Parecia uma sexta-feira normal, uma etapa pouco decisiva e um dia em que João Almeida não ia ganhar nem perder. Mas a desistência de Romain Bardet, que estava no quarto lugar da classificação geral do Giro a dois segundos do português e de Richard Carapaz e a 14 do líder Juan Pedro López, agitou as contas e deixou Almeida ainda mais lançado para carimbar o pódio na Volta a Itália.

“É com tristeza que confirmamos que Romain Bardet abandonou o Giro. Depois de adoecer durante a etapa de ontem, a sua condição piorou durante a noite e, apesar de todos os esforços, já não está em condições de continuar a corrida”, indicou a DSM nas redes sociais, numa curta comunicação que marcou o dia em que Arnaud Démare conquistou a terceira vitória no Giro ao ganhar ao sprint na chegada a Cuneo.

O dia em que Almeida ganhou mesmo sem ganhar: Démare vence etapa, Bardet desiste e português mantém 3.º lugar… com menos um adversário

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Este sábado, 147 quilómetros ligavam Santena e Turim na 14.ª etapa do Giro: uma tirada muito propícia a mexidas na classificação geral, ainda que o foco dos principais candidatos estivesse claramente depositado na etapa deste domingo, e que apresentava várias dificuldades como uma dupla passagem por Superga e Colle della Maddalena e uma aproximação à meta em descida.

Tobias Foss, Diego Rosa e Giulio Ciccone procuraram protagonizar a primeira fuga do dia, ainda que tenham sido rapidamente absorvidos pelo pelotão, e Van der Poel ia liderando mas sempre com uma vantagem muito escassa em relação aos restantes ciclistas. Diego Rosa foi o primeiro a passar na contagem inicial de montanha, em Il Pilonetto e encabeçando um grupo da frente onde também estava Jai Hindley, e nesta altura surgia a notícia de mais um abandono: Tom Dumoulin, da Jumbo e vencedor do Giro em 2017, abandonou a competição com um problema nas costas.

A etapa partiu-se depois da primeira subida e criaram-se três grupos, com os 12 ciclistas que integravam o grupo a fuga, um segundo conjunto a 12 segundos e onde estava Carapaz e um terceiro, a 31 segundos, onde estavam João Almeida, Juan Pedro López e também Mikel Landa. O ciclista português forçou na íngreme subida à Superga, num esforço impressionante tendo em conta os 29 graus que se faziam sentir, e conseguiu alcançar o grupo que liderava a tirada e onde já estavam Carapaz, Nibali, Kelderman, Yates e também López.

João Almeida chegou a perder o contacto com o grupo da frente em duas ocasiões na segunda subida à Superga, recuperando de forma extraordinária por duas vezes — num período em que apareceu um adepto português, com uma bandeira portuguesa na mão, a gritar repetidamente “anda, João! Força, João!”. A cerca de 28 quilómetros da meta, Richard Carapaz lançou um ataque forte não só para a vitória como para a camisola rosa, abrindo uma vantagem de mais de 20 segundos para o grupo do português — com Juan Pedro López a quebrar, a distanciar-se e a ficar a mais de um minuto do equatoriano da Ineos.

A fuga de Richard Carapaz acabou por ser anulada na subida ao Colle della Maddalena, com Jai Hindley, Vincenzo Nibali e Simon Yates a alcançarem o equatoriano, e João Almeida não chegou a conseguir entrar realmente numa luta pelas posições dianteiras onde Pozzovivo ainda se intrometeu. Yates atacou a cerca de quatro quilómetros do fim e acabou por ganhar tranquilamente aquela que foi talvez a melhor etapa do Giro até agora, seguido de Hindley, Carapaz, Nibali e Pozzovivo. João Almeida foi sexto e mantém-se no terceiro lugar da classificação geral mas agora a 30 segundos do líder Carapaz, que roubou a camisola rosa a López, e com Hindley pelo meio.