Já há luz verde em Bruxelas para o embargo ao petróleo russo, uma medida que faz parte do sexto pacote de sanções à Rússia e que atinge dois terços das importações europeias à Rússia. A boa nova foi revelada na segunda-feira, primeiramente, pelo Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel: “Acordo para proibir exportação de petróleo russo para a UE. Isto cobre imediatamente mais de 2/3 das importações de petróleo da Rússia, cortando uma enorme fonte de financiamento para a sua máquina de guerra. Máxima pressão na Rússia para acabar a guerra”, escreveu no Twitter.

O Presidente do Conselho Europeu anunciou igualmente mais três “medidas duras” contra o regime russo, em virtude da invasão da Ucrânia pela Rússia a 24 de fevereiro: a retirada do maior banco russo, Sberbank, do sistema Swift, a proibição de transmissão de mais três emissoras estatais russas e a imposição de sanções a indivíduos considerados responsáveis por crimes de guerra na Ucrânia.

Também a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestou o seu contentamento com o acordo alcançado esta segunda-feira, depois de longas e difíceis discussões.

As sanções petrolíferas vão reduzir, efetivamente, em cerca de 90% as importações de petróleo da Rússia para a UE até o final do ano”, lê-se no tweet de Von der Leyen.

Segundo fontes citadas pelo El País, o acordo alcançado no Conselho Europeu, que termina apenas esta terça-feira, concentra-se nas importações de petróleo bruto feito por navios, deixando para mais tarde possíveis restrições à circulação de hidrocarbonetos. O objetivo? Alivia a Hungria, explica o jornal espanhol, mas também países com a mesma situação geográfica e energética, como a República Checa, a Eslováquia e a Áustria. Ou seja, estados sem litoral e com uma grande dependência de combustíveis fósseis russos que chegam precisamente através de oleodutos e gasodutos.

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Este embargo parcial fica longe do objetivo traçado por Von der Leyen a 4 de maio, quando apresentou o sexto pacote de sanções contra a Rússia definido pela Comissão Europeia. “Será uma proibição total de importação de todo o petróleo russo, marítimo e por oleoduto, bruto e refinado”, afirmou então, explicando que tal seria atingido através de uma “eliminação gradual” e “de forma ordenada”. “Para permitir que nós e os nossos parceiros garantam rotas alternativas de abastecimento e para minimizar o impacto nos mercados globais”, explicou.

A Hungria sempre se manifestou contra essa possibilidade – e, esta segunda-feira, o primeiro-ministro, Viktor Orbán assumiu mesmo achar difícil que se chegasse a acordo. Uma postura que marcou a própria presidente da Comissão Europeia, que não se mostrou otimista à chegada ao encontro de Chefes de Estado e de Governo da UE: “Não tenho grandes expectativas de que consigamos resolver [o impasse] nas próximas 48 horas”.

Horas mais tarde, e ainda que de forma mais reduzida do que aquilo que inicialmente pensou, foi a própria von der Leyen que, além de anunciar o embargo parcial, revelou aqueles que considera serem “os quatro pilares” para combater de forma gradual e tão rápido quanto possível a dependência europeia de gás, petróleo e carvão russos: poupança de energia, diversificação dos combustíveis fósseis que não são russos, investimento massivo em energia renovável e financiamento.

O presidente do Conselho Europeu e a presidente da Comissão Europeia anunciaram ainda que, além deste sexto conjunto de sanções, ficou definido que se irá “trabalhar num mecanismo para ajudar a Ucrânia com um novo, excecional pacote de assistência macro-financeira de 9 mil milhões de euros”. “Um apoio forte e concreto para a reconstrução da Ucrânia”, definiu Charles Michel.