A Tesla impôs-se no mercado automóvel pelo domínio da tecnologia dos veículos eléctricos e também pelo Autopilot, sistema que se assume como um completo dispositivo de ajuda à condução, mas que visa num futuro próximo oferecer a condução completamente autónoma, que a marca tem vindo continuamente a desenvolver com o objectivo de colocar na estrada carros que não precisem de condutor. Esta tecnologia é aquela em que a Tesla mais aposta, com Musk a dizer que 70% do investimento da marca é canalizado para a investigação e desenvolvimento nesta área. O CEO fala de táxis-robô desde 2015, pelo menos, mas essa é uma realidade que ainda parece algo distante e pouco dada a previsões fiáveis. A ponto de ter emendado o discurso e passar a falar em Full Self-Driving (FSD), na realidade a versão mais evoluída do Autopilot da marca. A meta passou a ser ter 1 milhão de veículos com esta tecnologia até final deste ano para, em meados do próximo, esses Tesla poderem prescindir de supervisão humana.

O objectivo foi traçado pelo próprio Elon Musk, durante a sua visita ao Brasil. O empresário declarou aos jornalistas locais que, em 2023, o sistema de condução autónoma da marca permitirá que os Tesla se desloquem sem qualquer necessidade de ter um “condutor” ao volante, pronto a intervir sempre que a situação se torna mais complexa e o veículo não consiga “resolver” sozinho.

Actualmente, a marca tem em circulação cerca de 100.000 veículos equipados com a versão beta (ainda experimental) do FSD que, apesar do nome poder indicar o contrário, requer a presença de alguém atrás do volante, com o sistema a recorrer à inteligência artificial para ir evoluindo. Esses carros circulam nos Estados Unidos da América e no Canadá, tendo Musk aproveitado para destacar a “maturidade” da tecnologia. “Neste momento, a versão beta do FSD pode levá-lo sem qualquer intervenção em toda a área da baía de [São Francisco], de San Jose a Marin, mesmo com um tráfego complexo. É realmente muito sofisticado”, declarou, para depois anunciar que o número de utilizadores do FSD  – clientes que se voluntariaram para testar o sistema nos seus carros, ajudando assim no seu desenvolvimento – deverá crescer muito rapidamente. “Temos mais de 100.000 pessoas a usar o beta, o que não é um número pequeno e vamos aumentá-lo para provavelmente um milhão de pessoas até final do ano.”

De referir que os Tesla equipados com FSD, mesmo que consigam prescindir de condutor, não estão autorizados a fazê-lo, sendo legalmente o “condutor” a ser responsável pela condução (mesmo que não ponha as mãos no volante) e não o veículo. Já o negócio dos táxis autónomos, com que Musk sonha há quase uma década, supõe que o veículo seja o responsável por tudo o que acontece enquanto se desloca, sem qualquer supervisão.

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Contra a corrente, a marca liderada por Elon Musk prescindiu dos LiDAR e confia exclusivamente naquilo que as câmaras “vêem” e na inteligência artificial para fazer evoluir a sua tecnologia de condução autónoma. A Waymo, a divisão que a Google criou justamente para conceber um sistema que prescinda de condutor, é apontada como a mais avançada neste campo, em que vai “trabalhando” com o suporte não só de câmaras, mas também sensores – inclusivamente LiDAR. E já testa sem um condutor a bordo em áreas específicas.

Ainda não há vencedor à vista nesta corrida e o habitual é as previsões relativas à condução 100% autónoma falharem, com derrapagens no cronograma de implementação. Musk tem vindo a ser demasiado optimista, neste ponto em concreto, como o vídeo abaixo explica: