O Governo britânico cedeu à pressão política e anunciou esta quinta-feira um imposto extraordinário sobre o setor petrolífero para pagar um novo pacote de ajuda de 15.000 milhões de libras aos britânicos para enfrentar o aumento do custo de vida.
Depois de vários meses a resistir à proposta dos partidos da oposição, o ministro das Finanças, Rishi Sunak, revelou no Parlamento que os lucros das empresas de petróleo e gás vão pagar 25% de imposto “temporariamente” até os preços da energia descerem para “níveis mais normais”.
A invasão da Ucrânia pela Rússia contribuiu em parte para o aumento dos preços dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais, resultando na subida exponencial dos lucros no setor.
O Governo estima que este novo imposto angarie 5.000 milhões de libras (5.900 milhões de euros) nos primeiros 12 meses, o qual será complementado com um benefício fiscal de 90% sobre o valor dos investimentos das mesmas empresas.
Durante uma declaração no Parlamento, Sunak justificou este conjunto de medidas com a necessidade de ajudar os britânicos com o aumento da inflação, que subiu para 9% em abril, o mais alto em 40 anos.
Assim, duplicou para 400 libras (470 euros) o desconto oferecido pelo Governo nas contas da energia doméstica a todas as famílias britânicas no próximo ano, valor que, ao contrário do inicialmente previsto, não terá de ser reembolsado ao Estado.
Oito milhões de famílias com rendimentos baixos vão ainda receber adicionalmente um pagamento único de 650 libras (763 euros), e aposentados e pessoas com deficiência vão beneficiar de mais apoios, revelou Sunak.
Este novo pacote de apoio de 15.000 milhões de libras (18.000 milhões de euros) aumenta para 37.000 milhões de libras (43.500 milhões de euros) desembolsados este ano pelo Executivo para ajudar os britânicos com a crise do aumento de custo de vida.
O regulador de energia Ofgem alertou na terça-feira que o teto do preço da energia deverá aumentar mais de 40% em outubro, o que poderá acrescentar 800 libras (mais de 930 euros) por ano às contas de uma família com um consumo médio.
A ministra ‘sombra’ das Finanças do partido Trabalhista, Rachel Reeves, acusou o Governo por ter demorado a tomar esta decisão.
Hoje parece que o ministro finalmente percebeu os problemas que o país está a enfrentar. Pedimos um imposto sobre os produtores de petróleo e gás pela primeira vez há quase cinco meses atrás para ajudar famílias e aposentados em dificuldade”, recordou.
Sunak explicou que o “apoio fiscal deve ser oportuno, temporário e direcionado”.
“Oportuno porque precisamos de ajudar as pessoas quando o choque é pior, direcionado porque o estímulo ilimitado tornará o problema pior, e temporário porque se não cumprirmos as regras fiscais e garantirmos que as finanças públicas sejam resilientes no longo prazo, criamos riscos ainda maiores sobre a inflação, as taxas de juros e a tendência de crescimento económico”, justificou.
A medida acontece um dia após a publicação de um relatório crítico do primeiro-ministro, Boris Johnson, que detalhou uma série de festas na residência oficial de Downing Street que violaram as restrições da pandemia Covid-19 em 2020 e 2021.