A retirada de centenas de soldados ucranianos que estavam na fábrica Azovstal, em Mariupol, desde o início da guerra levantou uma questão: qual o destino de quem se rendeu? A Ucrânia anunciou que ia ser feita uma troca de prisioneiros, enquanto a Rússia dá sinais de ter outro destino para os homens que se mantiveram durante meses na fábrica que estava em território controlado por russos.
No dia da rendição, a vice-ministra ucraniana da Defesa confirmou a retirada de 53 soldados que precisavam de receberem assistência médica e mais 211 soldados que estavam no interior da siderurgia Azovstal. Todos foram transportados para regiões que estão sob domínio das tropas de Vladimir Putin.
Apesar de a governante ucraniana ter dito que o objetivo é haver troca daqueles soldados por prisioneiros russos, a posição do Kremlin é ainda uma incógnita, principalmente depois de um dos deputados envolvidos nas negociações de paz com Kiev ter vindo defender a pena de morte para os soldados retirados da Azovstal.
Se Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, garantiu que os soldados iam ser tratados “de acordo com as normas internacionais”, Leonid Slutsky, presidente interino da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma, num debate na câmara baixa do parlamento russo, contrariou a posição e defendeu que a Rússia deveria “pensar cuidadosamente” em impor a pena capital aos integrantes do batalhão Azov agora retirados da metalúrgica Azovstal.
“Eles não merecem viver depois dos monstruosos crimes contra a humanidade que cometeram e que são cometidos continuamente contra os nossos prisioneiros”, disse, citado pela Reuters.
Já esta terça-feira, soube-se que o Supremo Tribunal Russo vai decidir, a 26 de maio, se o Batalhão Azov será ou não categorizado como uma organização terrorista. De acordo com a agência de notícias Interfax, citada pela BBC, será a justiça russa quem vai “julgar a associação paramilitar nacionalista Azov”, deliberando se esta é ou não “uma organização terrorista”.
Segundo a agência russa RIA, o deputado russo Sultan Khamzaev disse ainda que “todos os nacionalistas devem ser condenados pelos crimes graves que cometeram” e ser submetidos à “prisão perpétua”.
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