Dmitry Medvedev, ex-Presidente russo e um dos braços-direitos de Putin, rejeitou por completo o plano italiano para pôr fim à guerra na Ucrânia. “Dá a impressão de que a proposta não foi preparada por diplomatas, mas antes por politólogos que só leem jornais provincianos e notícias falsas ucranianas”, atirou, descrevendo-a como um “fluxo de pura imaginação dos grafomaníacos europeus”.

Numa mensagem na sua conta pessoal do Telegram publicada esta segunda-feira, Dmitry Medvedev saudou pelo menos o facto de Itália assumir o estatuto neutral da Ucrânia, mas duvida da entrada do país na União Europeia — que seria “custoso e perigoso”: “Eles sabem que é mentira”. “Por muito que Kiev se console com os sonhos de submegir-se no sonho europeu, não terá nenhuma oportunidade para ingressar na NATO”, atirou ainda.

O aliado de Vladimir Putin acusou também os “loucos governantes polacos” de “estarem prontos para negociar” a permanência de refugiados ucranianos “em troca das regiões ocidentais da Ucrânia”. “Além disso, os loucos Bálticos [Estónia, Letónia e Lituânia] estão a falar da adesão da Ucrânia à UE para aumentar o seu próprio peso político, que está enfraquecido pela crónica diarreia russofóbica.” 

Sobre a possível autonomia da região de Donbass — proposta por Itália — o aliado de Vladimir Putin caracterizou-a como um “delírio evidente e protecionismo barato”. “As repúblicas de Donbass tomarão a decisão definitiva sobre o seu destino e não voltarão atrás”, afirmou.

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No que diz respeito a outro ponto proposto pelas autoridades italianas, que incide sob a Crimeia, Dmitry Medvedev foi bastante claro sobre o regresso do território à Ucrânia, que seria interpretado uma “grosseria clara e uma ameaça à integridade territorial da Rússia”. E dramatizou o discurso sobre o futuro da região: “Seria um motivo para o início de uma guerra de grande escala”, vincando que na Rússia “não existe nem nunca existirá força política que aceita sequer debater o destino da Crimeia”. “Isso seria simplesmente um ato de traição nacional.” 

Acusando as propostas de paz  do Ocidente de serem “estritamente no interesse da NATO e da ordem mundial ocidental”, o aliado do Presidente russo apelou a uma negociação “sóbria” e que reflita “a situação atual”, apontando para o “documento que já foi apresentado pela Rússia” para essa discussão.