Está confirmado aquilo que já se esperava: o Presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, confirmou este domingo que o país se vai candidatar formalmente à adesão à NATO.
Niinistö confirmou a informação numa conferência de imprensa em Helsínquia, ao lado da primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, no dia em que os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO estão reunidos em Berlim para discutir o alargamento da aliança.
“A Finlândia vai candidatar-se à adesão à NATO”, disse Niinistö, acrescentando que a entrada do pais na aliança cria uma “Finlândia protegida” no seio de “uma região Nórdica estável, forte e responsável”.
“Ganhamos segurança, mas também a partilhamos. Temos de ter em mente que a segurança não é um jogo de soma nula”, afirmou ainda o Presidente.
Na conferência de imprensa em Helsínquia, o Presidente finlandês, Sauli Niinistö, classificou este domingo como um “dia histórico” em que a Finlândia “vai maximizar a sua segurança”.
A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, deu mais detalhes sobre o processo que agora se segue.
“Alcançámos hoje uma decisão importante, em cooperação entre o governo e o Presidente da República”, disse Marin.
“Esperemos que o Parlamento confirme a decisão de nos candidatarmos à adesão à NATO nos próximos dias”, acrescentou, salientando que a decisão de aderir à NATO será “baseada num mandato forte”.
“Com o Presidente da República, temos estado em contacto próximo com Estados-membros da NATO e com a própria NATO. Quero agradecer o apoio que temos recebido até agora”, acrescentou.
“Na Finlândia, ainda temos o procedimento parlamentar pela frente, mas acredito que o Parlamento vai debater esta decisão histórica com determinação e responsabilidade”, terminou Marin.
O Presidente finlandês admitiu ainda que “as relações entre a Finlândia e a Rússia vão mudar”, após o anúncio de que o país se vai candidatar formalmente à NATO. “E a Rússia pensa do mesmo modo”, acrescentou, destacando, contudo, que “há questões diárias em que temos de ser capazes de cooperar”.
A Finlândia e a Suécia, dois países nórdicos que devido às suas relações passadas com o Império Russo e a União Soviética, bem como à localização geográfica, optaram por se manter neutrais e não-alinhados ao longo do século XX.
A invasão da Ucrânia por parte da Rússia fez, contudo, mudar a opinião pública naqueles países, sobretudo na Finlândia, que partilha uma fronteira terrestre de mais de 1.300 quilómetros com a Rússia. Naquele país, onde até 2020 só 20% dos finlandeses queriam aderir à NATO, esta percentagem subiu agora para 76% na sequência da guerra na Ucrânia.
Ambos os países consideram que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia alterou o ambiente de segurança em relação àqueles dois países, pelo que a política de neutralidade deixa de ser a mais adequada aos interesses da Finlândia e da Suécia.
Na quinta-feira, a Finlândia anunciou o plano de pedir a adesão à NATO e a Suécia confirmou que vai discutir o assunto esta semana, devendo fazer o mesmo nos próximos dias. A Rússia reagiu dizendo que há o risco de uma guerra nuclear caso a NATO use a Finlândia e a Suécia para colocar armas nucleares perto da fronteira russa.
Dentro da aliança, há um apoio generalizado à adesão dos dois países, embora a Turquia já tenha dito ser contra.
No sábado, Niinistö telefonou diretamente a Vladimir Putin para o informar dessa intenção. O Presidente russo respondeu — e o Kremlin confirmou, mais tarde, em comunicado — que a decisão finlandesa de aderir à NATO vai afetar “negativamente” as relações entre os dois países.
Relativamente à Suécia, o processo também está mais próximo de estar concluído. De acordo com a Reuters, o partido social democrata sueco, atualmente no governo, já decidiu a sua posição oficial sobre o assunto e irá pronunciar-se favoravelmente à adesão da Suécia à NATO — o que abre o caminho para que o país nórdico venha mesmo a romper com a neutralidade que mantém há décadas, tal como inicialmente assinalado pelas autoridades suecas.