Uma goleada ao Bodo/Glimt, um polémico empate em Nápoles com muitas queixas da arbitragem, uma derrota sem grande história em Milão frente ao Inter, uma viagem a Inglaterra para defrontar o Leicester. O calendário da Roma era quase um quebra-cabeças entre a defesa do quinto lugar na Serie A (agora um objetivo mais realista, tendo em conta os oito pontos de atraso para a Juventus a quatro jornadas do fim) e a tentativa de entrar na história com a vitória na primeira edição da Conference League e esse era um dos pontos que a equipa transalpina liderado por José Mourinho tentaria contornar, tendo em conta o cenário mais estável dos foxes na Premier League e também o percurso via Liga Europa que foi fazendo.

Meteram-se com Mourinho, ele ligou o rolo compressor: Roma goleia Bodo/Glimt e está nas meias da Conference League

“O Leicester veio para esta prova vindo da Liga Europa, para nós este será o 13.º jogo da Conference League. Pagámos por isso na Serie A ao perder pontos, ao jogar na quinta-feira e depois no domingo. As equipas com 30 jogadores do mesmo nível podem rodar e não perder pontos mas nós não temos isso. A vantagem que o Leicester tem é que não precisa de se preocupar com a posição na Premier League. Já nós temos de nos qualificar para a Liga Europa, já que podemos tanto acabar em quinto como em oitavo. É um momento duro, mas também um momento de muita motivação. Cheguei a várias meias-finais europeias e digo que, independentemente dos nomes e do potencial, é sempre 50-50. Há imenso potencial, mas só o podes atingir com trabalho e há limites que só podem ser superados pelo dinheiro. É essa a diferença objetiva entre a Serie A e a Premier League”, tinha balizado o português antes do encontro.

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“Brendan Rodgers? Divertimo-nos imenso, somos amigos, mesmo que o futebol nos tenha levado para caminhos diferentes. É um bom treinador, com um futuro brilhante. Claudio Ranieri? Somos amigos mas não falámos sobre este jogo. Já disse que muitos treinadores ganharam a Premier League, como Sir Alex Ferguson, Wenger, eu, Klopp ou Guardiola, mas aquela que foi ganha pelo Ranieri foi a mais especial de todas”, acrescentou, neste caso sobre o técnico adepto da Roma e ex-campeão pelos foxes e sobre o treinador do Leicester, que deixou rasgados elogios ao trabalho de Mourinho nos últimos 20 anos.

“Quando comecei a treinar no verão de 2004, o José [Mourinho] estava lá e todos queriam ser como ele. Ele deu aos treinadores a esperança de que podem ter carisma e qualidade. Quando as pessoas me perguntam como ele era nessa altura, eu digo que ele tinha o Fator X. Ele era atento aos detalhes, a sua utilização dos jogadores e compreensão tática davam-lhe uma qualidade especial. Não tenho nada a não ser admiração por ele e, mesmo que nos tenhamos afastado ao longo do tempo, nunca esquecerei o que aprendi com ele”, recordara o treinador norte-irlandês que passou pelas reservas do Chelsea.

Esse “Fator X” voltou a aparecer no momento da verdade. Os ingleses dominaram (muitas vezes de forma consentida) o jogo, tiveram mais posse, chegaram muito mais à baliza dos transalpinos mas a Roma saiu com um empate que deixa tudo adiado para o Olímpico e Mourinho está a um triunfo de mais uma final europeia quase 20 anos após a primeira, depois de ter ganho duas Champions (FC Porto em 2004 e Inter em 2010) e duas Taças UEFA/Liga Europa (FC Porto em 2003 e Manchester United em 2017).

O primeiro tempo ficou muito marcado pelo golo dos romanos, numa grande saída com muito mérito do jovem Zalewski a ver a diagonal de Pellegrini e a assistir o capitão para o remate de pé esquerdo (15′). O Leicester foi tentando chegar ao empate, com Maddison a ser sempre o mais inconformado no conjunto da casa, e conseguiu mesmo o 1-1 na sequência de um cruzamento desviado por Mancini para a própria baliza (67′). E até foi a Roma a ter a melhor oportunidade até ao fim, com Sérgio Oliveira a rematar para a defesa de Kasper Schmeichel depois de uma assistência de calcanhar de Tammy Abraham (80′).