O ministro da Defesa de Moçambique disse nesta terça-feira que a situação em Cabo Delgado, província atingida por uma insurgência armada há quatros anos e meio, está “muito mais estável”, referindo que a “maior preocupação” é agora o regresso da população às zonas de origem, já seguras.
“De um modo geral, a situação está muito mais estável que no mês passado” ou outros períodos anteriores do conflito, disse Cristóvão Chume.
O governante falava, em Maputo, à margem de um encontro com o vice-ministro da Defesa do Maláui, Harry Mkandawir, que está de visita a Moçambique.
Segundo o ministro da Defesa moçambicano, a situação em Cabo Delgado está “cada dia melhor”, estando em progressão a ocupação, pelos militares, das regiões onde se encontravam os insurgentes.
“O epicentro das nossas operações deslocou-se de Palma e Mocímboa da Praia para Macomia e Nangade”, destacou, referindo que decorrem operações de “limpeza”, numa alusão à triagem da população.
“A maior preocupação neste momento é o regresso da população”, disse Cristóvão Chume, acrescentando que tem de se criar estabilidade na área de operações para garantir que os regressados tenham “o sossego necessário” para “reconstruir as suas casas”.
A delegação do Maláui chegou a Moçambique na segunda-feira para uma visita que deverá decorrer até sexta-feira, numa altura em que o país integra a missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que apoia as tropas moçambicanas em Cabo Delgado.
No encontro, os governantes discutiram a cooperação bilateral na área da Defesa, além da possibilidade de troca de informações privilegiadas para garantir que o terrorismo não se expanda para outros países da região.
“Qualquer problema que ocorra em Moçambique será um problema para o Maláui, nós precisamos um do outro”, disse Harry Mkandawir, vice-ministro da Defesa do Maláui, acrescentando: “Estivemos a debater como podemos viver em paz”.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.