O ministro das Finanças avisa que “estamos num momento difícil, exigente” e, por isso, “é essencial mantermos a estreita colaboração entre a política orçamental e monetária no espaço da zona euro” – uma declaração feita por Fernando Medina, em Bruxelas, no dia em que a presidente do BCE admitiu que poderá ser necessário subir as taxas de juro de forma mais rápida do que se tem vindo a prever.

Com vista ao “momento difícil” que as economias europeias estão a “viver este ano e que vamos em 2023, seguramente“, Fernando Medina advoga que foi “precisamente graças a essa coordenação entre a política monetária e orçamental que permitiu a excelente resposta ao duríssimo período da pandemia e que vai também ser preciso no próximo ano”.

BCE admite subir taxas de juro de forma mais rápida do que apenas “gradualmente”

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A declaração de Fernando Medina foi feita em Bruxelas, no dia em que o ministro das Finanças participa numa reunião do Eurogrupo onde a candidatura de João Leão à liderança do Mecanismo Europeu de Estabilidade também será terma e irá ter-se “uma discussão ampla e franca sobre o melhor caminho a seguir, com espírito de cooperação e unidade”.

Medina adiantou que “não é expectável que hoje saia uma indicação final sobre a decisão final, até porque não cabe ao Eurogrupo, será tomado no conselho do Mecanismo Europeu de Estabilidade”. Mas irá haver uma discussão sobre as “quatro candidaturas fortes” que existem – a de Leão e mais três –, considerou Fernando Medina, sem revelar quais são os “apoios importantes” com que Leão já conta.

O ex-ministro das Finanças é “uma personalidade apreciada no seio do Eurogrupo, tem uma experiência política muito grande, com resultados, presidiu ao Ecofin durante a Presidência portuguesa, mas há quatro fortes candidatos”, afirmou Medina.

Portugal não necessitaria da flexibilização das regras orçamentais

Sobre a decisão europeia de suspender as regras orçamentais por mais um ano, Medina advogou que “Portugal não necessitaria dessa flexibilização”, embora tenha defendido a decisão. “É uma medida de prudência, de cautela, face a um ambiente macroeconómico instável e incerto em várias dimensões. Ao mesmo tempo, tive ocasião de sublinhar que nós cumprimos já hoje as regras e tencionamos continuar a cumpri-las”, afirmou.

Quanto a Portugal, com um “crescimento significativo e desemprego baixo”, Medina diz que “é antecipável que cumpramos as metas orçamentais e de redução da dívida” e em Bruxelas foi dada, segundo o ministro das Finanças, foi dado um “sinal de confiança relativamente à trajetória que propusemos no OE relativamente ao seu cumprimento e ao seu impacto na economia”.

Sobre os “desequilíbrios macroeconómicos” que foram identificados pela Comissão Europeia, Medina desvaloriza. “Os desequilíbrios macroeconómicos referidos que o Governo tem sido o primeiro a reconhecê-los, eu próprio, o peso da dívida pública, o reforço da produtividade, isso são diagnósticos que o próprio Governo faz sobre a situação portuguesa”, concluiu o ministro das Finanças.