes e prometem ser mais seguros, o que não implica que deixem de ter que lidar com os agentes da autoridade.
Este caso aconteceu em São Francisco, cidade californiana onde uma frota de Chevrolet Bolt eléctricos está a ser operada pela Cruise. Esta empresa, que nasceu em 2013 da criatividade de um conjunto de especialistas desejosos de construir um sistema autónomo eficaz, acabou por ser adquirida pela General Motors três anos mais tarde, passando então a contar com os bolsos fundos do maior grupo automóvel norte-americano para fazer evoluir a tecnologia. Depois de, durante os anos da pandemia, ter entregue mais de 2 milhões de refeições a pessoas necessitadas, incapazes de se deslocar, a Cruise voltou a concentrar-se no seu objectivo principal, que consiste em prescindir do condutor. E com sucesso, excepto neste caso, em que um dos seus Bolt EV foi mandado parar pela polícia.
De acordo com o que foi relatado – e que é possível ver no vídeo –, o que chamou a atenção da polícia não foi a condução errática do modelo ou o incumprimento das regras de trânsito. Os três polícias que decidiram intervir fizeram-no apenas porque o Bolt EV circulava, já de noite, com as luzes apagadas. E o sistema autónomo da Cruise funcionou correctamente, pois ao dar pela presença do carro da polícia, rapidamente encostou, parando em segunda fila.
Os agentes da autoridade aproximaram-se do carro da Cruise e não havia ninguém a bordo, condutor ou passageiros, o que, provavelmente, seria uma estreia até para os polícias de São Francisco, onde a Cruise testa habitualmente. O mais curioso aconteceu a seguir, quando os polícias parecem discutir entre si como proceder neste caso. Afastaram-se ligeiramente do veículo, o que levou o sistema autónomo a proceder (erradamente) como alguns condutores de carne e osso. O Bolt arrancou, aparentemente fugindo à polícia. Os agentes terão ficado estupefactos, tranquilizando-se somente quando viram o Chevrolet parar um pouco mais à frente.
A Cruise esclareceu depois que o Bolt EV não fugiu à polícia, tendo apenas se deslocado para uma zona mais segura e afastada do cruzamento. Mas a confusão irá certamente sensibilizar os responsáveis de projectos como este para a necessidade de criar uma forma de comunicar com o exterior, sejam eles polícias, condutores que intervenham em acidentes envolvendo veículos autónomos e peões ou ciclistas atropelados. Um sistema de processamento de voz, ou um ecrã claramente visível, poderia evitar confusões ou interpretações dúbias em relação às reacções e acções do modelo autónomo.
Veja aqui como o sistema da Cruise funciona em condições normais:
