“Há alturas em que não precisamos de muitas palavras, o orgulho é suficiente. Obrigado, rapazes. Foram duas horas de uma felicidade a que já não estamos habituados. Foram, lutaram, perseveraram, ganharam. Porque são ucranianos! Estamos todos a lutar, cada um na sua frente, pelo mesmo. Pela nossa bandeira azul e amarela, que não pode ser silenciada. Lutamos, lutamos, aguentamos e ganhamos”.
Depois da vitória da Ucrânia contra a Escócia, na meia-final do playoff de acesso ao Mundial do Qatar, Volodymyr Zelensky não deixou passar o facto de a seleção ter ficado a um jogo do apuramento e agradeceu aos jogadores e à equipa técnica numa das habituais comunicações diárias que realiza desde o início da invasão russa. Na passada quarta-feira, os três golos de Yarmolenko, Yaremchuk e Dovbyk foram o suficiente para superar o de Callum McGregor — e, este domingo, a Ucrânia precisava de fazer o mesmo contra o País de Gales.
Em Cardiff, com Yaremchuk, Yarmolenko e Zinchenko naturalmente no onze inicial de Oleksandr Petrakov, a Ucrânia defrontava um País de Gales com Bale, Daniel James e Aaron Ramsey. No balneário, porém, os jogadores ucranianos tinham um encorajamento diferente: uma bandeira do país enviada por soldados que estão a combater, algo revelado pelo próprio selecionador. Petrakov, porém, garantia antes do jogo que não existia “pressão acrescida” para garantir o apuramento.
“Não comunico com os soldados mas os meus jogadores escreveram-lhes e receberam uma bandeira, que vai ficar hasteada no balneário. O que se passa na Ucrânia é uma situação muito difícil e nem toda a gente tem a oportunidade de ver futebol. Vamos tentar concentrar-nos e fazer um bom jogo”, explicou o treinador. Em campo, tal como já tinha acontecido contra a Escócia, os jogadores ucranianos voltaram a sair do túnel de acesso ao relvado envoltos em bandeiras do país.
The anthem of #Ukraine at the stadium in #Cardiff! 2022 #FIFA World Cup qualifier begins Ukraine vs #Wales !
Lets the best team win !#football #UkraineWar #UkraineRussiaWar #ruSSia pic.twitter.com/mn777qIlzr
— Kiborgz (@Kiborgzzz) June 5, 2022
No jogo propriamente dito, porém, foi um infortúnio que decidiu tudo. Ainda na primeira parte, pouco depois da meia-hora, um livre cobrado por Bale foi desviado por um cabeceamento de Yarmolenko que traiu Bushchan e ditou o resultado final (34′). A Ucrânia reagiu no segundo tempo, teve muita posse de bola e várias oportunidades para empatar mas não conseguiu evitar a derrota — e o adeus ao sonho do Mundial, onde o País de Gales ocupa a última vaga disponível, no Grupo B e em conjunto com Inglaterra, Irão e Estados Unidos, no regresso dos galeses à competição 64 anos depois.
Os jogadores ucranianos lutaram, aguentaram, perseveraram e foram autênticos heróis. Contudo, nada disso chegou para garantir o passaporte para o Campeonato do Mundo. Algo que em nada invalida o facto de esta Ucrânia, a Ucrânia que entrou em campo para lutar noutra frente enquanto soldados lutam para defender o país, ser já uma das equipas mais importantes da história recente do futebol.
???????????????????????????????? Wales make their #FIFAWorldCup return for the first time since 1958! #WCQ | @Cymru pic.twitter.com/KB1kml4LLK
— FIFA World Cup (@FIFAWorldCup) June 5, 2022