“Estou a divertir-me muito, fico feliz todos os dias quando chego ao centro desportivo. Quero mais? Sim. Quero pensar em coisas maiores na próxima época? Sim. Conheço o projeto, tento dar tudo o que posso e amo trabalhar aqui. Acho que merecemos terminar com algo para comemorar, um troféu seria fantástico. Terminar numa posição que nos permita jogar na Europa também é positivo. Amanhã é mais um grande passo”, dizia José Mourinho na antecâmara de mais uma “final” da Roma, neste caso uma que podia mesmo literalmente valer uma final da Conference League mais de 30 anos após a última decisão europeia.

O “Fator X” está sempre presente: Roma de José Mourinho empata em Leicester e está a uma vitória de nova final europeia

“Não há dúvida sobre a empatia criada entre equipa e adeptos. Estamos a competir juntos há mais ou menos dez meses, com momentos bons e outros menos bonitos, para lembrar e esquecer, mas sempre estivemos juntos. Num momento em que os dois últimos jogos da época vão ser disputados no Olímpico, contra Leicester e Veneza, seria bom comemorar essa empatia, que foi criada e permanece além dos resultados”, acrescentou o técnico português a propósito do ambiente que esperava encontrar para a decisão frente ao Leicester depois do empate em Inglaterra a um golo que abria todas as possibilidades para aquela que podia ser também a oitava final europeia da carreira de José Mourinho, primeira nesta prova em ano de estreia.

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Ainda assim, e apesar de ter feito várias mexidas que levaram em grande parte a um nulo no último encontro em casa com o Bolonha, o técnico português admitia que o maior descanso inglês podia fazer a diferença: “Já estive do outro lado. Quando não tens possibilidades de alcançar os objetivos no Campeonato, o foco está na competição europeia. Não é a competição europeia deles, é a Liga Europa, mas é uma maneira de chegar, na próxima temporada, a uma competição europeia. É lógico que eles descansem jogadores, nós não podemos fazê-lo, ainda temos a possibilidade de chegar a uma competição europeia na Liga. Espero que o aspeto emocional possa colocar a equipa num estado de espírito muito elevado”, vaticinou Mourinho.

Sobretudo na primeira parte, esse foi o fator diferenciador que pendeu para os transalpinos, mais agressivos com e sem bola e com outra intencionalidade nas chegadas ao último terço. Depois, fez a diferença a bola parada. E Pellegrini, que já ameaçara antes de livre direto para defesa apertada de Kasper Schmeichel, foi ao lado direito do ataque marcar o canto que deu o único golo da partida ao inevitável Tammy Abraham, de novo o fator diferenciador da Roma para a quarta final europeia noutras tantas provas: vitória frente ao Birmingham na Taça das Cidades com Feira em 1961, derrota com o Liverpool nos penáltis na Taça dos Clubes Campeões Europeus e derrota ainda a duas mãos com o Inter na Taça UEFA em 1991.

“Agradeço aos jogadores por estarem felizes como eu estou hoje. Fiquei emocionado, se uma equipa ganha o primeiro scudetto ou o segundo não importa, é sempre recompensador e uma alegria. Para uma equipa que nunca vence e que alcança a final com dificuldade com o estádio com a lotação máxima é sempre diferente. Estou num momento da minha carreira em que não faço isto por mim, mas pelos meus jogadores e pelo clube, faço-o pelos adeptos, pela alegria dos romanos. Fico emocionado com as emoções dos outros”, comentou o português à DAZN, na zona de entrevistas rápidas após o triunfo com os ingleses.

“Existem diferentes níveis de expectativas, responsabilidades e esperanças. A história da Roma é uma história de sofrimento, o clube não ganhou muitos títulos. O número de finais não está de acordo com o tamanho do clube e isto significa muito para nós. Desde o primeiro dia que tenho um sentimento de família, que é o que somos. Não tivemos uma temporada fantástica, tivemos muitos pontos perdidos, mas é uma vitória em família. O Leicester é uma equipa de qualidade, mas o Rui Patrício não teve trabalho”, frisou.