O secretário-geral da NATO reiterou esta quinta-feira que a Suécia e Finlândia serão “recebidas de braços abertos” caso decidam aderir à Aliança Atlântica e deplorou a “intimidação e ameaças” da Rússia para que os dois países não se juntem à organização.

Numa conferência de imprensa conjunta com a presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, em Bruxelas, antes de participar, pela primeira vez, numa conferência de presidentes da assembleia — que junta os líderes de todas as bancadas políticas europeias -, Jens Stoltenberg reiterou que “cabe à Suécia e Finlândia decidirem se querem candidatar-se, mas se decidirem fazê-lo, serão recebidas de braços abertos na NATO”.

“A Finlândia e a Suécia são os nossos parceiros mais próximos, são democracias fortes e maduras, membros da União Europeia e trabalhamos juntos há muitos, muitos anos. Sabemos que as suas forças armadas cumprem os requisitos da NATO, são interoperacionais com as forças da NATO, treinamos juntos, realizamos exercícios juntos e já trabalhámos juntos em muitas missões e operações”, apontou.

Stoltenberg disse acreditar que um eventual processo de adesão “seja rápido” e que Finlândia e Suécia “possam juntar-se à NATO assim que o processo formal for finalizado”.

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Suécia e Finlândia preparam pedido conjunto de adesão à NATO

“Assim que tomarmos a decisão de os convidar, isso enviará uma mensagem política forte, a de que a segurança de Finlândia e Suécia importa a todos os aliados da NATO. E estou também certo de que conseguiremos encontrar as disposições necessárias para o período intercalar entre a apresentação das candidaturas e a ratificação formal finalizada por todos os 30 parlamentos”, disse, referindo-se às preocupações de Helsínquia e Estocolmo face a eventuais atos agressivos da Rússia caso decidam aderir à Aliança e antes de a adesão se concretizar.

Stoltenberg adiantou que esta quinta-feira ainda tem prevista uma reunião com o presidente finlandês, na qual espera discutir uma potencial candidatura”, mas também a necessidade de arranjar soluções para o período transitório, de modo a que não haja incertezas sobre o direito de Finlândia e Suécia de escolherem o seu próprio caminho”.

“Porque isto é fundamentalmente sobre o direito de cada nação na Europa decidir o seu próprio futuro. Por isso, quando a Rússia tenta ameaçar e intimidar a Finlândia e a Suécia para que não se candidatem, só demonstra como a Rússia não está a respeitar o direito básico de cada nação de escolher o seu próprio caminho”, disse.

“Estamos em diálogo com Finlândia e Suécia, a decisão pertence-lhes, mas se decidirem candidatar-se, serão bem recebidas e espero que o processo seja rápido”, resumiu.

Já este mês, Portugal expressou o seu apoio a uma eventual adesão dos dois países, durante uma reunião de chefes de diplomacia da Aliança Atlântica, em Bruxelas, em 6 de abril.

“Portugal tem uma relação muito próxima, muito amistosa com a Finlândia e a Suécia. São ambos Estado-membros da União Europeia, trabalhamos em estreita ligação com a Finlândia e a Suécia”, disse o ministro.

João Gomes Cravinho salientou que “há um debate interno na Finlândia e na Suécia sobre essa questão e Portugal não quer de forma alguma interferir naquilo que é o debate interno”.

“Mas a proximidade que nós temos com esses países é o suficiente para indicar que nós nunca seremos um obstáculo àquilo que eles decidirem em relação à sua própria segurança”, concluiu.

Segundo a imprensa sueca e finlandesa, o pedido de adesão deverá acontecer no final de maio e será feito em simultâneo. Ainda assim, o processo na Finlândia está mais avançado do que na Suécia.

O parlamento finlandês iniciou em 20 de abril o debate sobre a adesão, depois de a invasão da Ucrânia provocar um aumento do apoio político e da opinião pública à entrada do país na aliança militar. A primeira-ministra social-democrata, Sanna Marin, que lidera uma coligação de centro-esquerda formada por cinco partidos, e o Presidente Sauli Niinisto têm visitado diferentes países membros da NATO, garantindo apoio para uma possível candidatura.

O Governo da Suécia também decidiu rever a sua política de segurança e deverá divulgar o novo plano antes do final de maio. A primeira-ministra, Magdalena Andersson, disse que quer esperar o resultado da revisão antes de tomar qualquer decisão.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, na madrugada de 24 de fevereiro, suscitou preocupações nos dois países nórdicos e revelou-se um ponto de viragem ao levar a Finlândia e a Suécia a considerar um pedido de adesão à Aliança Atlântica, um cenário que levou Moscovo a ameaçar os dois países — com os quais tem fronteiras e que mantiveram até agora uma política de neutralidade militar – com “graves consequências político-militares”.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) é uma aliança de 30 países unidos por um acordo de “defesa coletiva”, cujo artigo 5.º prevê que um ataque a um dos membros seja considerado um ataque a todos.

A adesão à Aliança Atlântica colocará a Suécia e a Finlândia sob a égide do artigo 5º que fornece uma garantia coletiva contra qualquer agressão externa, exigindo que cada nação tome as medidas necessárias, incluindo o uso de forças armadas, para restaurar e manter a segurança da área de todos os países aliados.