O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, tinha programado uma visita oficial à Sérvia que iria decorrer esta segunda e terça-feira. Mas a deslocação a um dos poucos países na Europa que ainda não cortou laços com Moscovo acabou por não se concretizar. O motivo? A Bulgária, a Macedónia do Norte e o Montenegro — três países da NATO — não permitiram a passagem da aeronave que transportaria o chefe da diplomacia russa.

A notícia foi avançada na imprensa sérvia e foi depois confirmada pelo Kremlin, que já reagiu ao sucedido. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, criticou os países por terem fechado “mais um canal de comunicação” com a Europa. Em entrevista ao canal italiano La7 citada pela agência RIA, a responsável diplomática acusou a União Europeia e a NATO de serem “egoístas” e de “pensarem que estão no centro do mundo”: “Não têm o direito moral de ensinarem nada a ninguém”.

Outra crítica surgiu pela parte de outro membro dos órgãos diplomáticos da Rússia. Citado pela agência Reuters, o responsável lamentou a decisão dos três países e comentou, em tom irónico, que a “diplomacia russa não aprendeu a teletransportar-se.”

Em vez da visita oficial à Sérvia, Sergei Lavrov dará uma conferência de imprensa esta segunda-feira, pelas 11 da manhã (hora de Lisboa), em que abordará os tópicos que seriam discutidos com os dirigentes sérvios e também aproveitará para comentar a decisão das autoridades dos três países da NATO.

A Sérvia tem sido uma das poucas exceções na Europa no que diz respeito à manutenção de laços com a Rússia. Altamente dependente do gás russo e possuindo uma aliança histórica com Moscovo, Belgrado não impôs quaisquer sanções e tem preferido manter uma abordagem discreta ao conflito, apesar de ter condenado a invasão à Ucrânia.

Nas relações com a Rússia, a Bulgária é um Estado-membro da União Europeia, seguindo por isso as diretrizes de Bruxelas sobre o encerramento do espaço aéreo. Já a Macedónia do Norte não permite o sobrevoo de aeronaves russas, enquanto que, no caso do Montenegro, existem algumas restrições na circulação no seu espaço aéreo que impõem uma autorização prévia — que, neste caso, não foi concedida.

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