A ministra da Defesa defendeu esta terça-feira que o conflito na Ucrânia trouxe “maior compreensão” pública da Defesa, algo “essencial para a utilização de recursos coletivos” numa área “nem sempre reconhecida em tempos de paz”, e aumentou a sua visibilidade política.

Esta guerra, que vem alterar profundamente o panorama da segurança europeia e internacional, constitui um exemplo paradigmático de como somos convocados a responder em múltiplas frentes, atendendo às capacidades existentes. Por outro lado, permite evidenciar uma nova centralidade das questões de defesa, a qual favorece simultaneamente o seu agendamento político e uma maior compreensão por parte da população”, sustentou a governante.

Helena Carreiras falava na sessão de encerramento do 46.º Curso da Defesa, no Instituto de Defesa Nacional (IDN), em Lisboa, instituição que presidia desde 2019 até tomar posse no atual Governo.

De acordo com a ministra, “esta dupla legitimação, nos planos político e da opinião pública, é essencial para a utilização de recursos coletivos numa área estratégica e cuja importância nem sempre é reconhecida em tempo de paz“.

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“A guerra na Ucrânia veio mostrar, de forma particularmente violenta, algo que os que estudam estas matérias têm repetido vezes sem conta: que não existe segurança, nem liberdade, nem desenvolvimento, sem capacidade de defesa. E não podemos dá-la por adquirida como fizemos durante muito tempo em que não estávamos tão preocupados com as guerras e a guerra”, sublinhou, frisando que a segurança “requer um trabalho firme e constante, muitas vezes invisível”.

Helena Carreiras considerou que para manter as Forças Armadas “disponíveis para um conjunto crescente de missões” é necessário “prestar a devida atenção às questões do recrutamento, retenção e transição dos militares para a vida civil, sobretudo no que se refere ao regime de contrato”.

A ministra argumentou que para ter umas Forças Armadas “à altura” dos compromissos internacionais, é necessária “uma Lei de Programação Militar ajustada às novas necessidades e desafios”.

“Foi com esse objetivo em mente que assinei na semana passada uma diretiva ministerial para a revisão da lei, incluindo, entre outros relevantes objetivos, os de repor a disponibilidade operacional do nosso sistema de forças e de assegurar uma posição de reservas de guerra para níveis compatíveis com o novo cenário geopolítico”, concluiu.

Num discurso momentos antes, a nova diretora do Instituto de Defesa Nacional, professora Isabel Ferreira Nunes, avançou que desde que o curso de Defesa Nacional foi criado até este ano já foram formados 1.935 auditores e auditoras.