A UNICEF e o parlamento ucraniano divulgaram neste que é o Dia da Criança dados relativos ao número de vítimas infantis provocadas pela guerra. De acordo com a agência das Nações Unidas, desde 24 de fevereiro, pelo menos 262 crianças morreram e 415 feridas. Os números são ligeiramente diferentes dos comunicados pela Verkhovna Rada: 243 mortes e 446 feridos — os mesmos dados fornecidos pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no seu discurso noturno.
Em Severodonetsk, a situação permanece complicada. Após o governador de Lugansk ter dito durante a noite do dia anterior que a maior parte da cidade se encontra sob o domínio russo, o Ministério da Defesa britânico confirmou a informação na sua mais recente atualização sobre o conflito. Nas últimas horas, a informação foi reiterada, com a percentagem a aumentar de 70% para 80% relativamente ao controlo russo.
O dia fica ainda marcado com a notícia de que os Estados Unidos vão enviar sistemas avançados de rockets para a Ucrânia de forma a ajudar na defesa contra as tropas russas — até agora, tinham recusado enviar este material.
Pode ver em baixo o ponto da situação da guerra na Ucrânia ou consultar o nosso liveblog, aqui, em constante atualização.
O que aconteceu durante esta tarde e noite:
- Com a região de Donbass no centro do conflito, o governador de Lugansk confirmou, citado pela CNN, que as forças russas controlam atualmente cerca de 80% da cidade de Severodonetsk. Serhiy Hayday garantiu ainda que seis soldados russos foram capturados.
- O senado irlandês qualificou a invasão das tropas de Moscovo à Ucrânia como um “ato de genocídio”.
- Desde o início da guerra, segundo o Presidente da Ucrânia Zelensky, 446 crianças ficaram feridas, 243 morreram e 139 desapareceram. No seu discurso diário, vincou: “Diz-se que a consciência humana não compreende grandes números. Quanto maior o número, mais difícil é para uma pessoa perceber o que está por trás dele. Famílias destruídas. Pequenas personalidades que nem tiveram tempo de ver como é a vida”.
- O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou que haverá uma reunião “nos próximos dias”, em Bruxelas, entre os altos dirigentes finlandeses, suecos e turcos.
- O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, declarou que a Ucrânia deu “garantias” de que não usaria os sistemas de longo alcance fornecidos por Washington “contra alvos localizados em território russo”.
- Cerca de 38.000 ucranianos já pediram a Portugal o regime de proteção temporária, revelou o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes.
- O secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock, alertou que muitas das armas enviadas para a Ucrânia podem eventualmente acabar nas mãos de grupos de crime de organizado que, consequentemente, irão ficar fortalecidos.
- A Hungria travou a adoção do embargo petrolífero e de novas sanções europeias contra Moscovo, para obter a retirada do chefe da Igreja Ortodoxa russa da lista negra da União Europeia.
- O conselheiro do ministério do Interior ucraniano, Viktor Andrusiv, anunciou que Denis Pushilin, aliado da Rússia e líder da autoproclamada república de Donetsk, ficou ferido em Lyman. Na sua conta do Telegram, deu conta de que “a natureza nem a gravidade das lesões” do líder ainda “são claras”. Porém, a Rússia desmentiu esta informação. Em declarações à agência de notícias russa TASS, Denis Pushilin indicou que esteve em Mariupol com o governador de São Petersburgo para “assinar um acordo de geminação”.
- O negociador russo admitiu que a anexação de territórios ucranianos ocupados podem ocorrer no mês de julho, através de referendos defendem que os habitantes “devem poder escolher o seu futuro”.
Negociador russo admite anexação de territórios ucranianos ocupados já em julho
- Segundo o governador da região de Lugansk, Serhiy Haidai, há civis a protegerem-se dos ataques das tropas de Moscovo no interior de uma fábrica de produtos químicos em Severodonetsk. Cenário faz recordar fábrica de Azovstal.
- A decisão dos Estados Unidos de fornecer rockets de maior alcance para a Ucrânia aumenta os riscos de um “terceiro país” ser arrastado para a guerra, vincou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov. “Também há problemas com a exportação de cereais russos. Os navios que transportam cereais russos estão sob sanções”, afirmou também, durante uma visita à Arábia Saudita.
- O governador da região de Lugansk, Serhiy Haidai, revelou a retirada com sucesso de nove civis da área — reformados e pessoas com mobilidade limitada — através de ambulâncias.
- Zelensky acusou Putin de “fraqueza”: “Quando se quer que aconteça alguma coisa à família de um líder de um país, então isso é a uma inabilidade política”. Ucrânia perde 60 a 100 soldados por dia.
