É a avaliação mais completa do risco de extinção dos répteis alguma vez feita. Cientistas examinaram 10.196 espécies de répteis e concluíram que cerca de 21% das mesmas estão em risco de extinção  precisamente 1.829 –, segundo um estudo publicado esta quarta-feira na revista Nature.

É a primeira vez que se faz esta análise no mundo. A das aves foi realizada nos anos noventa do século passado, a dos anfíbios em 2003 e a dos mamíferos em 2008, todavia existia uma grande dúvida sobre o que estava a acontecer com os répteis”, explicou o zoólogo e um dos líderes do estudo, Bruce Young, cita-o o El País.

O vácuo relativamente à situação de ameaça global que estes animais enfrentam, acredita Young, deve-se aos “répteis serem menos carismáticos do que os mamíferos e as aves”, acrescentando que “não há muito amor por cobras”. Esta investigação inédita demorou 15 anos até estar finalizada.

Enquanto o risco de extinção das aves é de 13,6%, o dos mamíferos de 25,4% e o dos anfíbios ascende aos 40,7%, a percentagem das tartarugas e dos crocodilos é bastante superior: 57,9% e 50%, respetivamente. Nesta análise, tiveram em conta os critérios usados pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) na sua lista vermelha.

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Para encontrar o principal predador, basta olhar para um mamífero: o ser humano. Muitas das causas são fruto da atividade humana, desde a desflorestação até à agricultura e pecuária intensivas, passando pela introdução de espécies invasoras. “E no caso das tartarugas e dos crocodilos, a principal ameaça é a caça”, vinca Young.

As alterações climáticas fazem igualmente parte da lista. Por exemplo, as tartarugas são uma das espécies em que a determinação do sexo depende da temperatura: quando os ninhos estão em areias mais quentes há um aumento de crias femininas.

Sobre a distribuição geográfica, 30% dos répteis que vivem em habitats florestais estão em risco de extinção contra os 14% que vivem em habitats áridos.

Apesar de os animais pertencerem a um ecossistema complexo — ou seja, quando são desenvolvidas estratégias para proteger, por exemplo, mamíferos, automaticamente os répteis acabam por tirar proveito das mesmas — os autores alertam que são necessárias medidas específicas, nomeadamente aumentar o número de áreas protegidas.

Os répteis não costumam ser uma inspiração para ações de conservação, mas são criaturas fascinantes e cumprem funções indispensáveis ​​nos ecossistemas do mundo inteiro. Todos nós beneficiamos do seu papel no controlo de pragas e quando servem de alimento para pássaros e para outros animais”, justifica Sean T. O’Brien, presidente da NatureServe.