O Citizen Lab, uma organização da Universidade de Toronto especializada em monitorização de cibersegurança, suspeita que o gabinete de Boris Johnson e do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido tenha sido alvo de “múltiplas” infeções com o spyware Pegasus, que permite aceder a mensagens, fotografias, contactos e até a conversas do utilizador.

“Confirmamos que em 2020 e 2021 observámos e notificámos o governo do Reino Unido de múltiplos casos suspeitos de infeções com o spyware Pegasus nas redes oficiais do Reino Unido”, revelou, num comunicado citado pelo The Guardian.

Segundo a organização, são suspeitos da autoria dos ataques no gabinete de Johnson clientes da NSO nos Emirados Árabes Unidos, enquanto no Ministério dos Negócios Estrangeiros as suspeitas recaem também sobre a Índia, Chipre e Jordânia.

O software é o mesmo que esteve na ordem do dia quando foi noticiado por um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais que jornalistas, ativistas e dissidentes políticos terão sido espiados — precisamente, através deste Pegasus. O software foi desenvolvido pela empresa israelita NSO Group, que rejeita as acusações do Citizen Lab quanto aos alegados ataques aos gabinetes do Reino Unido.

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Jornalistas, ativistas e políticos de todo o mundo espiados com ‘spyware’ israelita

Em reação, a NSO diz que as alegações são “falsas” e “não podem ser relacionadas com produtos” da empresa. E defende que “continua a ser o alvo de várias organizações” com “motivações políticas, como o Citizen Lab e a Amnistia [Internacional]”, que acusa de produzirem “relatórios imprecisos e não fundamentados, baseados em informação vaga e incompleta”. Além disso, assegura que está a cooperar com as investigações governamentais.

O Citizen Lab, constituído por especialistas na deteção de ataques digitais, diz que não conseguiu identificar os alvos dentro do Downing Street e do ministério dos Negócios Estrangeiros que terão sido atacados, pelo que todos os elementos dos dois gabinetes governamentais tiveram de ser avisados.

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