A falta de condições na frente de batalha levou alguns soldados russos na zona oriental da Ucrânia a lançarem um apelo público nas redes sociais.

De acordo com o The Guardian, dois soldados russos em Donetsk queixaram-se num vídeo publicado online sobre a exaustão provocada pelos longos turnos e a falta de material. “O nosso pessoal tem fome e frio. Durante um período significativo de tempo, não tivemos material, médico ou alimentar”, afirmaram os combatentes, que integram o regimento 113.º de Donetsk.

“Dado a nossa presença contínua e o facto de entre o nosso pessoal existirem pessoas com problemas médicos crónicos e problemas mentais, muitas questões levantadas são ignoradas pelos superiores nos quartéis”, acrescentaram.

Um soldado que lutou em Kharkiv, e que também se encontra atualmente na zona oriental do país, contou ao jornal britânico que chegou a entrar em contacto com um advogado devido às fracas condições na frente de batalha. “Tenho lutado na Ucrânia desde o início da guerra, há mais de três meses. É cansativo. A minha unidade quer um intervalo, mas os nossos líderes dizem que não nos podem substituir”, revelou.

Estes relatos confirmam as informações avançadas pelos serviços de inteligência de países como o Reino Unido e Estados Unidos da América e pelas agências de notícias e jornais internacionais sobre o cansaço e falta de moral entre as tropas russas

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Segundo o The Guardian, o número de vítimas entre os soldados russos tem vindo a aumentar. Os dados mais recentes divulgados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano referem que, desde o início da invasão, a 24 de fevereiro, morreram cerca de 31.360 soldado russos.

De acordo com especialistas em estratégia russa, o exército invasor está bem equipado para campanhas curtas e de grande intensidade, que requerem o uso a artilharia pesada, mas mal desenhado para uma operação de longa duração como a de ocupação da Ucrânia, que implica o posicionamento de muitas forças no território.

“O exército russo não tem os números necessários para se ajustar ou para fazer a rotação das suas forças quando um conjunto substancial de poder de combate fica preso na guerra”, afirmaram Michael Kofman e Rob Lee, num texto de análise sobre as capacidades militares russas.