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Mapa da guerra. O que sabe sobre o 104.º dia do conflito

Este artigo tem mais de 2 anos

O governo britânico informou que que a Rússia esta a preparar um novo ataque contra o eixo norte do território ucraniano. O segundo maior terminal de cereais do país foi destruído pelos russos.

Ukraine Army Digs In To Defend Mykolaiv Against Russian Advance
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Getty Images

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A Ucrânia entrou esta terça-feira no 104.º dia de guerra. Durante as últimas horas, foram divulgadas novas informações sobre os ataques a Mykolaiv na segunda-feira, que provocaram pelo menos um morto e 19 feridos: o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, confirmou no Twitter que o segundo maior terminal de cereais ucraniano, localizado na cidade junto ao Mar Negro, foi destruído. Borrel acusou a Rússia de contribuir para a crise alimentar global.

A crise alimentar foi também o tema do discurso de Charles Michel esta segunda-feira no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O presidente do Conselho Europeu apontou igualmente o dedo a Moscovo, acusando a Rússia de usar os bons alimentares como um “míssil”. As declarações de Michel levaram à saída da sala do embaixador russo, Vassily Nebenzia, e a congratulações por parte do embaixador ucraniano. Obrigado, sr. Presidente. Foi poderoso”, escreveu Sergiy Kylsytsya no Twitter.

Os ataques à cidade de Severodonetsk continuam, confirmou as Forças Armadas e o governador da região. Fonte militar disse à AFP que a situação muda “a cada hora”.

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Mapa atualizado esta terça-feira, 7 de junho

ANA MARTINGO / OBSERVADOR

O que aconteceu durante a tarde e noite

  • Volodymyr Zelensky abordou a preparação do país para “aquele que será o inverno mais difícil de todos os anos de independência”, com o armazenamento de carvão, gás e um aumento da produção de eletricidade. O líder ucraniano explicou que o país não exportará tanto gás como carvão, com todo a produção a ser direcionada para as necessidades internas do país.
  • Dois homens britânicos capturados pelas tropas russas apareceram num tribunal no território sob controlo da autoproclamada República Popular de Donetsk. Os cidadãos são acusados de serem mercenários, embora as famílias afirmem que ambos estavam integrados nas Forças Armadas da Ucrânia.
  • Angela Merkel não sente “qualquer culpa por não ter tentado o suficiente” prevenir o conflito na Ucrânia. Na primeira grande entrevista desde que abandonou o cargo de liderança, a antiga chanceler alemã explicou que tentou prevenir uma situação semelhante à que a Ucrânia vive atualmente e que não se sente culpada pelo sucedido, frisando não existir qualquer justificação para “o desrespeito brutal da Rússia para com a lei internacional“.
  • Os níveis de radiação na região de Chernobyl encontram-se dentro dos níveis considerados normais, sendo que estes valores não eram monitorizados desde o início da invasão. A Agência Internacional da Energia Atómica revelou que os detetores de radiação estão novamente ligados e com os dados a serem transferidos para a agência de energia nuclear da Organização das Nações Unidas.
  • Sergei Haidai, responsável pela Administração Militar Regional de Luhansk, revelou que as tropas ucranianas necessitam de artilharia. Numa publicação no Telegram, o responsável explicou que os resistentes ucranianos “precisam de artilharia de longo alcance para repelir os ataques inimigos, para que o russos não sejam capazes de atingir as cidades”. 
  • O primeiro-ministro, António Costa, alertou para a necessidade de ser dado “todo o apoio” à Ucrânia, mas sublinhou que a Rússia continuará a existir depois da guerra, esperando que este país siga o caminho da Alemanha no pós-Segunda Guerra Mundial. “Quando há guerra, não há escolha. A guerra tem um objetivo muito claro, todo o apoio à Ucrânia e isso implica uma derrota da Rússia, para que pare a guerra e seja restabelecida a paz, mas é sempre preciso pensar que haverá um mundo depois da guerra. Nesse mundo, a Rússia vai continuar a existir”, declarou António Costa.
  • A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, apelou ao mundo, e em especial ao Estados Unidos da América, que não se banalize a invasão russa ao país. “Sim, é longe de vocês, é prolongada no tempo, e podem cansar-se dela, mas por favor, não a banalizem, porque tal acontecer, a guerra não acabará”, realçou a primeira-dama, numa entrevista à ABC News.
  • Esta terça-feira, três pessoas morreram na região Kharkiv e outras seis ficaram feridas em consequência dos bombardeamentos russos, revelou o responsável pela Administração Militar Regional, Oleh Syniehubov.
  • A Ucrânia acusou as forças russas de aprisionar e torturar cerca de 600 pessoas — tanto civis como militares — em caves na região de Kherson. A representante permanente da Presidência da Ucrânia na Crimeia, Tamila Tacheva, revelou no Twitter que as pessoas estão a ser “mantidas em condições inumanas e estão a ser vítimas de tortura”.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, irá deslocar-se à Turquia para discutir o retomar das negociações de paz com a contraparte turca.
  • Dmitry Glukhovsky, o escritor russo de ficção científica famoso pela sua sua série literária “Metro 2033” (igualmente o nome do primeiro livro) foi colocado na lista de pessoas procuradas pelo governo russo. O escritor publicou uma mensagem no Telegram e explicou que é acusado de desacreditar as Forças Armadas russas numa publicação de Instagram.
  • A Rússia anunciou que acusou 12 oficiais que enviaram “erradamente” cerca de 600 recrutas para a guerra na Ucrânia. A notícia foi avançada pela agência estatal de notícias russa TASS, que cita um procurador russo.
  • O Ministério de Defesa da Rússia anunciou a abertura de um corredor terrestre no sudeste dos territórios ocupados na Ucrânia, e que liga a Rússia à Crimeia. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou que tinham sido restaurados 1.200 quilómetros de ferrovias e que tinham sido abertas estradas para permitir o tráfego de pessoas e mercadorias entre os territórios ocupados e a Rússia.
  • Moscovo suspendeu esta terça-feira o acordo com Tóquio que permitia aos pescadores nipónicos trabalharem na região das ilhas Kuril, alegando que o Japão não cumpriu os pagamentos estabelecidos segundo o acordo.

