Desde o início da invasão à Ucrânia, vários oligarcas russos foram encontrados mortos nas suas casas em circunstâncias envoltas em mistério. Tudo parece apontar para que os multimilionários se tenham suicidado, mas as provas não são conclusivas. O facto de ocuparem altos cargos no Kremlin ou em empresas públicas tem levantado dúvidas: está a acontecer uma purga patrocinada por Vladimir Putin ou uma estas mortes são uma coincidência?

Num vídeo publicado no canal Mozhem Obyasnit no Telegram, Gennady Gudkov, um ex-membro dos serviços secretos russos e crítico de Vladimir Putin, disse que o regime russo “está empenhado na eliminação dos seus oponentes e inimigos” para não “ter de lidar com os considerados traidores”. “Algumas [destas mortes] são atos de vingança”, salientou, avisando que para o Kremlin é “importante prevenir que muitos ‘ratos’ escapem do navio, porque esses ‘ratos’ sabem demasiado e podem começar a falar”.

A primeira morte aconteceu um dia depois da invasão, ou seja, 25 de fevereiro. Alexander Tyulyakov, o diretor-geral do Centro Unificado da Gazprom para a Segurança Cooperativa, foi encontrado morto na garagem de uma casa de campo nos arredores de São Petersburgo. De acordo com o jornal russo Nova Gazeta, que denunciou o caso, o corpo foi descoberto pela ex-mulher do homem de 61 anos.

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A segunda morte ocorreu no Reino Unido, a 28 de fevereiro. Nascido na Ucrânia e com nacionalidade russa, Mikhail Watford foi encontrado sem vida na localidade de Surrey, enforcado na garagem de sua casa. As autoridades britânicas estão agora a investigar o caso. Nascido em 1955, o magnata que amealhou uma vasta fortuna através de negócios relacionados com o setor energético tinha-se mudado para os subúrbios de Londres no início dos anos 2000. 

A terceira morte teve lugar no final de março e apresentou contornos ainda mais sombrios. Vasily Melnikov foi encontrado morto em casa — tal como a sua família — no seu apartamento na cidade russa de Nizhny Novgorod. Com um cargo da direção na empresa médica MedStom, o magnata terá esfaqueado até à morte a mulher de 41 anos e os filhos de quatro e dez anos. Depois, suicidou-se, podendo o motivo para tais atos estar nas consequências que as sanções económicas do Ocidente infligiram à empresa.

A quarta morte teve um contexto idêntico. Vladislav Avayev, antigo aliado de Vladimir Putin, foi encontrado morto em casa, em Moscovo, esta segunda-feira. Antigo vice-presidente do terceiro maior banco da Rússia, a mulher e a filha mais nova (de 13 anos) do multimilionário também acabaram por morrer, apresentado ferimentos que resultaram de disparos. Foi a filha mais velha do casal que encontrou os corpos, relatando que o pai tinha uma arma na mão, o que parece apontar para um duplo homicídio seguido de suicídio.

Antigo banqueiro russo aliado de Putin encontrado morto em Moscovo. Mulher e filha também morreram

Ainda esta semana, desta vez em Lloret del Mar, ocorreu mais um episódio semelhante ocorreu. Sergey Protosenya, que possuía vários negócios no setor do gás russo, foi encontrado morto na sua mansão na cidade do sul de Espanha, tal como a mulher e a filha de 18 anos. A polícia espanhola suspeita que o multimilionário as tenha esfaqueado até à morte. Foram descobertas deitadas numa cama, no primeiro andar da casa, cobertas por um lençol, junto a uma faca e um machado. Já o oligarca ter-se-á enforcado.

Oligarca russo e família encontrados mortos em Lloret de Mar