Zelensky acusa Putin de “fraqueza” por tentar matá-lo a si e à sua família
O que aconteceu durante a madrugada e início da manhã
- A Rússia avisou que a entrega das novas armas à Ucrânia pelos norte-americanos “reforça o risco” de um confronto militar com o o país liderado por Joe Biden.
- A Alemanha vai enviar para Ucrânia mísseis antiaéreos e sistemas radar, reforçando a entrega de armamento a Kiev numa altura em que o país está a ser alvo de críticas devido à falta de apoio prestado aos ucranianos.
Alemanha vai entregar mais armas à Ucrânia e Rússia testa mísseis
- O Ministério da Defesa russo anunciou ter iniciado testes nucleares na região de Ivanovo, a nordeste de Moscovo, segundo a agência de notícias Interfax.
- Numa mensagem a propósito do Dia da Criança, Vladimir Putin defendeu uma educação patriota. “Vocês [crianças] vivem e crescem num tempo muito dinâmico, quando o mundo está a mudar impetuosamente“, declarou o Presidente da Rússia.
No Dia da Criança, Zelensky recorda que “a Rússia está a roubar a infância dos filhos” da nação
- A maioria das 150 mil pessoas que permanecem na cidade de Mariupol, na região administrativa de Donetsk, continuam a não ter acesso a medicamentos, disse o conselheiro do autarca, Pedro Andriushchenko.
- Pelo menos 269 estabelecimentos de saúde foram danificados ou destruídos na sequência da guerra na Ucrânia, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS).
- A guerra provocou um pico de pedidos de asilo de ucranianos. Os pedidos aumentaram 30 vezes desde o início do conflito, atingindo um novo máximo de quase 83 mil, divulgou a Agência da União Europeia para o Asilo (EUAA).
- Um grupo de 146 fuzileiros portugueses partiu para a Lituânia para reforçar o flanco leste da NATO. Dirigindo-se aos militares que partiram, a ministra da Defesa, Helena Carreira, salientou que a “ilegal e brutal” invasão da Ucrânia gerou um reforço da “solidariedade” entre os aliados.
Fuzileiros portugueses partem para a Lituânia para reforçar o flanco leste da NATO
- O governo britânico confirmou que metade da cidade de Severodonetsk se encontra sob domínio russo. A informação surge um dia depois de o governador de Lugansk ter admitido que grande parte da localidade é controlada pelos russos, embora não se encontre cercada.
- No Telegram, o governador admitiu ainda durante a noite que “a infraestrutura crítica da cidade [Severodonetsk] foi destruída em quase 100% e 90% do parque habitacional foi danificado”.
- Pelo menos 262 crianças morreram e 415 ficaram feridas em ataques perpetrados pelas forças russas na Ucrânia desde o início da invasão, comunicou a UNICEF, quando se assinala o Dia da Criança. Os números são ligeiramente diferentes dos divulgados também esta quarta-feira pelo parlamento ucraniano. De acordo com a Verkhovna Rada, 243 crianças morreram e 446 ficaram feridas.
- Ainda segundo a UNICEF, a guerra provocou também mais de três milhões de crianças deslocadas dentro da Ucrânia e mais de 2,2 milhões em outros países que necessitam de ajuda humanitária.
- Um consórcio composto por advogados ucranianos e estrangeiros está a preparar-se para lançar uma ação legal contra o Estado russo e seus parceiros para compensar as vítimas da guerra na Ucrânia, avançou o The Guardian. A compensação não deve ser inferior a um bilião de dólares.
- Os Estados Unidos da América vão enviar mísseis de maior alcance para a Ucrânia, anunciou o Presidente norte-americano, Joe Biden, num artigo de opinião publicado no The New York Times.
- Josep Borrell garantiu que o envio de armas para a Ucrânia continua a bom ritmo e que pode ser acelerado. “Tudo pode ser aumentado, mas não vejo qualquer problema com o envio de armas para a Ucrânia”, disse esta manhã o chefe da diplomacia europeia, em entrevista à BBC Radio 4. A Ucrânia tem vindo a apelar aos seus aliados para que acelerem o envio de armas acordadas.
- O governo suíço vetou o pedido da Dinamarca para enviar veículos blindados para a Ucrânia. A recusa foi justificada com a política de neutralidade da Suíça.
- O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no seu discurso noturno de terça-feira “estar grato” pelas sanções impostas à Rússia no sexto pacote, garantindo que isto “deixará a Rússia na periferia da economia mundial”. “Não será capaz de se adaptar, ou seja, será derrotada.”