O que aconteceu durante a noite e manhã

  • O parlamento da Rússia aprovou uma proposta para terminar a jurisdição do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos no país.
  • O ministro da Defesa russo disse que Moscovo conseguiu “libertar” 97% de Lugansk, de acordo com a Sky News. A região, que tem como centro administrativo a cidade de Severodonetsk, é neste momento o foco dos esforços de conquista russos. Ao final da manhã, o chefe da administração militar da cidade disse na televisão ucraniana que a situação permanece muito complicada, referiu o The Guardian.
  • Sergei Shoigu informou também hoje que os portos de Mariupol e Berdyansk, no Mar de Azov, ocupados pelas forças russas, estão prontos para retomar as exportações de cereais após ter sido procedida à sua desminagem.
  • O porta-voz do Kremlin afirmou que a Ucrânia tem de destinar os portos para que os barcos possam ser inspecionados antes de seguirem para “águas internacionais”. Fonte oficial disse à Associated Press que as autoridades ucranianas precisarão de cerca de seis meses para limpar o Mar Negro de minas.
  • O ministro da Defesa turco garantiu que a Turquia está empenhado em chegar a um acordo com responsáveis da Rússia e da Ucrânia sobre um plano das ONU que permita retomar a exportação de cereais a partir de portos ucranianos e atrás de um corredor seguro de transporte.
  • A ministra da Agricultura britânica, Victoria Prentis, afirmou que as alegações de roubo de cereais por parte das forças russas na Ucrânia são muito sérias e deviam ser investigadas.
  • Em entrevista ao Financial Times, Volodymyr Zelesnky teceu duras críticas a Emmanuel Macron por ter dito que “não se podia humilhar a Rússia“.
  • A Rússia começou a entregar os corpos dos combatentes mortos na fábrica de aço de Azovstal, informaram as famílias, segundo a Reuters.
  • Os ataques à cidade de Severodonetsk continuam, de acordo com informações divulgadas hoje por Kiev. Fonte militar disse à AFP que a situação muda “a cada hora”. Durante a noite, o autarca afirmou que os combates continuavam de forma “feroz”, depois de durante a manhã ter sido noticiado a reconquista de parte da cidade pelas forças russas.
  • O Ministério da Defesa britânico informou na sua mais recente atualização sobre a guerra na Ucrânia que os recentes ataques perto de Izium sugerem que a Rússia esta a preparar um novo ataque contra o eixo norte do território ucraniano.
  • No mesmo relatório, o Ministério da Defesa avançou que os russos conseguiram fazer avanços na zona sul do país durante o mês de maio, mas que o progresso parou na última semana.
  • Josep Borrell condenou no Twitter a destruição do segundo maior terminal de cereais na Ucrânia, em Mykolaiv. A cidade foi esta segunda feira alvo de ataques da parte das forças russas, que provocaram pelo menos um morto e 19 feridos. Borrell acusou a Rússia de contribuir para a crise alimentar global.
  • O presidente do Conselho Europeu, que participou esta segunda-feira na reunião do Conselho de Segurança da ONU, acusou a Rússia de usar bens alimentares como um “míssil contra os países desenvolvidos” e de provocar uma crise alimentar global. As declarações de Charles Michel levaram à saída do embaixador russo, Vassily Nebenzia, da sala.
  • O discurso de Charles Michel foi elogiado pelo embaixador ucraniano na ONU. “O discurso de hoje do presidente do Conselho Europeu no Conselho de Segurança da ONU fez os enviados e tenentes de Putin saírem literalmente a correr da sala. Obrigado, sr. Presidente. Foi poderoso”, escreveu Sergiy Kylsytsya no Twitter.
  • Volodymyr Zelensky afirmou no seu habitual discurso diário, divulgado na noite desta segunda-feira, que pode haver mais de 2.500 prisioneiros de Azovstal nos territórios de Donetsk e Luhansk. O Presidente ucraniano disse que uma tas force ligada aos serviços de informação do Ministério da Defesa está a liderar as negociações de trocas de prisioneiros entre a Ucrânia e a Rússia.

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