É uma proposta inusitada e que poderá mostrar as intenções da Rússia nos Bálticos. Yevgeny Fedorov, membro do Rússia Unida, partido do Presidente russo Vladimir Putin, apresentou, esta quarta-feira, um projeto lei na câmara baixa do parlamento russo (Duma) com o objetivo de revogar a independência da Lituânia, país que se tornou autónomo da União Soviética em 1990.
De acordo com o canal estatal lituano LRT, o membro da Duma esclarece que a Lituânia não realizou qualquer referendo para se autonomizar da União Soviética e não existiu um período de transição em que tivessem sido discutidos os assuntos relativos à sua independência. Enquanto representante legal da União Soviética, a Rússia tem, por conseguinte, o direito de “regular as relações” que ainda “afetam a situação atual”.
Atualmente, Yevgeny Fedorov aponta que o país báltico não pode ser membro da NATO, já que a aliança militar não permite que “entidades legais em disputa” adiram à organização — estatuto que Moscovo concede à Lituânia.
A Lituânia foi a primeira ex-república soviética a declarar a independência logo em 1990, mas as tropas da URSS tentaram derrubar o governo lituano e apenas saíram oficialmente do país três anos depois.
Esta não é a primeira vez que tal acontece. Em 2015, Yevgeny Fedorov já tinha apresentado um projeto idêntico contra a independência da Lituânia, tendo dito na altura que o reconhecimento havia sido inconstitucional.
Sendo um dos países que mais se tem oposto contra a invasão russa à Ucrânia e fazendo fronteira com a Rússia no enclave de Kaliningrado, a Lituânia descreveu a Rússia como Estado “terrorista” e acusou Moscovo de estar a levar a cabo um genocídio em território ucraniano.