Amal Clooney, cofundadora da Fundação Clooney pela Justiça e advogada de direitos humanos, considera que a Ucrânia é “um matadouro” e que a só foi possível chegar a esta situação de guerra por se “ignorar a justiça por demasiado tempo”.

A Ucrânia é, hoje, um matadouro. Em pleno coração da Europa“, afirmou a mulher do ator George Clooney, de acordo com a fundação, numa intervenção na ONU na quarta-feira. A advogada explicou que, embora a resposta internacional à guerra na Ucrânia não tenha precedentes, o mundo e a própria ONU podiam ter realizado mais esforços para prevenir este conflito.

Como é que chegámos a isto?”, perguntou Amal Clonney na reunião. “Acredito que chegámos aqui ao ignorar a justiça por demasiado tempo. Durante tempo demais, observámos enquanto perpetradores de abusos de direitos humanos em massa assassinaram, violaram e torturaram sem que existissem consequências.(…) Os perpetradores cometeram estes crimes acreditando que escapariam e estavam certos.”

Amal Clooney recordou, na reunião, um voto do Concelho de Segurança de 2017 que aprovou uma medida pela qual ela própria lutou — a implementação de uma equipa da Organização das Nações Unidas para recolher, preservar e arquivar provas de possíveis crimes internacionais cometidos pelo auto proclamado Estado Islâmico no Iraque. O problema é que, até agora, não há nenhum tribunal onde o ISIS possa ser julgado.

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A advogada dos direitos humanos considerou que as investigações iniciadas relativas aos crimes cometidos na Ucrânia deveriam ser o início de algo maior, e não o clímax da luta pela justiça das vítimas do conflito, traçando um paralelismo com o genocídio do Estado Islâmico para com o povo Yazidi.

“Durante 11 anos os sírios sofreram de uma brutalidade inabalável”, afirmou. “Foram forçados a ouvir os discursos, em salas como esta, sobre vítimas que mereciam justiça e perpetradores que pagariam o preço, mas continuam à espera. Quando vi a cobertura do massacre de Bucha, lembrei-me do massacre de Houla, na Síria”, continuou Amal Clooney, explicando que, na altura, a ONU reuniu-se de emergência para condenar os assassinatos. Nesse momento, declarou, pensou-se que seria um “ponto de viragem pela responsabilidade” de crimes de guerra. “Mas não foi.”

A mulher do ator George Clooney faz parte da equipa da ONU responsável pela investigação das responsabilidades pelos crimes cometidos na Ucrânia e pediu aos vários governos que tomassem “passos concretos em direção à justiça” da Ucrânia.

A Fundação Clooney pela Justiça destacou uma equipa para os arredores de Kiev e liderará a investigação aos crimes de guerra. Para tal, a equipa procurará reunir os testemunhos de sobreviventes e testemunhas e as análises às provas físicas disponíveis.