Marine Le Pen voltou este domingo a perder as presidenciais francesas, mas promete manter-se na política: “Esta noite volto a dizer, eu nunca vou abandonar os franceses”. Com as legislativas a menos de dois meses de distância, a candidata da União Nacional garantiu a presença do partido nessa “grande batalha eleitoral” e afirmou: “Vou liderar esta batalha ao lado de Jordan Bardella, com todos aqueles que se opuseram a Emmanuel Macron”.

Não é totalmente claro se Le Pen será, ela própria, a candidata. Bardella, o jovem de 25 anos que é atualmente o presidente do partido e que é também considerado o ‘delfim’ de Le Pen, não foi taxativo, mas apontou nesse sentido. “Penso que ela será candidata às eleições legislativas [pelo círculo eleitoral de] Pas-de-Calais”, comentou, citado pelo Le Fígaro.

Seja quem for o candidato, Le Pen deixou claro que esta ida à segunda volta, em que conseguiu quase 41% dos votos, posiciona a União Nacional como a grande força da oposição, a única capaz de servir de contra-poder a Macron e ao seu partido. “Queremos mudar o sistema, porque o que pudemos ver na campanha de Macron é que ele vai destruir França, vai destruir as suas instituições. Vamos unir todas as pessoas, seja qual for o seu ‘background’, que queriam derrotar Emmanuel Macron. No seguimento desta campanha, vemos que o grande palco político em que operámos está a passar por grandes mudanças, e a elite política de Macron vai ter de enfrentar uma verdadeira oposição”, disse, em jeito de promessa.

Este foi, assim, um discurso de concessão, mas pouco. Com os olhos postos nas legislativas de junho, Le Pen prometeu bons resultados e apelou ao voto. “Votem na União Nacional. Nada está escrito na pedra, podemos mudar a história. O nosso partido está pronto e nós vamos ganhar vários lugares no parlamento, porque nós só seguimos uma ambição: a França”.

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A alternativa, disse, é mais do mesmo: “O mesmo desrespeito que vimos nos últimos cinco anos”, com Emmanuel Macron a “gerar divisão no nosso país, ao invés de unir”.

“Fomos mil vezes enterrados”. Le Pen promete resistir

Nesta terceira derrota presidencial, Le Pen afirmou-se sem “ressentimento ou rancor”, mas, ao mesmo tempo, sublinhou a resistência de um partido cuja morte, disse, foi várias vezes anunciada. “Sepultados, fomos enterrados mil vezes, e mil vezes a história provou que estavam errados aqueles que previam ou esperavam o nosso desaparecimento”, disse, perante uma multidão de apoiantes.

Le Pen lamentou a escolha dos franceses, que as projeções indicam preferir, com 17 pontos de diferença, Macron. “Podíamos ter visto um grande vento de mudança a soprar neste país, mas o povo de França decidiu de outra maneira”. Ainda assim, disse que os resultados representam uma vitória, com “milhões de cidadãos a escolherem votar” na União Nacional.

Para o futuro, Le Pen deixou um alerta aos líderes nacionais e europeus: “Os resultados que obtivemos mostram que os líderes de França e da Europa vão ter de enfrentar uma grande desconfiança das pessoas. Há grandes ventos de mudança a chegar”.